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Bailarino mareense conquista palcos e inspira novas gerações

Nascido e criado na Maré, David Almeida é ator, bailarino, performer, professor de dança, drag queen e artista pesquisador das danças

Por Aline Fornel, em 07/12/2021 às 12h06. Editado por Tamyres Matos

Aos 11 anos, David Almeida conheceu a Vila Olímpica da Maré, onde sempre esteve presente nas aulas esportivas, como ginástica olímpica, natação e vôlei. Ali, ele descobriu uma companhia de dança que sempre ensaiava aos sábados. Encantado com o projeto, o frequentador do espaço começou a estudar ballet e, depois de 1 ano, já fazia parte do Conservatório Brasileiro de Dança, na Tijuca. 

Era um intensivo sério. Meu primeiro momento sério de formação, que não era regular nem da escola. Era uma família de artistas, a gente trocava muito, vivia muito”, relembra. 

Aos 12 anos, sua rotina era completamente diferente dos seus colegas do colégio. Todos os dias, saía da Escola Clotilde Guimarães e ia direto para a escola de dança. David fazia aulas de ballet, contemporâneo e danças populares, retornando para casa ao anoitecer. 

Após um ano, o bailarino participou da sua primeira apresentação no palco do Conservatório, com sua mãe e amigos presentes. “Não consigo esquecer o momento que entrei. Aquelas luzes, a plateia cheia… a gente terminou a coreografia e deu tudo certo. Foi lindo”, descreve.

Este foi o primeiro momento dos demais inesquecíveis que estavam por vir. Em julho de 2009, aos 14 anos, o artista mareense foi se apresentar em um festival na cidade de Joinville, Santa Catarina. Sua primeira viagem para fora do Rio, com 18 horas de duração, ocorreu para que pudesse dividir seu talento com o sul do país. 

Relação com o yoga

Em 2018, David conheceu a prática de yoga, através do projeto Yoga da Maré – realizado pela Redes da Maré –  e dois anos depois, criou o Yoga Dance, seu próprio projeto que unia a dança com o yoga. 

Em 2021, o artista ingressou em um curso de formação para professores de yoga na Maré, que acontece remotamente desde agosto. “Eu entendi que a formação é importante pra gente que está construindo um nome, um corpo da dança”, diz.

Charlotte Milu

David Almeida também desenvolve performances com sua drag, Charlotte Milu, uma menina muito carismática, que traz muita alegria aos shows e que, com o Projeto E, já se apresentou em locais como o Galpão Bela Maré e nos 12 anos do Conexão G (espaço LGBTQIA+ da Maré).

Fotografia: Matheus Affonso
Foto: Matheus Affonso

“A arte da drag é a construção de um personagem. Na performance drag, você pode ser um homem, mas pode ser uma mulher também. Você constrói a história, ela é caracterizada por tudo o que você quer. Exercitar a arte de ser drag me direcionou para várias linguagens. Eu entendi que gostava dessa coisa do show, da performance, troca de figurino”, conta.

David participou dos filmes “Noite das Panteras” e “Noite das Estrelas” – produzidos pelos coletivos Grupo Pantera e Entidade Maré – obras que enaltecem os artistas LGBTQIA+ locais. “Quando você é artista e bicha, você não é só artista, você não é só preta, você não é só bicha. Não tem como dividir. As duas coisas caminham sempre juntas”, afirma.

Incentivador

E o jovem não para. Em janeiro de 2021, David escreveu um espetáculo sobre a história de sua carreira artística e todas as suas linguagens com a dança, atravessando questões como “bicha”, preta e favelada. “Se joga, entrega, não deixe que nada te desanime. Busque sua formação porque ela faz com que a gente chegue em mais espaços”, aconselha. 

Acompanhe os trabalhos do artista em sua página no Instagram.

Foto: Jonathan Barbêdo

Coletivo faz vaquinha para ampliar produção de dados sobre Jacarezinho durante a pandemia

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Iniciativa tem como objetivo trabalho em cinco eixos de pesquisa sobre vida na região

Por Edu Carvalho, em 07/12/2021 às 9h. Editado por Tamyres Matos

Criado para ser um laboratório propositivo de ideias e ações para o Jacarezinho, com o olhar atento e interno de moradores locais, a iniciativa LabJaca vem ganhando cada vez mais espaço na disputa de narrativas de novas histórias e possibilidades através de dados. Dando continuidade ao processo de um estudo aprofundado sobre a região, feito em 2020, primeiro ano da ação (durante a pandemia), os integrantes agora querem ampliar a lupa sobre as questões que tocam o dia a dia dos moradores. Para que o trabalho saia do papel, eles abriram uma vaquinha online nos últimos dias.

