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Projeto de geração de energia solar chega ao Vidigal

Favela da zona sul abriga mais uma das iniciativas espalhadas pelas periferias que buscam na energia solar fotovoltaica uma forma de poupar gastos e cuidar do meio ambiente

Por Aline Fornel e Tamyres Matos, em 13/12/2021 às 14h

O investimento em energia solar chegou ao Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro, neste mês de dezembro. Em evento ocorrido no último dia 5, a ONG SER Alzira de Aleluia inaugurou o 1º Sistema Solar do Vidigal, criado em parceria com o Grupo FRG, PHB Solar, Solarize, Sol Forte, Mirassol e Rede Favela Sustentável. O objetivo da ação é, além de diminuir os custos fixos da própria organização, incentivar a produção de energia limpa e sustentável nas periferias cariocas.

De acordo com a presidente da ONG, Elma Aleluia, com a chegada do sistema de energia solar, a ONG poderá utilizar o dinheiro da conta para investir em outras atividades que beneficiam as 157 famílias que a instituição atende. “Nós tínhamos uma conta mensal de energia R$ 730 e hoje nós estamos pagando entre R$ 200 e R$ 300. Com a diferença desse pagamento, dá pra gente pagar a internet, dá para a gente sustentar o nosso projeto”, disse. 

Para o Vidigal, é o início da trajetória em direção à solução energética solar, mas já existem outras favelas cariocas com este tipo de trabalho há alguns anos. A pesquisa  “Energia Solar nas Favelas do Município do Rio de Janeiro: Iniciativas Exitosas?”, desenvolvida por Natália Chaves, compilou o atual cenário destas ações. O estudo de caso faz parte do repositório sobre o Big Push para a Sustentabilidade no Brasil, desenvolvido pelo Escritório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) das Nações Unidas. Natália é cofundadora da Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (MESol).

O trabalho é focado em dois projetos maiores: a cooperativa RevoluSolar, que funciona nos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme; e a startup Insolar, cuja área de atuação é a Favela Santa Marta, em Botafogo. “Existem no Rio de Janeiro pelo menos  outras nove iniciativas como a Revolusolar e a Insolar. No entanto, elas não são maiores por inviabilidade econômica e falta de visibilidade. Os resultados socioambientais podem ser expandidos com investimento econômico”, aponta a pesquisa.

Em 2020, Eduardo Avila, diretor executivo da ONG RevoluSolar, foi um dos finalistas do prêmio Jovens Campeões da Terra, das Nações Unidas (ONU), por conta do trabalho com a organização. 

Parcerias e urgência das soluções energéticas

Hans Rauschmayer, sócio-gerente da empresa Solarize, é responsável pela realização dos cursos de capacitação gratuitos na área de energia solar. O especialista explica que o projeto do 1ª Sistema Solar no Vidigal nasceu através de uma iniciativa do Grupo FRG, que organiza eventos sobre o tema em todo o Brasil. Esta mesma empresa, em parceria com a PHB Solar, doou o sistema fotovoltaico. 

De acordo com Hans, a Solarize assumiu a coordenação e buscou novos parceiros para que tudo acontecesse, como a Sol Forte (responsável pela instalação), Mirassol (com atuação na obra) e a Rede Favela Sustentável. “Estou muito feliz que deu certo. A ideia é trabalhar com justiça energética, todo mundo tem que reduzir o valor da conta de luz, todo mundo quer trabalhar e precisa de emprego. Então a energia solar permite democratizar a energia, além da possibilidade de qualificação em um mercado crescente”, afirma.

Hans contou que atuou na Maré há alguns anos ao realizar uma instalação, com verba de um doador, no Galpão Bela Maré, na Nova Holanda. De acordo com ele, a instalação das placas no local também transmite energia para o Observatório de Favelas por meio de compensação remota e representa uma economia aproximada de R$ 20 mil por ano.

Para Pablo D’ornellas, diretor da Sol Fortes, o projeto do Vidigal foi desafiador porque, além do trabalho em si, a pandemia fez com que a execução fosse interrompida algumas vezes. Mas ele ressalta o potencial energético do Rio e a importância do investimento neste tipo de solução. “Existe uma grande oportunidade para esse setor solar nas comunidades cariocas. O Brasil é privilegiado no índice de radiação e o sol pode trazer muita riqueza para os moradores de favelas do Rio e do resto do país”, comenta.

