O vício do celular

Data:

Os Smartphones são o principal meio de acesso à Internet e prendem a atenção dos brasileiros

No século XXI, o melhor amigo do homem não late e nem abana o rabo para o dono. Ele nem sequer tem vida própria, mas influencia, e muito, a vida dos seres humanos. O mais novo amigo do homem se chama Smartphone e conecta as pessoas ao redor do mundo com um simples clique ou o deslizar de dedos. O primeiro aparelho inventado, em 1994, não tinha ainda esse nome, mas era um celular que tinha calendário e podia ser usado para tomar notas, enviar e-mails e mensagens. Os de hoje fazem tudo isso e muito mais.

A praticidade dos Smartphones, com programas chamados “aplicativos”, deixou para trás as linhas de telefone fixo. Com eles pagamos contas, enviamos nossa localização, nos desviamos dos engarrafamentos, compramos mantimentos e também nos divertimos enquanto esperamos na fila.  Enfim, não podemos mais abrir mão do aparelho. Aqui no Brasil, o uso é diário e constante. Por meio de uma pesquisa realizada com 52 milhões de usuários de Smartphones de nove países, o Android (sistema operacional desenvolvido pela empresa de tecnologia Google) mostrou que, nós, brasileiros, usamos em média 29 aplicativos diferentes por mês em nossos telefones inteligentes (tradução de Smartphone), enquanto a média mundial é de 27. O MessengerWhatsApp são os mais utilizados, e gastamos cerca de 3 horas e meia do nosso dia olhando para a tela do celular. A previsão é de que até o fim deste ano haverá, no Brasil, um aparelho por habitante (em outubro serão 208 milhões de Smartphones em funcionamento).

 

A síndrome do Pescoço Tecnológico

É uma relação tão frequente que a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que estamos virando a Geração Cabeça-Baixa e chama a atenção para a postura corporal, pois ao curvarmos a cabeça tantas vezes para usar o aparelho, podemos desenvolver dores nas costas, problemas na coluna cervical e outros malefícios para o corpo. O problema é tratado pela OMS como epidemia, e chama a síndrome de Pescoço Tecnológico. Um estudo realizado em 2014, no Centro Médico de Cirurgia Espinhal e Reabilitação de Nova Iorque, mostrou que, ao usar o celular com a cabeça baixa, a maioria das pessoas projeta os ombros para frente. Levando em conta que a cabeça de um adulto pesa entre 5 kg e 8 kg, à medida que a cabeça dobra para frente e para baixo, a pressão sobre a coluna cervical aumenta. A tensão provocada pode causar lesão de algum nervo, hérnias de disco e dores nas costas e no pescoço. Em crianças e jovens, a postura errada pode comprometer o crescimento.

No dia a dia é melhor deixar o aparelho na altura dos olhos, apoiar o braço em uma superfície estável e fazer exercícios de alongamento para aliviar a tensão no pescoço, como o movimento de “sim” e “não” com a cabeça.

O perigo de usar os Smartphones ao volante

Como o aparelho está sempre por perto e ao alcance das mãos, seu manuseio em momentos impróprios pode tornar-se um perigo. No trânsito cada vez mais lento, é comum encontrar motoristas dando uma espiada no telefone ou respondendo mensagens e até postando fotos no Facebook enquanto estão dirigindo. A pé, os mais “conectados” chegam a atravessar ruas e andar pelas calçadas teclando. Especialistas dizem que tirar os olhos da estrada por apenas dois segundos e meio já é o suficiente para aumentar em 400% o risco de provocar um acidente.

Segundo o Seguro DPVAT (Seguro de Danos Pessoais por Veículos Automotores de Via Terrestre), há no Brasil mais de 1,3 milhão de acidentes relacionados ao uso do Smartphone, por ano. Só em São Paulo, por dia, são autuados 320 motoristas por esse motivo.    Em maio de 2016, a multa para quem for pego falando ou manuseando o Smartphone passou para R$293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete centavos), uma infração considerada gravíssima. O DPVAT recomenda não atender o celular ao atravessar a rua. Nesse caso, é melhor esperar, cruzar a rua e procurar um local mais tranquilo.

Estratégia para promover seu negócio

Com a popularidade do Smartphone e seus variados aplicativos, as possibilidades de compra e venda de serviços e produtos também se tornaram muito maiores. Como boa parte do público acessa as redes sociais, as empresas perceberam a importância de se aproximar do consumidor pela Internet. Hoje, nove em cada 10 empresas brasileiras utilizam as redes sociais como estratégia para promover a imagem do negócio. As redes sociais mais usadas pelas empresas são o Facebook, o Instagram, o Linkedin e o Twitter.

Carlos Eduardo Francisco, de 40 anos, sócio de uma hamburgueria artesanal na Zona Norte do Rio, paga uma profissional de comunicação para administrar o perfil da lanchonete nas redes sociais. “A cada promoção lançada no Facebook eu vejo o retorno, vem mais gente à loja e os pedidos por telefone também aumentam”, afirma o empresário, que também vende por um aplicativo exclusivo para compra de comida. “É o meu maior movimento durante a semana”, comenta.

O uso indiscriminado na infância pode ser um problema

O comportamento das crianças com os pais também pode ser influenciado pela forma como os adultos lidam com a tecnologia. Ao interromper momentos “analógicos” de lazer com os filhos, os pais transmitem a mensagem que os seus negócios são mais importantes que a interação com os pequenos e a resposta para chamar a atenção dos pais pode vir em forma de pirraça, hiperatividade e outros distúrbios. A pediatra Andreia Cardoso Fernandes diz que já recebeu crianças em seu consultório se queixando de pais que não abandonavam o celular para dar atenção a elas. “Virou um mal necessário, mas tem de tentar usar de uma forma benéfica, e eu acho que isso não está acontecendo”, diz a médica.

Por outro lado, a exposição precoce e excessiva à Internet e aos jogos de celular também é prejudicial, mas como fazer para que os pequenos não imitem a maioria dos adultos? A pediatra diz que, antes dos dois anos de idade, não é recomendável dar nem tablet e nem celular para a criança, pois causa agitação psicomotora e diminui a capacidade de concentração. Depois disso, vale o controle do tempo de uso.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Já garantiu seu peixe? Semana Santa movimenta pequenos negócios na Maré

Os preços, segundo a pesquisa, devem se manter estáveis. Na Maré, o filé de Tilápia é um dos favoritos e custa em torno de R$36 o quilo, mas a queridinha é a sardinha que custa em média R$10