Por Jéssica Pires, em 25/03/2022 às 07h. Editado por Edu Carvalho
“A dança e o balé representam liberdade, felicidade, uma expressão daquilo que você sente”, sintetiza Pedro Carvalho, de 12 anos, que é um dos mais novos integrantes da turma de balé da Escola de Dança Maria Olenewa, do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Pedro começou a participar das oficinas online de ballet da Escola Livre de Dança da Maré, do Centro de Artes da Maré, há um ano, de forma remota, ainda durante à impossibilidade das aulas acontecerem presencialmente por conta da pandemia, e recentemente participou da seleção para a turma na renomada Escola de Dança e foi aprovado.
A Escola Estadual de Dança Maria Olenewa foi fundada em 1927 e é a mais antiga instituição brasileira dedicada ao ensino da dança e à formação de bailarinos clássicos. Pedro e sua mãe, que é merendeira escolar, ficaram sabendo da seleção e logo fizeram a inscrição online do jovem. O segundo passo foi aguardar a convocação para a audição presencial, que logo aconteceu. Depois da audição Pedro era pura ansiedade até que saisse o resultado: “pra mim significou que tenho algum potencial em ser um bom bailarino e foi uma notícia muito boa. No dia eu estava muito nervoso porque o resultado estava atrasado. Mas quando vi o meu nome lá, fiquei muito feliz”, comenta o jovem.
Pedro nos contou que sempre teve admiração por danças no geral, mas que “o balé sempre teve grande espaço em seu coração” e agora o jovem se dedica diariamente às aulas, de dança e arte, de segunda a sexta no teatro, e ainda às segundas na ELDM.
“O processo remoto foi um desafio, mas ele sempre foi muito atento, com muita garra. Fiquei muito feliz, é uma conquista. Conquistar esse caminho é tudo pra ele porque é o que ele realmente quer, e pra nós é um orgulho. É um sonho que ele vai conquistar, tenho certeza disso”, compartilha orgulhosa a professora de balé da ELDM há 10 anos, Sylvia Barreto.
A Escola Livre de Dança da Maré
A Escola Livre de Dança da Maré – ELDM nasceu em outubro de 2011, no Centro de Artes da Maré – CAM. Fruto da parceria entre a Redes da Maré e a Lia Rodrigues Companhia de Danças, a Escola visa ampliar o acesso dos moradores à dança, atuando com ações educativas, profissionalização e formação de plateia.
O projeto recebia, anualmente, cerca de 300 alunos e alunas em suas atividades. São crianças, jovens, adultos e idosos mareenses que têm a oportunidade de experimentar a dança por meio de oficinas abertas que vão do ballet clássico à consciência corporal, com professores que estão na Escola há mais de cinco anos, sendo todas as aulas gratuitas e abertas à população. Com a pandemia, todas as atividades passaram a ser remotas por um tempo, e abertas à públicos além da Maré. Em março elas retornaram ao presencial. A grade de horários e aulas estão disponíveis no site da Redes da Maré e redes sociais da Redes da Maré e do Centro de Artes da Maré. A prioridade das vagas é dada para moradoras e moradores do Conjunto de Favelas da Maré.
A arte da dança é tratada neste projeto como forma de conhecimento. Neste sentido, o espaço busca fomentar também a formação continuada para um grupo de jovens, com o Núcleo 2 – Formação Intensiva em Dança, e também promove a frequência a atividades culturais externas, como exposições, espetáculos de teatro e dança. O CAM também é um espaço que abriga expressões culturais e respira a arte da Maré e de toda a cidade.
Centro de Artes da Maré comemora 13 anos de existência
As atividades da Escola Livre de Dança da Maré acontecem em um espaço muito especial da Maré. Aberto em 2009, num galpão de 1,2 mil metros quadrados próximo à Avenida Brasil, na Nova Holanda, o Centro de Artes da Maré – CAM é um equipamento da Redes da Maré, referência em arte e cultura para moradores da região e bairros vizinhos, atraindo também um público de diferentes partes do Rio de Janeiro, do Estado e até de outros países. O Centro de Artes da Maré é sede do grupo da coreógrafa Lia Rodrigues, parceira na criação do espaço, e oferece uma intensa programação de eventos artísticos, culturais e sócio-políticos. Há mostras de artes cênicas, oficinas, cineclube, exposições de arte, shows e espetáculos de dança e teatro.