Funk conquista o mundo, mas ainda quer mais

Ritmo coleciona sucessos e influencia a indústria musical, mas ainda busca o respeito reservado a outros estilos na cultura brasileira

Maré de Notícias #131 – dezembro de 2021

Por Gracilene Firmino 

Com o título Funk ainda em busca de reconhecimento, uma das matérias de capa da primeira edição do Maré de Notícias (2009) falava da luta dos funkeiros para conquistar seus espaços. Mais de uma década depois, o ritmo musical segue criminalizado mas, em contrapartida, cada vez mais artistas chegam ao sucesso por meio do funk, como os moradores da Maré DJ Rennan Valle e Preta QueenB Rull.

Aos 26 anos, Rennan de Jesus dos Santos, o DJ Rennan Valle, é compositor e produtor musical e cultural. Tocando nas comunidades do Rio desde os 13 anos, ele se diz influenciado por diversos gêneros musicais. “Diferenças sociais e culturais, além da criminalização do funk carioca, um gênero que vive sofrendo perseguições por ter surgido nas comunidades, me perturbam, mas também moldaram quem sou hoje”, diz. Cursando Produção Musical, desenvolveu uma paixão por composição. Suas canções já foram tocadas em rádios pelo Brasil. Morador da Nova Holanda, ele começou a produzir em 2011; é um dos apoiadores do funk 150 bpm e um dos primeiros incentivadores dessa vertente na Maré. Rennan Valle é ativo na cena do ritmo, realizando shows pelo Brasil.

DJ Rennan Valle é cria da Maré e toca nas comunidades do Rio desde os 13 anos. Compositor se diz influenciado por diversos gêneros musicais – Foto: Matheus Affonso

Marcos Carvalho, 22 anos, é mais conhecido como a Preta QueenB Rull. O artista é do Parque União, também cria da Maré, e conta que sua relação com o funk é forte e veio da infância. “Estou no funk desde quando era bem pequeno, vim de uma família que é muito funkeira, cresci vendo os DVDs da Furacão 2000. Sempre quis viver a arte do funk. Meu primeiro show como funkeira foi em 2019, na Parada do Orgulho Gay da Maré. Pra mim, o funk é um estilo de música que faz todos dançarem. A energia que eu sinto quando estou no palco cantando minhas músicas é única. O funk faz você dançar, viver, sorrir”, afirma. 

Reconhecimento, indústria cultural e ‘bom gosto’

O funk carioca ganhou o mundo; mesmo assim, o preconceito contra ele permanece. Com décadas de existência, apenas em julho de 2021 o Grammy Latino anunciou a inclusão do funk brasileiro na categoria Música Urbana, ao lado de gêneros como rap, reggaeton, R&B e trap.
Artistas de grande sucesso no Brasil incluem o funk em seus repertórios e já fizeram com que o ritmo fosse reconhecido internacionalmente. A música Vai Malandra, da cantora Anitta, é um de seus hits baseados no funk carioca. O videoclipe, gravado no Vidigal, ultrapassou a marca de 500 mil visualizações no YouTube em apenas 20 minutos, tornando a música um sucesso. Essa é a melhor estreia brasileira na plataforma de vídeos, com oito milhões de views em menos de oito horas. Vai malandra chegou ao 18º lugar do ranking de músicas mais ouvidas no mundo no Spotify; foi a primeira em português a entrar no top 20 global da plataforma de streaming. 

A canção 24 Horas por Dia, de Ludmilla, que também conta com a forte batida do funk, foi lançada em 2015. O videoclipe da música chegou ao 46º lugar na parada musical Billboard Brasil Hot 100 Airplay e nas melhores posições de estações de rádios do Brasil naquele ano. Tanto Anitta quanto Ludmilla tiveram seus rostos estampados nos famosos painéis de LED da Times Square, em Nova York (EUA): a primeira em 2017, com Downtown, e a segunda este ano, com a música Socadona

Preconceito e perseguição

Mesmo com tanto sucesso, ambas já sentiram na pele e falaram sobre o preconceito em relação ao funk. Em março de 2021, a apresentação das cantoras americanas Cardi B e Megan Thee Stallion na entrega dos prêmios Grammy incluiu um trecho de WAP, remix do DJ e funkeiro Pedro Sampaio. Isso bastou para gerar críticas ao ritmo. À época, em entrevista ao portal Mundo Negro, Ludmilla disse que aquela não era a primeira nem seria a última vez que o funk carioca sofreria preconceito, principalmente por ter sua origem nas favelas e periferias e ser difundido por pessoas negras. 