A proposta dessa vez é fazer uma ‘’amostragem que seja representativa da favela do Jacarezinho, ou seja, um estudo que, partindo de um grupo menor, seja capaz de falar da população desse território como um todo’’. A ação se estabelece em cinco dimensões da vida da população do Jacarezinho: 1) saúde física e mental; 2) renda, trabalho e comércio; 3) educação; 4) hábitos de consumo; 5) lazer e uso de tecnologias. Cabe lembrar que até 2010, o Jacarezinho tinha o 6º pior Índice de Desenvolvimento Humanos (IDH) da cidade. 

Para Pedro Paulo dos Santos, um dos organizadores do LabJaca, a realização do projeto é importante para ser espelho à outras favelas e questões que permeiam este cotidiano. 

‘’O Jacarezinho é essa favela que é a mais negra do Rio de Janeiro, que passou pela chacina esse ano e que tem ainda uma epidemia de tuberculose. É um local bastante marginalizado, precarizado pelo Estado e pela sociedade em geral. Nossa pesquisa tem como objetivo fazer uma análise representativa, indo de domicílio a domicílio, produzir dados novos que sejam condizentes com a realidade. É também fazer uma metodologia que possa ser utilizada por outras instituições e favelas’’, comenta. 

O projeto tem como parceiros a Benfeitoria e o Fundo Enfrente, numa modalidade de Financiamento Coletivo chamado Matchfunding, que vai triplicar os valores arrecadados. A meta até o próximo dia 15 de dezembro é no valor de R$ 90 mil. Aqueles que doarem poderão receber ‘’recompensas’’, como uma flash tatoo com o tatuador @locetattoo; ecobags; a famosa camisa, exclusiva a cada ano de campanha; um guia digital de comunicação em dados e um minicurso sobre os panteras negras.

Espaço do Leitor: “Eu, Nós”, por Aline Botelho

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Poema de moradora aborda a subjetividade do letramento racial e a importância da resistência

Por Redação, em 07/12/2021 às 07h.

EU, NÓS.

A potência da escrevivência é como o pulsar de tantas vidas

Emociona-me a fuga, a dor e a fome de tantos de nós

A saliva seca aumenta a intensidade da dor que o nó na garganta provoca

Mas essa dor serve para me lembrar que saí dos porões, me foram desatados os nós que prendiam o meu corpo.

Ganhei o mundo, passei pelos becos, virei tantas esquinas, percorri estradas 

Pés descalços, muitas vezes cansados, suor no rosto em busca do lugar ao Sol

Tomei fôlego na vida, deixei de lado as dores da alma que me afligia nas senzalas que antes outrora, eram lugar de tormenta e choro velado.

Não somos só reprodutoras, não somos só cuidadoras…

Somos força, resistências e fé.

Fiz-me na história… 

Eu sou tantas histórias: me completo do outro, me completo de você.

Sou alma negra, pele negra, espírito da liberdade.

Tentaram calar a minha voz, mas não me deixo abater

Sou dona de mim, sou negra de raiz.

Sou potência, sou empoderamento, não venha tentar mudar meu convencimento. Sou de raiz africana, sou Zambi ou Uganda.

Sou africanidade, sou serenidade e seriedade.

Respeite o meu enredo, sou MULHER NEGRA/PRETA que luta na vida e que não corre da labuta.

Chama-me de NEGRA, me chama de PRETA, só não queira colocar as máscaras dos silenciamentos para emudecer a minha história… as nossas tantas histórias com o seu preconceito.

Sobre a autora

Aline Botelho é uma mulher periférica, professora, poetisa, cria de Bel, mãe de duas meninas, filha de Nilza e de Jorge Botelho, de luta e na luta. 

Mestranda em educação, contextos contemporâneos e demandas populares (UFRRJ), especialista em alfabetização e letramento (Instituto Signorelli) e graduada em pedagogia (UFRRJ).

Atualmente é docente dos anos iniciais da rede municipal do Rio de Janeiro, na Maré e orientadora pedagógica do município de Araruama.

Movimento VIRA PÁGINA realiza ações contra o governo

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Organizações, coletivos e lideranças comunitárias do Estado do Rio promovem uma série de eventos até dia 12 de dezembro

Por Renata Oliveira, em 07/12/2021 às 12h30.

Com o aumento do preço dos alimentos, do combustível, da energia e do transporte, a conta não fecha no final do mês. É com base no contexto econômico do país que organizações e lideranças da sociedade civil começaram no dia 4 e irão até o 12 de dezembro com uma série de atos de mobilização política e culturais. A ação “A Conta Não Fecha” reúne mais de 30 atividades em favelas e periferias pelo estado do Rio. Na Baixada, na Zona Oeste, na Zona Norte, São Gonçalo e nos quatro cantos do estado do Rio, são muitas insatisfações e protestos de pessoas afetadas, pois a conta não fecha.

