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Maré de Notícias abre edital para bolsista

Por Aline Fornel

As inscrições para o processo seletivo ocorrem até o dia 19 de Janeiro e podem ser realizadas através do link disponível nesta matéria

Através da Associação Redes de Desenvolvimento da Maré, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o jornal comunitário Maré de Notícias abre edital de seleção de bolsistas para integrar a equipe de uma das principais fontes de informação da Maré.

O objetivo é escolher um bolsista para uma carga horária de 20 horas semanais, atuando de forma híbrida durante um contrato de seis meses. Esta iniciativa visa fortalecer a equipe do Maré de Notícias e proporcionar uma oportunidade para estudantes dos cursos de Jornalismo, Produção Editorial e Letras.

Para participar da seleção, é necessário estar cursando, no mínimo, o 3º período dos cursos mencionados, apresentando uma declaração de matrícula recente. Além disso, é essencial que o candidato possua habilidades comprovadas em escrita e elaboração de textos jornalísticos, com conhecimentos desejáveis em WordPress, práticas de SEO e preferencialmente residência na Maré ou em bairros/favelas vizinhas.

O Jornal Maré de Notícias enfatiza o incentivo à candidatura de mulheres, pessoas negras, moradores de favelas e pessoas LGBTQIAPN+, reforçando o compromisso com a diversidade e inclusão.

O bolsista selecionado desempenhará um papel fundamental no suporte à produção de pautas, colaborando com os jornalistas do jornal impresso e online. Além disso, contribuirá na produção de conteúdo para as redes sociais e na elaboração de notas e matérias.

Equipe do Maré de Notícias realizando distribuição do jornal impresso pelas ruas da Maré . Fotografia: Douglas Lopes

Etapas de Seleção:

As inscrições para o processo seletivo estão abertas até 19 de Janeiro e podem ser realizadas preenchendo o formulário disponível neste link. Posteriormente, haverá a seleção dos inscritos e entrevistas online agendadas entre os dias 22 a 24 de Janeiro. Os resultados serão divulgados no dia 25/01 e as atividades terão início em 1 de Fevereiro.

Benefícios:

O bolsista selecionado receberá uma bolsa de extensão no valor de R$700,00 (setecentos reais), com pagamento realizado pela Superintendência Geral de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para mais informações, acesse o edital completo.

Pessoas LGBTQIAP+ com deficiência criam mecanismos para inclusão e reconhecimento

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Vale PCD e Quilombo PCD, são iniciativas que buscam driblar capacitismo, homofobia, racismo e quebrar barreiras também sobre a sexualidade de PcDs

Esta matéria foi originalmente publicada no site #Colabora e está sendo reproduzida com permissão do veículo

“Eu busco os meus direitos de poder amar, de poder trabalhar e fazer o que quiser”, afirma Emmanuel Castro, 36 anos. Formado em Cinema, em Rádio e TV e atualmente estudante de Psicologia, Emmanuel é uma pessoa com nanismo e um dos idealizadores do Vale PCD – ONG que atua com as pautas de pessoas com deficiência LGBTQIA+. A iniciativa surgiu em 2019 a partir de conversas entre ele e Priscila Siqueira, psicóloga e também uma pessoa com nanismo.

O projeto nasceu a partir do sentimento de falta de espaço e pertencimento, tanto Emmanuel como Priscila não se sentiam representados nem entre PcDs e nem entre pessoas LGBTQIA+. Diante da necessidade de enfrentar esses dois tabus, eles decidiram criar o projeto inicialmente para mapear locais com acessibilidade. “Eu ia para o rolê e cadê outras pessoas (com deficiência)? Foi quando eu conheci a Priscila e a gente começou a sair bastante. Nesse tempo eu tinha uma preocupação. Meu medo era não ter acessibilidade”, conta Emmanuel.

Foi então que surgiu o ValeMaps – mapeamento de espaços acessíveis em diferentes cidades brasileiras. Ao longo do tempo e por conta do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, o Vale PCD passou a produzir conteúdos para combater o capacitismo – preconceito contra pessoas com deficiência. “A gente trabalha, estuda e namora. Enfim, a gente tem vida como outras pessoas, mas sofre essa violência silenciosa”, revela Emmanuel. Desde jovem, ele teve que encarar as dificuldades causadas pelo capacitismo estrutural que coloca PcDs em uma posição de pessoas sem sexualidade.