Anitta, por sua vez, escreveu um artigo para a revista Época defendendo o estilo musical carioca. A cantora de Honório Gurgel falou sobre a importância do funk, não apenas cultural, como também financeira: “O valor é muito alto. Não só como entretenimento, mas também econômico. Os ‘batidões’ movimentam a carreira de muitos cantores, compositores, produtores, músicos, escritórios, staff, agências, publicidade e, claro, o mercado fonográfico.” 

O preconceito, porém, vai além da crítica musical: em março de 2019, a Justiça do Rio emitiu 11 mandados de prisão para homens envolvidos no Baile da Gaiola, o maior evento de funk do Rio, realizado na Vila do Cruzeiro. Entre os acusados, estava Rennan da Penha. Ele foi condenado por associação ao tráfico de drogas a seis anos e oito meses de prisão (cumpriu sete meses). Em entrevista ao canal no YouTube do influenciador Lucas Selfie, Rennan disse que perdeu oportunidades profissionais e ficou com a vida suspensa por um ano e meio. “Tô na comunidade, fazendo baile, o Estado não mudou a situação lá, a culpa é minha?”, disse o artista, em julho deste ano. 

Sobre presente e futuro

Funk melody, ostentação, ousadia, proibidão, new funk, eletrofunk, brega funk, 150 BPM. As possibilidades e vertentes são muitas. Mas para quem vive a cena, como o funk é visto agora? “Hoje em dia, acho que muitos vêem o funk de forma diferente. O gênero ganhou até uma série,a ‘Sintonia’. E muitos lutaram para que isso acontecesse. Se você quer agitar, animar uma festa, vai tocar um funk. Existe mais respeito, antigamente havia mais preconceito. Estamos em outro patamar. Temos funks virais, que tocam no mundo todo, como ‘Baile de favela’. O ritmo vem ganhando seu espaço. Muita coisa mudou ao passar dos anos”, conta Renan Valle. 

Já QueenB Rull acredita que ainda há um caminho a percorrer. “Acho que melhorou bastante. O funk carioca é sensação nacional, bomba no Brasil inteiro. Os estigmas devem ser todos quebrados! Ainda temos muito que mudar”. E fala sobre quem veio antes dele. “Eu respeito muito as mulheres que começaram no funk, Tati Quebra Barraco, Mc Carol de Niterói, Ludmilla, Anitta, entre outras artistas do ramo, que me tornaram hoje a QueenB. Ainda o funk é criminalizado. O preconceito e ignorância de alguns que não sabem respeitar o que é cultura favelada! Assim como foi com o samba hoje acontece nas favelas. Mas o funk é sobre realidade, cultura preta e sei que meu lugar hoje aqui é trazer essa minha voz que eu vivo. Cantando o que eu sou, o funk!

Preta QueenB relata que sua relação com o funk é forte e veio da infância – Foto: Matheus Affonso

Pesquisa revela que a cada 50 dias, um ator político foi assassinado na Baixada Fluminense

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Observatório de Favelas, Universidade Federal Fluminense e Universidade Witwatersrand, da África do Sul lançam estudo sobre violência política na região

Por Redação, em 13/12/2021 às 11h18

Entre os anos de 2015 e 2020 foram mapeados 43 assassinatos de atores políticos na Baixada Fluminense. É o que aponta a pesquisa ‘Violência e Política na Baixada Fluminense’, que será lançada nesta terça-feira, dia 14, às 10 horas, durante transmissão ao vivo pelo Youtube. O estudo consolidado como uma publicação digital, foi desenvolvido por pesquisadores do Observatório de Favelas, da Universidade Federal Fluminense – UFF e da Universidade Witwatersrand – WITS, da África do Sul, com apoio da Fundação Heinrich Boll, e analisou casos de violência letal cometida contra lideranças, ativistas, representantes e gestores políticos na Baixada Fluminense no período de 5 anos.

