Indústria da marquinha

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Maré de Notícias #93 – 02/10/2018

Negócio, encabeçado em sua maioria por mulheres, movimenta a economia da Maré o ano inteiro

Maria Morganti

Tanto faz qual seja a estação do ano. De verão a verão, inverno a inverno, ela está lá no corpo de várias mulheres da Maré: a “marquinha”. O nosso clima tropical ajuda, mas manter o bronze ficou mais fácil por causa do trabalho de “profissionais da marquinha”, como a Laudjane Silva de Araujo Nobre, de 25 anos, personal bronze, empresária de beleza e dona da laje de bronzeamento natural “Elite Bronze”, que fica na Rua da Praia, beco 23, casa 7, no Parque União. “Sempre fui fanática por marquinha e seguia canais no YouTube com dicas para um bronzeamento duradouro, um bronzeamento que não descascasse. E, um belo dia, vi uma moça chamada Erika Bronze. Só ela aqui no Rio fazia bronzeamento natural. E eu falei: caraca! Que top, quero ir lá. E comecei a seguir essa moça. E, nossa! As marquinhas delas são perfeitas”, relembra Laudjane.

Vai Malandra!

Erika Bronze, a quem Laudjane se refere, ficou mundialmente conhecida após fazer o biquíni de fita isolante para a cantora Anitta estrelar o clipe “Vai Malandra”, do seu Projeto “Check Mate”, que consistia em lançar um videoclipe inédito por mês. “Este ano está sendo uma coisa de louco! Desde que a Anitta me convidou para fazer o biquíni de fita que ela usa no clipe, ganhei milhares de seguidores, e vi o meu negócio triplicar”, declarou Érika Bronze ao Jornal Extra à época do lançamento do vídeo, em dezembro do ano passado.

Ainda enquanto “futucava” vídeos no YouTube, a personal bronze, que já era cabeleireira, descobriu um curso de bronzeamento on-line, o da personal bronze de Goiânia, L’uana Toledo Cosmetics. “As aulas eram via YouTube, mas ao vivo. Isso foi em 2015. Aí eu fiz o curso on-line só para fazer em mim. Depois disso, percebi que a Érika Bronze estava bombando e a laje dela era lotada. Aí, eu falei: poxa! Aqui na Maré as meninas adoram marquinha e tal. Acho que eu vou tentar. Comecei a fazer o bronze em mim, na minha cunhada, nas minhas primas, nas vizinhas… Nada pra ganhar dinheiro, só questão de bronzeamento mesmo. Só pra gente pegar aquele famoso bronze na laje. Só que aquilo começou a dar muito certo, os produtos que eu tinha comprado para uso pessoal, as minhas cunhadas, minhas primas, minhas colegas, queriam também. Chegou um tempo que eu trabalhava mais do que me bronzeava”.

A sogra ofereceu a laje “supersimples, humilde”, como conta Laudjane. Mas a compra de cinco cadeiras de praia já foi   suficiente para a empreendedora anunciar o serviço no Facebook e começar a “trabalhar, trabalhar, trabalhar”, sem conseguir parar.  O espaço chamado de “Elite Bronze” funciona nos dias de sol – não importa qual seja a estação do ano – das 11h às 15h30.

Contraindicações médicas

Segundo a dermatologista clínica e cosmiátrica [subespecialidade dentro da Dermatologia que usa o conceito de cosmiatria para realizar procedimentos e tratamentos que tenham como finalidade a manutenção da beleza e a melhora da aparência da pele], Bruna Melhoranse, o recomendado é se expor ao sol sempre antes das 10h e depois das 16h. “Usando protetor solar, roupas com proteção ultravioleta ou protetor com fator acima de 30, chapéu, óculos escuros, boné”, recomenda a médica, que alerta sobre os perigos da exposição ao sol sem proteção. “Se a pessoa se expor cronicamente, se for à praia várias vezes sem proteção, no pior sol, das 12h às 16h, que é o sol que tem mais incidência dos raios solares ultravioletas, a pessoa vai acumulando fotodano, o que gera fotoenvelhecimento, rugas e até câncer de pele”.

