O que fica após a violência irromper o cotidiano das favelas e deixar corpos pelo chão? A nova série de reportagens do MN investiga estes rastros.

rastros  de dor

A primeira matéria abordou o luto proibido: mães impedidas de viver a própria dor sem serem vitimizadas novamente pela discriminação.

“Eu não tive direito ao luto, eu tive luta pra conseguir dinheiro para pagar o enterro do meu filho.”

Moradora da Maré que perdeu o filho durante ação da polícia na Av. Brasil em 2017.

Mesmo nos casos de abusos flagrantes, muitas mães não conseguem nenhum tipo de reparação judicial.

A Redes da Maré monitora casos de violações de direitos em operações policiais desde 2016 por meio do projeto De Olho na Maré.

Já foram produzidas 6 edições do Boletim  Direito à Segurança Pública na Maré com dados inéditos sobre a violência armada na Maré.

O Maré de Direitos, projeto que atende vítimas das violências,  registrou o  296 situações de violações por parte de policiais entre os anos de 2016 e 2021.

Destes, 117 casos resultaram em morte ou lesão corporal grave. Do total de atendimentos, somente sete processos foram judicializados.

Apenas um deles resultou em acordo judicial e foi finalizado no período de cinco anos.

"As pessoas têm medo de represálias dos policiais ou são afetadas pelo discurso de que a Justiça não chega para o morador da favela."

Lucilene Gomes, advogada e redutora de danos do Espaço Normal.

Vânia perdeu seu filho baleado nas costas durante uma desastrosa ação policial na Maré em 2018. A Justiça ainda não veio, mas ela persiste.

"Meu filho foi morto por despreparo, covardia. Eu só quero que pelo menos eles (policiais que atiraram em Jeremias pelas costas) se sentem no banco dos réus."

Vânia Moraes da Silva, mãe de Jeremias, assassinado aos 13 anos.

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