“A pesquisa mostra a grande recorrência da violência e do poder de matar como instrumento da política na Baixada Fluminense. Os dados que analisamos ajudam a compreender uma realidade que produz imensos obstáculos para o exercício da democracia na região. Isto é fundamental para que se pense em caminhos para romper o domínio de elites políticas e econômicas violentas e autoritárias e seus modos de apropriação do Estado.” afirma André Rodrigues, Coordenador Geral da Pesquisa “Violência e Política na Baixada Fluminense”.

A pesquisa revela ainda que as eleições de 2016 foram as mais violentas no período analisado na região. Os municípios com mais casos de mortes foram Nova Iguaçu e Seropédica, seguidos de Duque de Caxias, Magé e São João de Meriti. No que se refere à atuação política das vítimas, a maior parte das mortes se vincula ao cargo de vereador, em sua maioria homens.

De acordo com os pesquisadores, a metodologia utilizada neste estudo foi o levantamento de casos de violência política letal registrados em jornais de grande circulação e pesquisas complementares na internet. Foi realizada ainda análise de dados de candidaturas disponíveis no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral e entrevistas.

“A pesquisa foi realizada a partir de uma combinação de metodologias quantitativas e qualitativas. Em muitos casos não conseguimos acessar informações básicas e relevantes sobre as vítimas, como cor, idade, partido, dinâmica da morte. Isso por si só revela bastante sobre o fenômeno, pois ao mesmo tempo em que demonstra como o que acontece na Baixada tem baixa visibilidade midiática, também alimenta essa economia dos assassinatos políticos, uma vez que quanto menor a repercussão, menor a pressão sobre as instituições responsáveis e menores as respostas sobre andamento das investigações”, destaca Leandro Marinho, um dos autores da publicação e pesquisador do Observatório de Favelas.

O lançamento da publicação ‘Violência e Política na Baixada Fluminense’, que consolida os dados e análises da pesquisa, acontece nesta terça-feira, dia 14 de dezembro, às 10 horas no canal do Youtube no canal do Observatório de Favelas e do Instituto de Educação de Angra dos Reis – UFF, simultaneamente.

Mediada por Thais Gomes – Coordenadora do Programa de Direito à Vida e Segurança Pública do Observatório de Favelas, a apresentação dos resultados da pesquisa ‘Violência e Política na Baixada Fluminense’ será conduzida por André Rodrigues, professor da UFF e Coordenador Geral da Pesquisa e contará com análise de José Cláudio Souza Alves – Sociólogo, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, autor do livro: ‘Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência na Baixada Fluminense.

A abertura do evento terá a presença de Raquel Willadino – diretora do Observatório de Favelas e Coordenadora Executiva da Pesquisa. Andres Del Río – Professor de Ciência Política, Coordenador do Núcleo de Estudos sobre Estado, Instituições e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense – UFF. Elizabete Albernaz – Pesquisadora Visitante na WITS University em Joanesburgo, África do Sul, e Coordenadora Executiva da Pesquisa e Marilene De Paula – Coordenadora da área de Direitos Humanos da Fundação Heinrich Böll.

Serviço:

Lançamento da Pesquisa ‘Violência e Política na Baixada Fluminense’
Data: 14/12/2021 às 10horas
Transmissão ao vivo: Youtube Observatório de Favelas
Youtube do Instituto de Educação de Angra dos Reis – UFF

Programação:

Abertura

Marilene De Paula – Historiadora e Mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais. Coordenadora da área de Direitos Humanos da Fundação Heinrich Böll.

Raquel Willadino – Diretora do Observatório de Favelas e coordenadora geral do Programa de Direito à Vida e Segurança Pública da instituição. Doutora em Psicologia Social pela Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid (UCM), Espanha. Coordenadora Executiva da Pesquisa Violência e Política na Baixada Fluminense.

Andres Del Río – Professor adjunto de Ciência Política IEAR-UFF. Coordenador do Núcleo de Estudos sobre Estado, Instituições e Políticas Públicas da Universidade Federal Fluminense.

