CRIA VIRA LENDA

No mês de novembro, a Maré se despediu de um dos seus símbolos: o fotógrafo Bira Carvalho, que morreu aos 51 anos de idade.

É unanimidade entre aqueles que o conheceram: além de ser um dos fotógrafos mais importantes do Rio de Janeiro, o “rueiro” Bira representa o olhar atento à humanidade cheia de camadas das periferias.

“Sou complexo na simplicidade, pois sou favela.”

Bira Carvalho, em postagem recente no Facebook.

O trabalho de Bira contribuiu para mostrar ao mundo a realidade das favelas e a luta diária do povo negro e favelado para superar desigualdades, injustiças e o racismo que fazem parte do cotidiano.

Mas suas fotos também evidenciam a beleza das praças, festas, ruas, o sorriso das crianças e os encontros na favela.

Moradores registrados com a sensação de liberdade e afetividade, que possuímos e muitas das vezes não nos damos conta que existe. Seus registros nos acompanharão por muito tempo.

Arthur Vianna, fotógrafo e tecedor da Redes da Maré.

Bira coordenava o Imagens do Povo, agência do Observatório de Favelas, e sempre foi uma figura reconhecida nas ações no território, assim como pelos coletivos espalhados pelas periferias cariocas.

O cronista da imagem nasceu em Niterói, região metropolitana do Rio, mas chegou na Nova Holanda aos 5 anos.

Aos 22 anos foi atingido por um tiro e passou a vivenciar, além de todos os outros, os desafios de ser uma pessoa com deficiência na periferia.

Bira é símbolo de luta, sensibilidade, ativismo e afeto. Essa é a memória que fica: o fotógrafo rueiro como inspiração. Bira, presente!

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