Academia – o point do verão

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Academia – o point do verão

Hélio Euclides

Acássio Cardoso | Foto: Elisângela Leite

O crescimento da modalidade fitness no País fez o Brasil ocupar o segundo lugar no ranking mundial em números de academias, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e à frente de países como Itália, Coréia do Sul, Alemanha e Canadá. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Esporte, existem mais de 30 mil academias em todo o Brasil e quase oito milhões de alunos, movimentando cerca de oito bilhões de reais por ano.

A preocupação do brasileiro com o corpo e a saúde impulsiona o mercado aeróbico. Na Maré não é diferente. Há inúmeras academias e todas com grande procura. Uma dessas academias é a Fisic & Forma, fundada há 12 anos por Eduardo Patrick. A Academia tem em média 300 alunos, mas nos meses de pico chega a 420. “Dezembro é um mês ruim, o que é compensado por janeiro e fevereiro. Desses novos alunos, 20% têm continuidade. Uns procuram para ficar com um corpo para o carnaval, e só exercitam em janeiro”, detalha Eduardo. Por lá, além de musculação tem bicicleta, dança retrô, stiletto, power jump, step, ginástica localizada e crossfit. “Nesse ramo é necessário inovar sempre. As pessoas procuram muito mais pela saúde que pela estética: desejam diminuir o colesterol, deixarem de ser sedentárias, terem ritmo cardíaco e uma boa resistência aeróbica. Um exemplo é minha mãe, que nunca tinha malhado e começou aos 40 anos. Ela malha todos os dias e é uma pessoa alegre, de bem com a vida, com disposição. Nunca é tarde para a prática do esporte”, afirma Eduardo.

Com 450 alunos, a Invicta Academia, também localizada na Maré, funciona há três anos com musculação, e se destaca pela realização de avaliação funcional computadorizada e física.  “Fazemos o procedimento certo, procuramos ser profissional, como sempre ter um responsável no local. Avaliamos antes para evitar lesões. Outro ponto, é que aqui não pode ser velho e sujo, tem de ter a mesma aparência da Zona Sul”, relata Adriano Bezerra, proprietário. Ele fala que a crise financeira chegou às academias. “A procura aumentou bastante. Em 2016 chegamos a ter 700 alunos, mas no ano passado veio a crise. Hoje são 450 alunos. No frio diminui a frequência. Por outro lado, próximo ao carnaval fica cheio. É a procura do corpo ideal para o evento”.

Jaqueline Rodrigues | Foto: Elisângela Leite

Para Maísa Araújo, de 19 anos, a prática de exercício é uma necessidade: “a médica recomendou malhar para diminuir colesterol, hoje meu corpo pede, tenho de continuar”. Outros procuram para diminuir o peso. É o caso de Acássio Cardoso, de 25 anos: “era gordinho e precisava de condicionamento, sentia arritmia cárdica. Entrar na academia foi a solução, então abandonei o sedentarismo e, hoje, tenho melhor qualidade de vida”. Jaqueline Rodrigues, de 22 anos, interrompeu os exercícios pois ficou grávida. “Engordei, então voltei aos exercícios. Não é só cuidar do corpo e, sim, a procura da saúde e disposição”. A New Corpore Academia funciona há dois anos e meio, com 1.050 alunos, no Morro do Timbau, e mais de 450 no Parque União.

Para Evandro Moura, Gerente Administrativo, no verão e nas férias a procura é muito grande, mas há os que entram e saem logo. Para segurá-los, existem as promoções. “Cerca de 30% dos novos fazem plano anual no cartão e não voltam. Muitos têm a inscrição ativa, mas não cumprem a promessa que fazem no início do ano, é falta de tempo e frio. Tudo é motivo para não comparecem à Academia. Muitos querem fazer milagre em dois meses”, diz. Mas milagres só acontecem com esforços. Falando em esforços, a Academia está contratando profissionais de Educação Física da Maré, com bacharelado.

A mudança para quem malha é maior na saúde que na estética. “Minha sogra tomava remédio de pressão, depois da prática de esporte não precisa mais. O exercício, somado ao hábito alimentar correto, traz condicionamento físico”, diz Neide Soares, de 35 anos. A malhação não tem idade, é o que constata Manoel da Fonseca, de 64 anos. “Atividade física é a melhor coisa, algo benéfico, que mudou muito a minha saúde e condição de vida”, conta. Para Lucileide Castro, de 52 anos, o exercício a transformou numa atleta: “tive de dar um basta ao sedentarismo. Hoje sou uma ultramaratonista”.

 Uma academia feminina

Funcionando há dois anos, a Nutri Corpos Mulher tem como diferencial o serviço especializado para mulheres. Idealizada por Gracinete Melo, a Academia oferece musculação, circuito funcional, step, jump, local e zumba. “Um dia eu vinha no engarrafamento do meu trabalho, quando veio à mente esse projeto, de acolhimento, com nutricionista, psicologia e estética”, diz. O espaço tem 95 mulheres, que frequentam o local dia e noite. “Quando faço exercício, esqueço dos problemas. Malhar me deixa mais confortável, com respiração melhor, disposição e força. Quero continuar nessa rotina, não só no verão, mas levar para a vida toda. Não é algo apenas estético, é a busca da saúde”, conta Jéssica Lourenço, de 17 anos.

 O cuidado na hora da escolha

Flávio Alves é professor de Educação Física e atua em algumas academias. Ele acredita que há dois motivos para a grande procura das

 academias nessa época no ano: primeiro, a mídia reforça o corpo-padrão, a busca do perfeito, algo que é estimulado nas novelas, programas e filmes. E segundo, os médicos indicam a malhação contra a hipertensão, depressão, sedentarismo e osteoporose. “Mas é preciso saber se são profissionais formados e se a academia tem um kit de primeiros-socorros e profissionais aptos para atuarem, certificados pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF)”. Ele recomenda que o ideal para a malhação é primeiro o interessado fazer uma avaliação médica com exames para saber como está o estado de saúde, e um atestado médico de um cardiologista. “Ao chegar na academia, o aluno precisa passar por uma Anamnese, que é uma entrevista do histórico de saúde e hábitos de vida, para saber se há algum risco coronariano, a composição corporal e perímetros. Algumas também fazem o Questionário de Prontidão para a Atividade Física (PAR-Q)”.

Eduardo Patrick acredita que o ideal é uma academia que demonstre segurança. “São muitas as academias, mas existem profissionais sem conhecimento. Quem deseja malhar, antes de se inscrever, precisar ver os aparelhos, e saber se os profissionais têm o registro, fazer uma aula experimental”. Para Flávio, o perigo é o cliente ser utilizado como laboratório, com profissionais desqualificados. Outra ameaça são alunos que realizam séries prontas, e que podem causar uma lesão muscular. “O resultado não vem só com academia, precisa estar em conjunto com a alimentação. O suprimento deve ser usado em último caso, o ideal é a reeducação alimentar”.

Segundo levantamento da rede social Twitter, a maior meta dos brasileiros para 2018 é “ir para a academia”. Nesse início de ano é o momento de transformar a promessa em realidade, de correr atrás da saúde. Boa malhação!

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