Elizabete Albernaz – Doutora em Antropologia pela UFF, Pesquisadora Visitante na WITS University em Joanesburgo, África do Sul, Vice-líder do Laboratório de Estudos sobre Conflito, Cidadania e Segurança Pública da UFF e Pesquisadora Associada ao LEPOV/UFF, Laboratório de Estudos sobre Política e Violência. Coordenadora Executiva da Pesquisa Violência e Política na Baixada Fluminense.

Apresentação da pesquisa

André Rodrigues – Universidade Federal Fluminense e Coordenador Geral da Pesquisa “Violência e Política na Baixada Fluminense”

Debate dos resultados

José Cláudio Souza Alves – Sociólogo, Professor da UFRRJ, autor do livro: ‘Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência na Baixada Fluminense.

Mediação: Thais Gomes – Baixadense. Graduada em Serviço Social. Especialista em Movimentos Sociais pelo NEPP-DH UFRJ, Mestra em Serviço Social. Coordenadora executiva do Programa de Direito à vida e Segurança Pública do Observatório de Favelas.

Informações para a Imprensa
Renata Oliveira
Assessoria de imprensa – Observatório de Favelas
Tel: (21) 99889-8184
E-mail: [email protected]

Município recebe 100 mil doses e retoma campanha de vacinação contra a gripe nesta sexta-feira

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Por Edu Carvalho, em 10/12/2021 às 11h03.

Apoós suspensão por conta de falta de doses do imunizante, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro retomou na mahã desta sexta-feira (10) a campanha de vacinação contra a gripe. Com o recebimento de 100 mil doses por parte do Ministério da Saúde, todas as Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde da cidade estarão aplicando a vacina.

Vale ressaltar que a pessoa que estiver com sintomas de gripe ou Covid-19 não deve tomar a vacina.

Os locais de vacinação podem ser consultados em prefeitura.rio/ondeseratendido.

Redes da Maré promove ações de mobilização e busca por direitos no Dia Internacional dos Direitos Humanos

Haverá lançamento da campanha, vídeo e exposição ‘Somos da Maré. Temos Direitos’ e do caderno de
artigos ‘Falando Sobre Segurança Pública na Maré’

Por Redação, em 10/12/2021 às 10h58.

Alguma vez você deixou de ir à escola? Ir a uma consulta médica marcada? Chegou tarde no trabalho por conta de alguma operação policial e/ou tiroteio onde você mora? Muitos moradores de favelas e periferias têm suas vidas cotidianamente atravessadas por essas questões. A ONG Redes da Maré, como
parte da sua campanha de mobilização e busca por direito à segurança pública e à vida, lança nesta sexta, 10.12, às 18h, no galpão da Redes da Maré, na rua 17 de fevereiro, no Parque Maré, a campanha Somos da Maré. Temos Direitos, que será inaugurada com uma exposição, mesa-redonda e a exibição de um vídeo, com moradores respondendo à pergunta: qual é o seu sonho?

O resultado desta enquete é alarmante! Para esta população, o que deveria ser um direito básico garantido, como ir à escola, ao posto de saúde ou ao trabalho, circular pela cidade, cursar uma faculdade, conseguir se aposentar ou ter sua casa própria, aparece, na maior parte das falas, como sonho! Ou seja, a violência, seja ela causada por uma operação policial ou um confronto armado, interrompe sonhos. A luta vira cotidiano e as violações colocam tudo a perder em segundos, mas os danos são permanentes.

E um dos maiores empecilhos hoje para a conquista de sonhos que se confundem com direitos, para quem mora nesses territórios, é a insegurança e o medo de sair e voltar para casa, provocado pela política de segurança pública pautada na violência e violações. Os mais de 140 mil moradores das 16 favelas da Maré querem ser respeitados como qualquer pessoa da cidade, de qualquer bairro, para poder sonhar com horizontes largos, e ter seus direitos básicos garantidos.

Mobilização territorial, exposição, cartilhas e painéis

Como parte da campanha, haverá uma ação de mobilização pelas diferentes favelas da Maré, começando às 10h desta sexta-feira, com a entrega de cartilhas, adesivos, bottons e cartazes, que trazem informação sobre o que pode ou não ser feito em uma abordagem policial, as condições em que essa ação pode e deve acontecer, como horários, revista, necessidade de mandado judicial etc. Além disso, a cartilha explica o que pode ser feito caso aconteça uma violência ou violação com moradores e qual a rede de proteção e
instituições públicas que são responsáveis por garantir esse direito.