A ação marca o lançamento do movimento VIRA PÁGINA, uma articulação para unir pessoas, organizações, atores e atrizes políticas que queiram contribuir na reconstrução do Rio de Janeiro e do Brasil em 2022. Articulação anti-Bolsonaro e pró-Rio e que pretende conversar com quem votou no atual presidente nas eleições de 2018, mas hoje está decepcionado com a situação do país. De acordo com levantamento da FIRJAN, já são 2,6 milhões de pessoas no estado do RJ em situação de extrema pobreza e sobrevivem com até 89 reais por mês. E são mais de 1,5 milhão de desempregados no Brasil no segundo semestre de 2021, de acordo com PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (IBGE). A articulação pretende mobilizar pessoas e apresentar propostas para melhoria da qualidade de vida da população e redução das desigualdades nos bairros, favelas e cidades no estado do Rio de Janeiro, a partir de cada um destes territórios:

“O grande diferencial desta articulação é que ela nasce do grupo de coletivos, lideranças e articulações que estão nas periferias e favelas. São essas as regiões que estão na prioridade desta mobilização. Queremos provocar ondas de conversa entre nossas famílias e comunidades, sobretudo com quem acreditou nesse projeto atual e está vendo que a situação só piorou. Nosso país não aguenta mais quatro anos desse governo e a nossa mensagem principal agora é denunciar a inflação absurda e custo de vida impossível para uma população mais empobrecida e desempregada. Ao longo de 2022, traremos propostas e juntos vamos mostrar que é possível virar essa pagina no estado do Rio de Janeiro e no Brasil.” – declara Henrique SIlveira – coordenador geral da Casa Fluminense, uma das organizações sociais que participam do movimento e assinam o manifesto.

No site www.virapagina.org é possível conhecer e assinar o manifesto e unir-se a este movimento liderado por organizações da sociedade civil como Casa Fluminense, Instituto Marielle Franco, Observatório de Favelas, Movimenta Caxias, Redes da Maré, Data_Labe, Nossas, Instituto Enraizados, Ressuscita São Gonçalo, Tudo numa coisa só, Sim, sou do Meio, Mobiliza Japeri, Agenda Queimados 2030, Agenda Realengo 2030, Coletivo Papo Reto, Instituto Raízes em Movimento, Mulheres Negras Decidem, Movimentos, Coletivo Fala Akari, Observatório dos Trens, Voz da Baixada, Visão Coop, Gomeia Galpão Criativo, Cineclube Mate Com Angu, Ação da Cidadania, Instituto Pensamentos e Ações para Defesa da Democracia – IPAD, Coletivo Maré Vive, Frente de Mobilização da Maré, Ampara, Uneafro Brasil RJ, PerifaConnection

Durante o evento, organizações, coletivos e lideranças desenvolverão ações em seus territórios, especialmente em favelas e periferias, ações para mobilizar pessoas para se unir ao movimento VIRA A PÁGINA e protestar contra o atual governo.

Abaixo a programação:

Nesta terça-feira, dia 7, acontece panfletagem no calçadão de Bangu, na Zona Oeste. Ponto de encontro será na escada rolante do calçadão. Em Campo Grande, lideranças farão distribuição de adesivos e panfletagem no calçadão e nas proximidades da estação de trem. O ponto de encontro será na Rua Augusto de Vasconcelos, 99 – Mercado São Bras. Já no bairro de Cavalcanti, na Zona Norte, acontece uma conversa com a comunidade além de batalha de rap e colagens de lambes. Em Acari, as lideranças instalam faixas e cartazes de protesto nas vias públicas, iniciando na Av. Brasil, na altura do número: 18508.

Na Quarta-feira, dia 8, carro de som passará pelas ruas de São Gonçalo além disso haverá panfletagem em pontos estratégicos. Já em Niterói haverá panfletagem na Rua Marechal Deodoro, 474. Em Belford Roxo haverá panfletagens e oficina artística de palhaçaria, a partir de 10horas, na Praça Eliaquim Batista, no Centro do município da Baixada Fluminense

Já na Quinta-feira, dia 9, a liderança de Belford Roxo vai reunir mais de 300 mulheres para uma roda de conversa sobre a conjuntura política, a partir de 18h30 na Avenida Benjamin Pinto Dias, 643. Já em Realengo, a liderança da Vila Vintém fará panfletagens, colagens de cartazes e se disponibilizará para conversar com as pessoas na rua.