O absurdo chegou ao auge em uma sessão de psicoterapia, quando Emannuel contou sobre sua sexualidade e ouviu que iria para o inferno. “Isso me marcou muito na adolescência, escutar que você não pode sentir atração por homem, porque senão realmente você vai pro inferno. A própria psicóloga falou isso”, recorda o hoje estudante de psicologia.

Por conta das barreiras do preconceito, inclusive religioso, Emmanuel também encarava as relações amorosas como um tabu e sentia medo. “É, pecado, você não pode sentir prazer por homem”, era o que ele escutava sobre sentir atração por pessoas do mesmo sexo. “É libertador quando a gente consegue prestar um desejo que é seu, que é natural, está tudo bem e saber que não tem nada de errado comigo”, acrescenta.

Como cineasta, Emmanuel também aborda a falta de representatividade na mídia e em filmes. “Eu era uma criança que não via outras referências das pessoas com deficiência”. No caso das pessoas com nanismo, a representação feita pelo cinema hegemônico frequentemente alimenta estereótipos, colocando-as como personagens secundárias e/ou destinadas ao alívio cômico.

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Políticas de saúde sexual também excluem PcDs

Mesmo sendo uma pessoa bissexual, Priscila se sentia sozinha e isolada em baladas e espaços LGBTIA+. Segundo ela, o fato da própria acessibilidade e dos direitos das pessoas com deficiência serem temas ainda invisibilizados dificulta ainda mais para que essas pessoas possam falar sobre outras pautas, como a questão da sexualidade e das relações afetivas.

Além disso, as relações entre PcDs e pessoas típicas são vistas pela lente do capacitismo estrutural como gestos de caridade. “Acaba que cai naquela pegada do anjo: quem se relaciona com a gente é visto como um ‘herói ou heroína’, porque está abrindo mão de uma vida que se espera com uma pessoa dita normal”, exemplifica Priscila. A psicóloga menciona ainda que esse cenário de invisibilidade também coloca PcDs em uma posição de vulnerabilidade em termos de saúde sexual.

Um exemplo é de que praticamente inexistem campanhas de orientação sobre métodos de prevenção sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) para pessoas com deficiência. “Muitas pessoas com deficiência acabam por ser mais vítimas de ISTs, justamente por não conseguir dizer não quando alguma pessoa não quer usar métodos de prevenção, porque sabe quanto vai ser difícil encontrar outra pessoa para se relacionar com a gente e por falta de informação”, descreve Priscila.

Capacitismo e homofobia fizeram Beto evitar relações

“Quando você está no meio do pessoal que é LGBTQIA+, você é a pessoa com deficiência, quando você está com a galera do pessoal com deficiência, você é o LGBTQI+”, conta Beto Maia, 35 anos. Desenvolvedor de softwares e influenciador digital, ele encontrou no Vale PCD um lugar de acolhimento. Amputado de uma perna, ele ouviu diversas vezes que não poderia ser homossexual, porque uma “pessoa não tem como ter dois problemas na vida”.

Por conta do combo de capacitismo e homofobia, Beto escondeu durante muito tempo sua sexualidade e evitava ter relacionamentos. “A homofobia às vezes nem bate tanto na cara, porque é invalidada a sexualidade (de pessoas com deficiência), como se eu não tivesse uma vida afetiva amorosa”, acrescenta. Na pandemia, ele baixou o TikTok e começou a fazer vídeos para falar sobre assuntos públicos, principalmente relacionados a essas duas pautas. Foi através dos vídeos nas redes sociais que Beto conheceu Priscila e começou a fazer parte do Vale PCD.

Parada do Orgulho PCD

Em 2023, Priscila Siqueira começou a idealizar um evento para mobilizar a comunidade de pessoas com deficiência LGBTIA+. Foi então que surgiu a ideia da Parada do Orgulho PCD, evento realizado através de uma parceria do Vale PCD com o Quilombo PCD (ONG que trabalha com pessoas com deficiência a partir do recorte racial). A primeira edição aconteceu em agosto de 2023 na Avenida Paulista, em São Paulo. 

Priscila comenta sobre o desafio de organizar a parada com recursos próprios e limitados. “Apenas 2 mil reais e um sonho conseguimos juntar cerca de 800 pessoas na Avenida Paulista. Uma caixa de som e um microfone e fizemos tudo acontecer”. Em janeiro deste ano foi a vez do evento chegar a Salvador, na 1° Parada do Orgulho PCD do Nordeste.