A campanha prevê ainda a exposição “É preciso estar vivo para viver”, na Maré, com os sonhos estampados ao lado dos rostos desses moradores, assim como grandes cartazes espalhados pela cidade e pela Maré.
A Redes da Maré acredita ser preciso ESTAR VIVO PARA VIVER e, para isso, vidas precisam ser preservadas, direitos garantidos e uma nova política de segurança pública assegurada para esses territórios.

Caderno de artigos Falando Sobre Segurança Pública na Maré

Acreditando na força do protagonismo dos moradores na discussão estratégica sobre segurança pública, a Redes da Maré também lança, também nesta sexta, 1012, a 2ª edição do caderno de artigos “Falando sobre Segurança Pública – a vida na favela: relatos sobre o cotidiano em meio à violência armada”, que reúne sete artigos de moradores da Maré sobre Racismo, Juventudes, Guerra às Drogas e Violência Armada nas Favelas.
Ana Paula Godoi Medrado, Fagner França, Gabriel Lima, Isabel Barbosa, Joelma Sousa dos Santos, Levi Germano Batista e Vânia Silva contribuem com suas vivências em relação aos impactos da violência armada na Maré.

Programação: sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

10h às 16h – Colagem de lambes “É preciso Estar Vivo para Viver”
10h às 16h – Campanha porta-a-porta de distribuição das cartilhas
10h às 14h – Exposição Fotográfica “É Preciso Estar Vivo para Viver”
Local: Praça da Nova Holanda, em frente ao mototáxi da rua principal e próxima à sede da
Redes da Maré (R. Sargento Silva Nunes, 1012)
14h às 17h – Exposição Fotográfica “É Preciso Estar Vivo para Viver”
Local: Entrada da Rubens Vaz pela Avenida Brasil
16h – Lançamento do Painel “É Preciso Estar Vivo para Viver”
Local: Rua São Sebastião (Favela da Galinha)
18h – Evento: Lançamento da campanha “Somos da Maré. Temos Direitos”, com a exibição do vídeo “É preciso Estar Vivo para Viver”, que traz depoimentos de moradores da Maré sobre qual é o seu sonho?, e do livro de artigos “Falando Sobre Segurança Pública na Maré – a vida na favela: relatos sobre o cotidiano em meio à violência armada”. Local: Galpão do Espaço Normal, Rua 17 de Fevereiro, 237. Parque Maré.

Dia dos Direitos Humanos: projeções chamam atenção para urgência da educação antirracista no Brasil

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Ação é do Projeto Seta, iniciativa criada por seis organizações da sociedade civil e ocorre às 19h em seis cidades. O objetivo é chamar a atenção, nas cinco regiões do país, para o combate ao racismo nas escolas e a promoção da equidade racial para negros e indígenas

Por Redação, em 09/12/2021 às 15h11

Amanhã, 10 de dezembro, data em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos, acontecerá o lançamento do Projeto SETA: uma aliança inovadora com seis organizações da sociedade civil nacional e internacional que terá como foco a construção de um Sistema de Educação Pública Antirracista no Brasil. Integram essa potente iniciativa: a ActionAid, a Ação Educativa, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Geledés – Instituto da Mulher Negra  e a Uneafro Brasil.

O Projeto Seta (Sistema de Educação pela Transformação Antirracista) é um dos finalistas da ação global da Fundação Kellogg para promoção da equidade racial (Racial Equity 2030). Na data, marco instituída pelas Nações Unidas, o projeto  fará, entre suas ações de lançamento, projeções em seis capitais brasileiras (Belém, Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Porto Alegre), com mensagens, dados e reflexões da importância de combater o racismo nas escolas, enfrentar as desigualdades sofridas por pessoas negras e indígenas e promover equidade racial. As projeções vão ocorrer às 19h, de forma simultânea, nas cinco regiões do Brasil.

