O Maré de Notícias impresso é um dos maiores jornais comunitários do Brasil com uma tiragem de 50 mil exemplares. A iniciativa da Redes da Maré tem 12 anos e em 2017 o jornal também ganhou sua versão online: mareonline.com.br.
O nome do jornal foi escolhido por moradores da Maré por meio de um concurso. Foram 3 vencedores e o computador foi sorteado entre eles.
Durante a pandemia foi criada uma ronda diária de notícias sobre a covid na Maré.
O jornal impresso é distribuído de porta em porta nas 47 mil casas das 16 favelas e também em ONGs locais, associações de moradores e escolas.
A ação é feita durante 3 dias no mês e gera renda para a população em situação de rua. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Espaço Normal e o jornal.
Redução de Danos e Geração de Renda
O Espaço Normal é o espaço de referência no atendimento da população de rua e usuária de drogas num território de favela. Por meio de uma agenda positiva sobre práticas de redução de danos, o projeto estimula a criação de vínculos, diálogos e narrativas alternativas.
Um dos projetos do Espaço Normal é o Entre Bicos, uma forma de oferecer geração de renda com trabalhos pontuais e que ajuda a reinserção social da população de rua e usuários e ex-usuários de crack e outras drogas.
Com o Entre Bicos, pessoas atendidas pelo Espaço Normal se transformaram em distribuidores, que percorrem ruas, becos e vielas – que por muitas vezes foram usadas como abrigo – para entregar o jornal.
"Se eu vejo alguém pegando o jornal do vizinho para usar para embrulhar coisas e não ler vou logo falando que está errado, que não pode tirar a oportunidade do vizinho de saber das coisas da Maré. Hoje informação não tem preço,"
afirma Valdemir Cunha, distribuidor do jornal.
Respeito, informação e inclusão social
Antes do início da distribuição há a leitura do jornal com todos os distribuidores com os editores.
Ao fim de cada distribuição, há outro encontro para que se possa reunir todas as demandas da população. Um encontro de muitas vozes, muito acolhimento, aprendizado e força.
Durante a pandemia, o jornal suspendeu a distribuição por 4 meses. No dia 08 de setembro foi retomada a distribuição do jornal impresso com os 12 distribuidores já conhecidos e mais dois novos membros.
"Ficamos quase seis meses parados e retomamos com a mesma vontade que na primeira edição que fizemos esse trabalho. Até os novos distribuidores que chegaram estavam enturmados. Formou uma corrente só."
Lucas Brandão, distribuidor do jornal
Corrente que pode ser espalhada como modelo de redução de danos e de inserção social de uma população historicamente invisibilizada pela sociedade brasileira.