África, Brasil: Abdias Nascimento na Maré

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Mostra revela um pouco das lutas e trajetória do multi-artista e ativista negro

Por: Hélio Euclides

Escritor, Ativista, ator, artista plástico, poeta, dramaturgo, docente, formado em economia, político: esse é Abdias Nascimento, que completaria 105 anos em 2019. Para comemorar a data, o Centro de Artes da Maré recebe a história de Abdias, sua trajetória de lutas no movimento social negro no Brasil e seu legado como defensor dos direitos das populações negras na exposição “Abdias Nascimento, a arte de um guerreiro”. A mostra é parte do acervo do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e reúne três entrevistas, um filme, 29 painéis e o quadro da linha do tempo dos povos africanos.

“A exposição mostra a importância de Abdias para a valorização da cultura negra. Muitas vezes, não temos a dimensão, e essas obras retratam o caminho que ele traçou. Percebemos que o que ele defendia na década de 1950, são as mesmas demandas até hoje: da valorização do negro. Abdias estava à frente de seu tempo”, conta Karla Rodrigues, assistente de coordenação do Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré (Numim) e pesquisadora.

Para Davi Nascimento, mediador da exposição, a mostra é um incentivo a conhecer ainda mais a vida de Abdias. “A exposição retrata o potencial do negro. Até na cadeia, Abdias não perdeu a oportunidade de mobilização: criou o Teatro do Sentenciado, um grupo em que os atores eram os próprios presos. Ele mostra que todos somos negros, nascemos dos ancestrais que foram retirados à força da África. Esse território é a mãe da humanidade, um lugar que produz cultura. Esperamos que os visitantes possam absorver o conteúdo dessa exposição”, diz.

A exposição foi aberta no dia 14 de março, no evento “Carolina, Abdias e Marielle – Vida, Ancestralidade e Continuação”. Desde a abertura diversos moradores da Maré já a visitaram, mas a mostra não se limita à favela. A exposição já foi vista por pessoas de outros territórios, como estudantes de Campo Grande e Duque de Caxias. A exposição é uma parceria da Redes da Maré, Ipeafro, Criola, Editora Perspectiva, 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e o Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) e conta com o apoio do Itaú Cultural.

A exposição está em exibição no Centro de Artes da Maré, na Rua Bitencourt Sampaio, 181 (acesso pela pista lateral da Avenida Brasil, sentido Ilha do Governador, próximo à passarela 10) e pode ser conferida até 14 de junho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h (visitas guiadas até às 17h), e, aos sábados, das 9h às 12h. Se o visitante desejar se aprofundar na obra de Abdias Nascimento, a pesquisadora e o mediador indicam os livros Quilombismo, que teve lançamento da nova edição na abertura da exposição, e O Genocídio do Negro Brasileiro.

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