Operação em andamento realizada pela Polícia Militar está sendo marcada por violência e excessos por parte dos agentes
Cinco pessoas foram mortas e outras quatro ficaram feridas na 16ª operação da Maré nesta terça-feira (11). Desde às 5h20 da manhã moradores relatam tiros e a presença de policiais a pé e com cães farejadores, além de carros blindados e helicóptero.
A 16ª operação policial tem participação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) com o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas(BPVE) e o 22º BPM (Maré) a concentração da operação é na Vila dos Pinheiros, Vila do João, Timbau e Baixa do Sapateiro.
Entre as pessoas mortas, quatro são moradores e um policial do BOPE.
(In)segurança Pública
O que fica para quem vive no Conjunto de Favelas da Maré é a sensação de impotência e medo, como provam os relatos a seguir. “Estou no trabalho presa no banheiro, muito tiro que horror”, “infelizmente não estamos seguros nem dentro de casa”, “tem muito patrão que não entende que tá tendo operação”.
As principais vias expressas que cercam a Maré (Avenida Brasil, Linha Amarela e Linha Vermelha) foram fechadas, e um ônibus foi incendiado na manhã de hoje. Usuários que circulavam por essas vias precisaram se proteger atrás das muretas para evitar serem atingidos por disparos. Em nota, a Polícia Militar afirmou que o objetivo da operação é “deter quadrilhas de roubo de carros”. No entanto, até o momento, não há informações oficiais sobre a eficácia das ações contra essas quadrilhas, e o “resultado” da operação tem sido marcado pela violência.
O Eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré também registrou dois casos de invasão de domicílio por parte dos agentes, além de ameaças e xingamentos contra dois mototaxistas.
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Serviços interrompidos
O acesso à saúde e educação são fragilizados em dia de operação policial prezando pela segurança dos moradores e funcionários.
Ao todo, são 44 escolas fechadas, entre municipais e estaduais. O Centro Municipal de Saúde Vila do João e as Clínicas da Família (CF) Adib Jatene e CF Augusto Boal interromperam o funcionamento na manhã desta terça-feira (11). Já a CF Jeremias Moraes da Silva mantém o atendimento à população. Porém as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, estão suspensas.
A Fiocruz, que fica localizada na Avenida Brasil, na altura da Vila do João, precisou realizar um procedimento de segurança para os funcionários presentes na unidade não saírem da instituição.
Até o fechamento desta matéria a 16ª operação policial segue em andamento.
O Maré de Direitos, projeto do eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, acolhe situações de violações de direitos no WhatsApp (21) 99924-6462. O Ministério Público (MP) realiza um plantão especial para atender a população. O atendimento gratuito é feito no telefone (21) 2215-7003, que também é WhatsApp, ou no e-mail gt-adpf635@mprj.mp.br.