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‘A neutralidade só serve a um grupo que é o grupo que se diz neutro’, afirma jornalista durante esquenta WOW

Fotos: Uendell Vinícius / Voz das Comunidades

Fotos: Uendell Vinícius / Voz das Comunidades

A mesa ‘Por uma comunicação feminista e antirracista’ provocou reflexões sobre jornalismo da grande mídia

A segunda parte da programação do Esquenta WOW que acontece neste sábado (19), na Casa Voz, no Complexo do Aleão teve como destaque a mesa ‘Por uma comunicação feminista e antirracista’. Mediada por Victória Henrique, repórter da TV Globo, as convidadas Thaís Bernardes, empreendedora social e fundadora da Notícia Preta e também, a Vitória Régia, Presidente e criadora de conteúdo da Revista Gênero e Número falaram sobre o desafio das mulheres nesses espaços. 

O jornalismo contra hegemônico foi o primeiro assunto abordado. Thaís destacou: “Não existe matéria de preto, assunto é de todo mundo”, reflete a CEO do Notícia Preta. E complementa a jornalista Vitória, do Gênero e Número: “É a lente que a gente olha o mundo: eu falo sobre esporte, justiça climática, tudo a partir desse olhar [mulheres e dados]”, destaca.

Provocada pela própria temática da mesa e também pela mediadora sobre neutralidade no jornalismo, Vitória Régia presidente da Gênero e Número afirma que a neutralidade no jornalismo nunca existiu.

“A gente cresce no jornalismo com essa falácia da neutralidade, né? Mas eu sempre falo que a neutralidade só serve a um grupo, que é o grupo que se diz neutro. Porque o neutro tem cor, tem gênero, tem território. Assim como a própria construção do sentido de mulheres e pessoas negras veio de ser ‘o outro’, né? Então mulheres são ‘o outro’ dos homens, pessoas negras são ‘as outras’ das pessoas brancas. Então a gente sempre veio desse lugar do contraponto, da contradição do que era visto como o ideal e o padrão”

Para ela, a ideia de neutralidade que se fala no jornalismo serve só para manter quem tá no poder, no poder. “Eles adoram falar dessa neutralidade e falar de que a gente precisa ouvir os dois lados da mesma forma, mas quando foi que durante uma operação policial o jornalismo tradicional colocou a fala do morador no mesmo lugar do que a fala da polícia? Isso nunca aconteceu, essa neutralidade nunca existiu”, completa.

Thais Bernardes também falou sobre a importância de saber negociar para captar recursos. Além disso, a jornalista criticou as empresas que tratam questões raciais, do meio ambiente e outras causas como “temas que estão em alta” sem um compromisso verdadeiro com as questões que são levantadas pelos movimentos sociais. 

A programação continua até às 21h com oficina de audiovisual portátil para redes sociais; como produzir podcast profissionalmente, slam laje e show com Becca Perret.

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