No dia 10 de dezembro, dia de Direitos Humanos, São Gonçalo e Niterói seguem mobilizando a população através de panfletagem, colagem de cartazes em locais públicos e consulta popular. Na Pavuna, terá panfletagem, colagem de lambes e distribuição de cafezinho em frente a estação do metrô, a partir de 9horas da manhã.

No sábado, dia 11, no município de Japeri, Baixada Fluminense acontecerá distribuição de adesivos e colagens de cartazes na estação de trem a partir das 8horas. Duque de Caxias realiza caminhada e colagem de cartazes. O ponto de encontro será na Praça de Imbariê. As 16horas acontece a exibição de filme na Rua Aratimbó, 8 – Santa Lúcia para a comunidade. No mesmo dia, no bairro do Pilar acontece a distribuição de material na Rua Tel-Carim Lote, iniciando na altura do número 24 Quadra 08. Em Queimados, outro município da Baixada, acontece uma oficina sobre educação financeira, onde será possível falar sobre o atual cenário econômico. a ação acontece na Av. Irmãos Guinle, 1653 – Vila do Tinguá. Já na Zona Norte, no bairro do Engenho Novo, acontece prestação de serviços comunitários e curso de capacitação na Rua Araújo Leitão, 1035. Na Maré, lideranças vão reunir jovens para uma conversa e em seguida farão colagem de cartazes. O ponto de encontro será na sede da Redes da Maré, na Rua Sargento Silva Nunes 1012 – Nova Holanda.

Surto de gripe lota postos de saúde da Maré

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Indicação da Secretaria Municipal de Saúde é que cariocas se vacinem contra a influenza

Por Jorge Melo, **Sthefani Maia e Flávio Herculano em 06/12/2021 às 11h25. Editado por Edu Carvalho

Na semana de 14 a 20 de novembro, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro registrou um aumento de 37%, nos casos de gripe, com 16.094 casos. Rocinha, Vila Kennedy e centro da cidade foram as áreas mais atingidas. Esses dados confirmaram uma suspeita. A cidade vive um surto da gripe Influenza-H3N2, infecção aguda do sistema respiratório, com grande potencial de transmissão. O vírus (Influenza) propaga-se facilmente e é responsável por elevadas taxas de hospitalização. As medidas de proteção são as mesmas do covid-19, distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos com álcool ou água e sabão.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde do Rio apontam que atualmente, 95,5% das síndromes gripais são causadas pela Influenza-H3N2. Para combater o surto, no dia 24 de novembro, a SMS publicou, no Instagram, um anúncio: “Atenção, cariocas! Isso é uma convocação. Se você ainda não se vacinou contra a gripe, vá hoje mesmo ao posto de saúde mais próximo garantir a sua dose

Devido à demanda, na terça-feira, 30 de novembro, faltou vacina em alguns postos do município, inclusive na Maré; e a vacinação foi suspensa. No entanto, foi retomada na tarde de quarta-feira, com a chegada de 200 mil doses, das quais, 160 mil foram destinadas à capital. Na última sexta, a Prefeitura interrompeu novamente a vacinação contra a gripe para o sábado (4/12). A Secretaria Municipal de Saúde informou que aguarda a entrega de uma nova remessa pelo Ministério da Saúde para esta semana.

O surto aumentou em 400% o número de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), administradas pelo governo do estado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, em algumas unidades foram realizados até 800 atendimentos num único dia. As prioridades são crianças, a partir de seis meses, gestantes, puérperas, idosos e  profissionais de saúde. Porém, pessoas com sintomas de gripe ou Covid-19 não devem tomar a vacina.

 O cenário da gripe na Maré

 Na Maré, os postos estavam sendo abastecidos com 500 a 800 doses diárias. Entretanto, segundo uma profissional de saúde, a procura foi  grande e a vacina acabou em alguns postos. A exceção foi a Clínica da Família Adib Jatene. Na Clínica da Família Diniz Batista dos Santos, uma funcionária, que não quis se identificar, comentou que nunca viu tanta procura assim pela vacina. A clínica oferece a vacina da gripe o ano todo e o número de pessoas que vai se vacinar é pequeno. No entanto, a notícia do surto fez a população correr aos postos em busca de proteção.

Uma preocupação de quem vai se vacinar contra a gripe é se há alguma contra indicação em relação à vacina da covid-19. O Ministério da Saúde, no entanto, garante que as duas vacinas podem ser tomadas simultaneamente. Charles Ferreira, copeiro da Petrobras, tomou a dose única da Janssen em junho, agora foi ao posto para tomar a dose de reforço, aproveitou para tomar a vacina da gripe.”

***Contribuiram para a pesquisa desta reportagem os estudantes Sthefani Maia e Flávio Herculano, vinculados ao projeto de extensão Laboratório Conexão UFRJ, parceria entre o Maré de Notícias e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)