A médica esclarece, ainda, o engano da maioria que pensa que “pegar pouco sol” não tem problema algum. “Isso é um mito muito grande. Porque quando a pessoa se expõe a poucas horas de sol, ela já pode, em meia hora, ter queimadura, ter piora do melasma, ter uma cicatriz de cirurgia marcada para o resto da vida”.

 

Negócio movimenta a economia da região, além de constituir novos espaços de interação e lazer; cuidados com o excesso de exposição ao sol devem ser tomados | Jéssica Pires

 

Laje x Praia

No entanto, jovens como Analisa Ramalho, de 22 anos e moradora da Rubens Vaz, não se importam muito com isso. “Ah, cara! Sendo bem-sincera, eu não ligo, não. Sei que não faz bem, essas coisas todas, até porque tem de ficar passando hidratante na cara, protetor, e eu não ligo não”, confessa. Analisa frequenta o espaço “Elite Bronze” há um ano e meio, e é só elogios: “o atendimento é maravilhoso, é um ambiente bem-descontraído. Eu me sinto em casa. Ela é muito educada, superatenciosa, fiz diversas amizades, e o resultado é incrível”. Analisa retoca a marquinha uma vez por mês: “na maioria das vezes, nem é necessário, fica tão perfeito que demora bastante pra sair”. Mas por que a laje e não a praia? A jovem enumera as vantagens, respondendo com ênfase: “é prático, não tem necessidade de pegar trânsito, não é o mesmo tempo de ficar na praia, mofando, pra pegar uma marquinha, o resultado é super-rápido, não tem aquele nervoso da areia no meu corpo. E ela me deixa bem à vontade, coloca vermelho e preto no biquíni, sempre com água bem-geladinha, refrigerante e boas risadas”, conta rindo a flamenguista fanática.

Pacote simples ou completo

O valor da sessão completa, que inclui esfoliação corporal, montagem do biquíni de fita da marca Decorlux, aplicação do acelerador de bronzeado, óleo de coco, banho de lua, que é a mistura que descolore os pelos, e finalização com massagem corporal com creme hidratante e pós-sol custa R$ 70. O bronzeamento simples, que oferece esfoliação, biquíni e acelerador, óleo e banho de lua sai a R$ 50. É necessário levar toalha e sabonete e, para ser atendida, a recomendação é que a marcação seja feita um dia antes pelo WhatsApp (21) 99824-5166 ou pela página do Facebook @elite.bronze01 ou do Instagram laudjane.nobre.

Laudjane explica que, após a aplicação dos produtos, a cliente fica um tempo médio de 40 minutos de frente e, em seguida, o mesmo tempo de costas. Tudo depende da cor e do tom da pele. Brancas, pardas e negras usam um tipo de produto diferente, específico para aquela pele. “Os meus produtos são da marca L’uana Toledo mesmo. Todos têm certificado da Anvisa, composto por extratos naturais. A gente tem 12 meses pra usar eles, tudo certinho. Da própria marca também tem o pós-sol e um hidratante de beterraba”.

 

Bônus e ônus da profissão

Prestes a ir à segunda edição do Congresso Nacional de Personal Bronze, no Rio de Janeiro, Laudjane é uma entusiasta da nova profissão. Graças a ela, conseguiu dar a entrada na casa própria, que acabou de quitar. “Eu trabalho há dois anos com bronzeamento. O primeiro ano, eu trabalhei pra juntar dinheiro pra dar entrada na casa. E, este mês, graças a Deus, eu quitei”. E completa: “É bom, ganha dinheiro. Para quem tem dinheiro para investir, é bom. Eu, por exemplo, no verão, consigo tirar R$ 3 mil por mês. Mas por quê? O meu espaço é limitado, eu só tenho capacidade para cinco clientes confortavelmente. Aí eu consigo fazer dois turnos, um de manhã e outro à tarde. Assim consigo atender 10 clientes por dia. Mas, se o meu espaço fosse maior, eu conseguiria atender muito mais clientes que isso. O problema é o espaço e aqui dentro da Maré a gente tem muita dificuldade de arrumar laje, essas coisas, é muito difícil. Eu não consegui parceria com nenhuma laje grande, espaçosa. Até consegui, mas um aluguel absurdo de R$ 2 mil por mês. No verão, eu consigo pagar todas as minhas contas só com o dinheiro do bronze”.

 

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