#FALTAMCRECHES

Há 10 anos começava o processo de ampliação do número de escolas na Maré, conhecido como Campus Educacional. Foram 25 novas unidades, mas não foram todas as favelas da Maré que foram contempladas.

Na Praia de Ramos, Roquete Pinto e Marcílio Dias faltam unidades escolares, sobretudo para crianças de 0 a 5 anos. Em Ramos, ao lado do Piscinão só há uma creche pública para crianças de 0 a 3 anos. A unidade atende a 420 crianças divididas em dois turnos. Em 2022 foram abertas apenas 100 novas vagas.

Em Marcílio Dias não há creches, a única escola pública do território tem apenas o primeiro segmento do Ensino Fundamental  (1° ao 5° ano).

“Meu filho eu tive que matricular em outro EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil), próximo ao Hospital Getúlio Vargas, bem longe de casa. É preciso construir berçários.”

Juliana Abreu, moradora da Praia de Ramos.

A Constituição Brasileira, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o Estatuto da Criança e do Adolescente garantem creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade.

Com a falta de unidades de ensino infantil nas três favelas, o Conselho Tutelar de Bonsucesso frequentemente recebe reclamação e indica a procura da 4ª Coordenadoria Regional de Educação.

Uma solução dos moradores

O Hotelzinho das Crianças é uma creche e pré-escola comunitária. Num prédio de três andares dentro do Marcílio Dias, 15 crianças estudam, dormem e se alimentam saudavelmente.

“O objetivo é que as crianças sejam tratadas com dignidade. No hotelzinho as crianças aprendem a se socializar, a higiene, a cuidar dos brinquedos, a fazer atividades e exercícios."

Sílvia Regina, professora e fundadora do Projeto Belo Herança.

Segundo o Censo da Maré 2010, 41,2% das mães mareenses disseram não ter escola ou creche para seus filhos. Na cidade do Rio, a necessidade de unidade infantil é de 53,8%, de acordo com o Índice de Necessidade de Creches.

“Há um grande desafio para os municípios de modo geral é identificar a demanda de creches nas comunidades mais pobres.”

Heloísa Oliveira, diretora de relações institucionais e governamentais da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

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