Com acolaboração de uma rede nacional de líderes estudantis, pesquisadores e especialistas nos 26 estados brasileiros e no DF, além de conexão com os movimentos negros, indígenas, da educação e da juventude, o Seta nasce do entendimento de que é preciso fortalecer a aliança com as organizações existentes, principalmente no momento em que o país vive inúmeros ataques contra as políticas públicas de educação conquistadas nas últimas décadas.  

Entre os principais objetivos do projeto, estão propor uma educação antirracista, fazendo valer a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) alterada pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola (2012) e para a Educação Escolar Indígena (2012). O projeto também visa construir solidariedade entre movimentos de base, promover cooperação internacional sobre educação antirracista nutrindo uma rede global de ativistas, fortalecer a atuação de defensores e pesquisadores do campo, com soluções práticas, intercâmbios de aprendizados, processos formativos e estimulo a ações protagonizadas por adolescentes, jovens, núcleos acadêmicos, governos e organizações da sociedade civil.

De acordo com a Diretora de Programas da ActionAid Brasil, Ana Paula Brandão, o projeto Seta nasce com uma capilaridade nacional e internacional e acúmulo de organizações que já atuam com a transformação social no país com diferentes iniciativas.  “A ideia é que as projeções chamem a atenção da população nesse primeiro momento, com mensagens e imagens que explicitem a intenção dessa aliança para a educação antirracista. Entendemos a necessidade da escola ser o espaço de combate ao racismo, de oferecer o mesmo tratamento para crianças e adolescentes que vêm de lugares diferentes, de histórias diferentes”, acrescenta.  

Entre suas ações, o Projeto Seta pretende desenvolver uma base de evidências multimídias das experiências vividas do racismo na educação e na sociedade brasileira em geral; facilitação de diálogos em escolas e instituições; mobilização de campanhas antirracistas em quatro áreas da educação: currículo, formação de professores, cultura escolar e financiamento.  

A Suelaine Carneiro, Coordenadora de Educação e Pesquisa, de Geledés Instituto da Mulher Negra, explica que  o projeto cria uma rede com objetivo de fortalecer identidades e garantir direitos, propondo o rompimento de imagens negativas forjadas no espaço escolar, e também, por diferentes meios de comunicação contra pessoas negras. “Tem muita coisa que precisa ser reformulada na educação. A educação popular, a tradição oral, os valores civilizatórios africanos devem ser inseridos nas práticas pedagógicas, pois fazem parte de nossa construção social”, afirma”.

Denise Carreira, coordenadora institucional da Ação Educativa, destaca que apesar das Leis existentes, a prática não é aplicada. “Ainda há uma imensa resistência na sociedade e nos sistemas de ensino à implementação dessas conquistas legais. A mudança que almejamos é paradigmática e exige constituir um processo de transformação global que aborde as diferentes dimensões das escolas e das políticas educacionais.  O projeto Seta pretende contribuir para essa transformação, com base na lutas do movimentos negros, quilombolas e indígenas do país, afirmando que a superação do racismo é central para a democracia e um desafio do conjunto da sociedade”.

A coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, afirma a necessidade dessa articulação. “Acreditamos muito no potencial de redes de entidades tão relevantes e importantes para a garantia do direito à educação antirracista, mobilizando outros grupos, como de estudantes e jovens, que trarão ainda mais capilaridade e transformação social”.

Para Vanessa Nascimento, fundadora da Uneafro Brasil, “uma educação pública antirracista passa pelo entendimento de governos e de toda a sociedade que enquanto houver racismo, não haverá democracia. Continuar com o sistema atual é manter o racismo nas estruturas do Brasil. A Uneafro é um movimento de educação popular que há 12 anos leva a luta contra o racismo para a sala de aula. Estamos em mais de 40 núcleos e temos muita experiência para compartilhar”, vislumbra ela.

Confira as localidades das projeções nos seis estados:

Belém – Rua Serzedelo Corrêa, Nazaré, Belém do Pará

Brasília – Biblioteca Nacional, Brasília

Rio de Janeiro – Avenida Nossa Senhora de Copacabana, Rio de Janeiro

Salvador – Avenida Cardeal da Silva, Rio Vermelho, Salvador

São Paulo – Rua da Consolação, Consolação, São Paulo

Porto Alegre – Rua Venâncio Aires, Centro Histórico, Porto Alegre