A previsão é de que sejam realizadas mais edições ao longo de 2024. A próxima já tem data marcada: será neste domingo, 31 de março, em Recife. Além da Parada, Priscila também foi responsável por criar a “Vale Tude”, uma festa pensada para ser 100% acessível. “Ninguém enxerga alguém distribuindo abafadores de ruído na balada, mas na minha festa tem”, destaca a psicóloga sobre o evento que foi destaque do Prêmio Biscoito no ano passado.

Outras das frentes de atuação do Vale PCD são a oferta de atendimentos psicossociais, a promoção de encontros periódicos com dicas para preparar pessoas com deficiência para o ingresso no mercado de trabalho e a produção de cartilhas com informações sobre o tema. “A gente criou o Vale PCD justamente para falar sobre os direitos. Para falar do corpo e da nossa realidade”, explica Emmanuel, que cita a longa luta das pessoas com deficiência na busca por direitos básicos.

Um dos principais exemplos de capacitismo estrutural é a definição da trajetória de vida dessas pessoas como histórias de superação. Na visão de Emmanuel, o ponto chave da luta das PcDs é a equidade. “Minha deficiência tá aqui. E é uma parte de mim. Não me faz triste. Não me faz mal. Eu sou o que sou. Eu só quero lutar pelo mesmo direito que você de poder amar, poder trabalhar e fazer o que quiser”, complementa.

Adeptos ao candomblé falam dos desafios da religião enquanto moradores de favela

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Entre o axé e as adversidades candomblecistas destacam a luta por espaço e reconhecimento

Essa matéria foi originalmente publicada na edição 98 do Jornal Impresso Voz das Comunidades e está sendo reproduzida com permissão do veículo

“As religiões de matriz africana são matriarcais” é o que afirma a Ekedy Michele de Oxum como é conhecida na nação Omolokô a líder religiosa, Michele Seixas, de 38 anos, moradora do Complexo do Alemão, próximo ao morro do Adeus onde é cria. Nos terreiros, assim como nas favelas e em todo o Brasil, elas são maioria. Nas histórias dos Orixás, nos itãs, são as protagonistas. As Yabás, mães d’água, vencem a guerra com e sem espadas em mãos. Debatem política, exercem mais do que a função de mãe e esposa, elas são também as lideranças. Entretanto, o espaço das religiões afrodescendentes e das matriarcas vêm sendo disputado na cidade.

Na última quinta-feira (21), comemoramos o Dia Nacional das Tradições de Raízes Africanas e Nações de Candomblé ou o Dia do Candomblé, como é popularmente chamado, marco decretado pelo presidente Lula. A proposta de lei é de autoria do deputado Vicentinho (PT). A história da cidade do Rio é marcada por sangue, suor e a força do trabalho negro, população que é maioria na cidade de acordo com dados do Censo Demográfico do IBGE de 2022. São cerca de 3,4 milhões de pessoas no Rio de Janeiro que são negras ou pardas, (54,3%). O número é superior ao de pessoas brancas que representam aproximadamente 45,4% da população, que, em números, são 2,5 milhões de habitantes da cidade. 

Ekedy Michele D’Oxum

Desde criança ela vive o axé, onde foi criada por sua família e exerce o cargo Ekédy há dez anos, que é a zeladora do Orixá, importante função dentro dos terreiros de cuidar dos santos. No entanto, ela conta que com o passar do tempo os homens foram ocupando o espaço de liderança nas casas de santo. “O machismo afeta muito a nossa religião, o colonialismo vem apagando as mulheres das tradições africanas […] hoje em dia os homens mandam e as mulheres quase não falam”, ressalta. Além do machismo, o racismo religioso é outra consequência da diáspora, ou seja, do deslocamento forçado de pessoas negras para o Brasil. 

Para o Babalorixá (pai de santo), Alex de Yemanjá, de 34 anos, estudante de história, candomblecista iniciado no culto aos Orixás há 13 anos, a relação das religiões de matriz africana com a cidade ainda não é ideal. 

“Temos que quebrar o preconceito e mostrar que não é aquela imagem negativa que as pessoas tem”. Pai Alex explica que, assim como as favelas, muitos terreiros também nasceram nos altos dos morros, “O negro precisou subir nos morros para poder criar seus templos e cultuar os Orixás”, afirma.

Alex diz que o Candomblé se firmou no Rio de Janeiro após a “abolição da escravatura” onde os negros escravizados puderam viajar e reencontrar seus parentes, e saber o que estava sendo feito com a espiritualidade. Assim, o candomblé que nasceu na Bahia, chegou ao Rio de Janeiro. Lá é o berço e aqui a filial. Mãe Michele diz que esta data é importante para lembrar e reforçar a presença da matriz africana. Ela ainda acredita que há um longo caminho a ser percorrido, e que os terreiros devem se unir para juntos ocupar para além dos espaços religiosos.

