MARIELLAS

Coletivo de futebol feminino  cresce na Maré

Leite de Castro, Chefe do Departamento Médico  da Liga  de Futebol do Rio, em artigo no jornal O Dia Esportivo, em 1940.

"O futebol feminino é um espetáculo ridículo."

Iguesil Marinho, assistente técnico do Ministério da Educação, em entrevista ao jornal O Imparcial no ano de 1941.

"Pé de mulher não foi feito para se meter em chuteiras."

“Biologia não é determinação, gênero resulta de uma combinação única em cada um de nós.”

Judith Butler, criadora da teoria Queer

Ambas as falas integram uma campanha pela proibição do futebol feminino. E funcionou. Entre 1941 e 1979, a prática do esporte entre as mulheres foi terminantemente proibida no Brasil.

Mas a mobilização política e a resistência das atletas alterou significativamente essa situação. Nas últimas décadas, a popularização da prática foi impulsionada pelo sucesso da “geração Marta”.

Na Maré, o coletivo MariEllas conseguiu reunir mulheres para jogar futsal - futebol adaptado para quadra em equipes com 5 pessoas - em meio às restrições da pandemia.

“O futebol feminino começa a ter o seu lugar, a cena nacional, aos poucos, abre espaço para que as mulheres ocupem seu merecido lugar num espaço que era exclusivamente masculino.”

Lilia Arcanjo, moradora da Baixa do Sapateiro e uma das criadoras do coletivo

Batizado em homenagem ao símbolo da resistência mareense Marielle Franco, o coletivo traz em seu DNA a força dos ideais de combate ao racismo, ao machismo e à LGBTfobia.

“O futsal para mim é a conquista de um importante espaço num esporte que ainda é dominado por homens. Com isso, espero poder construir um legado para as gerações futuras.”

Lilia Arcanjo, moradora da Baixa do Sapateiro e uma das criadoras do coletivo

Seja em audiência, admiradores ou faturamento, a prática feminina do esporte mais popular do mundo tem ganhado relevância significativa no mundo inteiro.

Um balanço divulgado pela FIFA em fevereiro mostrou que as transferências internacionais de profissionais no início do ano movimentaram mais de US$ 310 mil, ou cerca de R$ 1,68 milhão.

Esse valor é 60% acima do registrado na janela de transferências do começo de 2020, mesmo que ainda não se compare com as cifras do futebol masculino.

O desejo manifestado por todas as entrevistadas é que campos e quadras da Maré e do restante do Brasil sigam ocupados por meninas e mulheres. Que a bola seja delas, se elas assim o desejarem.

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