“O debate religioso tem que andar ao lado do político e fazer disputas de narrativas […] precisamos de algo que centralize e mapeie a nossa religião. É o que fazemos nas organizações sociais”. Uma das organizações que promove encontros entre adeptos dos variados cultos de matriz africana é a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), fundada em 2003, e que busca potencializar os saberes dos terreiros. Estes que são ancestrais, passados oralmente dos mais velhos para os mais novos, já que a religião é isso: uma ligação com a ancestralidade.

A escritora Eliana Alves Cruz, no romance “Nada Digo de Ti que Em Ti Não Veja” conta uma história ambientada no século XVIII (dezoito) narrando a história onde africanos escravizados vieram ao Brasil e foram obrigados a esconder ou negar suas raízes, tradições e crenças, fugir, tentar comprar sua liberdade. Histórias que foram vividas por pessoas africanas no porto da cidade e que emocionaram o Rei de Angola, Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI, que quando visitou o Brasil em novembro do ano passado, destacou que pessoas negras são “filhos de reis e rainhas da África” e que vivem em diáspora, ou seja, deslocamento forçado, pela escravidão. Esta é a história do Rio de Janeiro. 

‘Um obstáculo aos interesses dos irmãos Brazão’, afirma Lessa sobre morte de Marielle

De acordo com a delação premiada de Ronnie Lessa, autor dos disparos contra a parlamentar, o crime estava sendo arquitetado desde setembro de 2017

Samara Oliveira e Hélio Euclides

Dez dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes completar seis anos, acusados de mandar a vereadora foram presos na manhã deste domingo (24), pela Polícia Federal. Os acusados são o deputado federal Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.

Qual foi a motivação?

De acordo com a delação premiada de Ronnie Lessa, autor dos disparos contra Marielle, o crime contra a parlamentar estava sendo arquitetado desde setembro de 2017 porque ela representava “um obstáculo aos interesses dos irmãos Brazão”. 

Os interesses mencionados por Lessa diziam respeito ao Projeto de Lei Complementar proposto por Chiquinho Brazão, também vereador no Rio de Janeiro, que buscava regularizar terras em áreas controladas pela milícia. A relação que a vereadora mantinha com lideranças comunitárias e sua posição contra os loteamentos em áreas em que os dois tinham influência teria sido a principal motivação.

O crime e a mobilização por justiça

Na noite de 14 de março de 2018 a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos ao serem perseguidos por criminosos no bairro do Estácio. O carro foi alvejado por treze tiros, interrompendo a vida da parlamentar e do seu motorista, além de atingir sua assessora, que sobreviveu. 

A mobilização foi fundamental para que o caso não caísse em esquecimento. Festivais, ações paralelas nas ruas do Rio de Janeiro e ações conjuntas nas redes sociais já faziam parte do calendário de movimentos sociais e políticos todo dia 14 de março com o grito “Justiça por Marielle e Anderson”.

Até chegar aos mandantes foi um processo longo, que passou por três governadores do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Pezão, Wilson Witzel e Cláudio Castro, no âmbito nacional também três presidentes, Michel Temer, Jair Bolsonaro e agora, Lula, além de pelo menos cinco delegados da Polícia Civil que investigaram o caso.

Nas redes sociais, Anielle Franco, irmã da parlamentar e Ministra da Igualdade Racial ressalta “Lugares onde as pessoas deveriam estar cuidando da proteção do povo, não é lugar onde as pessoas arquitetam crimes tão covardes e cruéis como foi o crime da minha irmã. A nossa família permanecerá de pé por tudo que a Mari representa e representava para a gente. A gente vai seguir lutando por justiça porque, eu repito, responder ao crime da Marielle e do Anderson é dar uma resposta para o fortalecimento da democracia”.

Para Mônica Benício e Agatha Arnaus, viúvas de Marielle e Anderson respectivamente, a prisão traz um momento de esperançar justiça e paz. “E isso é apenas uma parte do que Marielle e Anderson merecem. Nesse domingo chuvoso de março, a verdade começou a ser desvelada. O que, diante da nossa dor, é o tempo de uma vida inteira depois daquele 14 que marcou mais do que nossas vidas – marcou a nossa carne e o próprio Estado Democrático de Direito”, diz em nota conjunta.

Os seis acusados envolvidos no caso 

Além da prisão dos três principais acusados, foram alvos da Operação Murder, com busca e apreensão em casa, outros quatro suspeitos. O Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, impôs mandados contra Érika Andrade, esposa de Rivaldo Barbosa; Giniton Lages, primeiro condutor das investigações sobre o duplo homicídio e titular da Delegacia de Homicídios da capital de 2018 a 2019; Marco Antonio, comissário de Polícia Civil; e Robson Calixto Fonseca, o peixe, assessor de Domingos, que terão que cumprir medidas cautelares, entre elas, utilizar tornozeleira eletrônica.

Arquivo morto: suspeitos assassinados 

Durante as investigações do caso cinco suspeitos de executarem Marielle foram mortos.

Apontado como intermediário da contratação de Lessa para o assassinato de Marielle, o ex-sargento da Polícia Militar Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, foi morto a tiros em 6 de novembro de 2021, no bairro de Bangu. 

Indicado como membro do Escritório do Crime, o ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega, teria se negado a executar o crime, antes de Lessa ser procurado para fazê-lo. Foi morto em uma troca de tiros com policiais do Bope baiano, com apoio da inteligência da Polícia Civil do Rio.

Braço direito de Adriano, o segundo-sargento Luiz Carlos Felipe Martins, foi morto a tiros, em 20 de março de 2021. Homens que estavam num carro dispararam contra o PM em Realengo.

Hélio de Paulo Ferreira, o Senhor das Armas, foi assassinado em 28 de fevereiro de 2023, num bar, no bairro do Anil. Ele chegou a ser investigado no inquérito Marielle e Anderson.

Lucas do Prado Nascimento da Silva, o Toddynho, sofreu uma emboscada na Avenida Brasil, na altura de Bangu, em 2019. Ele era suspeito de ter participado da clonagem e confecção de documentos falsos do Cobalt prata usado na execução de Marielle e Anderson.

Qual o próximo passo?

Apesar das prisões significarem um avanço consideravél no caso, elas não significam o encerramento da investigação. Com a quebra do sigilo, ainda há conclusões a serem divulgadas sobre outros envolvidos que ainda não foram identificados.

Após seis anos, acusados de mandar matar Marielle Franco são presos pela PF

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Informações da inteligência da polícia indicavam que acusados já estavam em alerta nos últimos dias

Dez dias após o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes completar seis anos, acusados de mandar a vereadora são presos na manhã deste domingo (24), pela Polícia Federal.

Os suspeitos são os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e deputado federal do Rio de Janeiro, respectivamente, e Rivaldo Barbosa, que é delegado e ex-chefe de Polícia Civil do Rio, suspeito de atrapalhar as investigações.

Nas redes sociais, Anielle Franco, irmã da parlamentar e Ministra da Igualdade Racial ressalta “Lugares onde as pessoas deveriam estar cuidando da proteção do povo, não é lugar onde as pessoas arquitetam crimes tão covardes e cruéis como foi o crime da minha irmã. A nossa família permanecerá de pé por tudo que a Mari representa e representava para a gente. A gente vai seguir lutando por justiça porque, eu repito, responder ao crime da Marielle e do Anderson é dar uma resposta para o fortalecimento da democracia”.

“Falta muita coisa para a gente ter paz”, diz viúva de Anderson Gomes após prisão de suspeitos

Prisão preventiva

Os acusados foram presos preventivamente, o que significa que há indícios suficientes de que essas pessoas cometeram um crime e há necessidade da ação para assegurar a eficácia da justiça durante o processo. Informações da inteligência da polícia indicavam que eles já estavam em alerta nos últimos dias, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa.

Instituições da Maré realizam campanhas solidárias de páscoa; saiba como ajudar

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Com o chocolate em alta, as campanhas de arrecadação viraram uma solução

Sai o bom velhinho, chega o coelhinho da páscoa! O período de festas mal terminou e já estamos em outra data comemorativa importante para os brasileiros. Mas nessa época do ano outra figura faz parte do imaginário das crianças: o coelhinho da páscoa. Igualmente como em dezembro, nem todas as casas estão em clima de festa, pois com o poder aquisitivo em baixa muitas famílias priorizam o mais necessário para colocar no prato, ao invés de bombons ou ovos de páscoa. 

Uma pesquisa realizada pela empresa de inteligência de mercado Horus, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2024, revelou o preço do chocolate em todo o território nacional. A análise identificou aumento de preço nas três categorias pesquisadas, de 11% nas barras de chocolates, de 10,5% nos chocolates e bombons e de 1,8% nos ovos de páscoa. Segundo o site da CNN Brasil o aumento é visível, um exemplo é o ovo Sonho de Valsa, que em 2023 custava R$ 53, e agora tem o valor em média de R$ 67. 

Com o preço nas alturas, para minimizar a situação e espalhar a solidariedade, instituições da Maré se mobilizam em várias ações para garantir que crianças da Maré recebam em seus lares a visita do coelhinho.

Uma dessas instituições é o Especiais da Maré, coletivo que atende pessoas com deficientes (PcD), na maioria crianças. Para esse ano a meta é arrecadar 600 caixas de bombons para presentear todos os integrantes filiados na páscoa.

“Todo ano fazemos um cronograma, que inclui a páscoa. Essa ação é uma maneira de estarmos próximas às famílias, compartilhando um momento tão especial. Recebemos doações, inclusive da Cacau Show, porém o número de famílias cadastradas aumentou, daí a necessidade dessa campanha para que possamos atender todos”, comenta Juliana Mesquita, uma das gestoras do Especiais da Maré e moradora da Vila do João.

Para Mesquita, a ação também é um gesto de união. “Tenho gratidão sempre de estar ali com eles, rindo às vezes, chorando com suas dores, mas sempre grata por essa rede de apoio chamada Especiais da Maré”, conclui. O coletivo que realiza o mesmo trabalho na favela de Marcílio Dias também realiza uma campanha. O Criando Laços Especiais espera que os seus 62 filiados tenham a presença do coelhinho na páscoa. Dessa forma, estão recebendo barras de chocolate e caixas de bombons.  

Outro coletivo de Marcílio Dias que também está na campanha solidária de chocolate é o Projeto Educando Juntos. A sua festa está programada para o dia 29 de março. “Somos um projeto de reforço escolar sem fins lucrativos com cinco voluntários, entre professores e auxiliares, que tem cerca de 50 crianças, com resgate da dignidade, respeito e potencialidade. Pedimos que façam a alegria de uma criança, doação barras de chocolate, ovos de páscoa ou caixas de bombons. Quem desejar conhecer nosso projeto será bem-vindo”, convida Ana Júlia Ferreira, coordenadora do projeto.

Já na favela da Vila dos Pinheiros a arrecadação é organizada pelo Instituto Nasci para Brilhar, que conta com 80 crianças. “A páscoa solidária é muito mais que chocolates, libertação e doação, é a vitória da vida. A melhor maneira de comemorar esta época é fazendo o bem para o próximo. Meu sentimento é de gratidão”, enfatiza Andrea Souza, conhecida como Bebel, coordenadora do instituto.

Como ajudar?

No final do ano tem as cartinhas da campanha Natal dos Correios, que podem ser adotadas. Agora chegou a vez de ajudar o coelhinho da páscoa e colaborar com as ações da Maré: 

  • Especiais da Maré – pix/cpf: 11362434701 – informações: 21 97222-8603 – doações até 25 de março.
  • Criando Laços Especiais – Avenida Lobo Junior, 83, Marcílio Dias – informações: 21 98265-1519 e 21 99857-6486.
  • Projeto Educando Juntos – pix/celular: 21967424921 – Associação de Moradores de Marcílio Dias: Avenida Lobo Junior, 83.
  • Instituto Nasci para Brilhar – pix/e-mail: [email protected] – o ponto de entrega é na Via C Oito, número 26, na Vila dos Pinheiros.

Vale a pena ler de novo: confira 3 Matérias sobre Racismo Ambiental

O Maré de Notícias resgata três matérias de destaques sobre o tema do racismo ambiental

Racismo Ambiental: A Urgência de falar sobre e executar políticas de ombate: Aborda a necessidade imediata de políticas para enfrentar o racismo ambiental, especialmente porque as fortes chuvas causam impactos muito maiores, e as vezes fatais, nas favelas do Rio de Janeiro. Leia mais aqui.

Por Que as favelas são mais atingidas pelas enchentes?: A matéria discute sobre o quanto historicamente os impactos dos alagamentos ocorrem de maneira desigual nas comunidades. A matéria completa está disponível aqui.

9 em cada 10 brasileiros perceberam mudanças climáticas nos últimos anos, diz Pesquisa: Destaca os resultados de uma pesquisa que revela um aumento na percepção das mudanças climáticas entre os brasileiros e a urgência de medidas contra o aquecimento global. Saiba mais aqui.

Amplie sua compreensão sobre esse importante tópico acessando os links acima.