Por Lucas Feitoza
A Semana de Arte Favelada (SAF) depois de passar pelo Theatro Municipal com exposições artísticas, teria encerramento no Centro de Arte da Maré (CAM), neste fim de semana com o Festival Multilinguagem. Porém devido a chacina na Nova Holanda e Parque União nesta sexta-feira (25), o evento foi adiado para o próximo dia 17 de dezembro.
A SAF é uma releitura da Semana de Arte Moderna realizada em 1922 que reuniu palestras, apresentações de dança, música e recitação de poesias no Theatro Municipal de São Paulo, inspirado na estética européia. O objetivo da SAF é valorizar a cultura dos territórios periféricos, mas diferente da realizada um século atrás, foi interrompida.
O idealizador da Semana de Arte Favelada, Wellington de Oliveira, contou que na sexta-feira (25) já havia cancelado a organização do evento e junto com a equipe de produção questionou: “como a gente faz um festival de alegria e amor depois de tanta violência? A gente acabou de fazer o evento no Theatro Municipal (Centro, RJ) e quando vem pro território não temos direitos, é como se tivessem dois Rios de Janeiro, e essa é a realidade da favela”. desabafa o idealizador
As apresentações do festival multilinguagem seriam no sábado (26) e domingo (27) com 10 apresentações artísticas de dança, música e teatro. A única programação que permaneceu foi o lançamento do livro digital (ebook) gratuito no sábado. Semana de Arte Favelada: Arte Literária reúne 25 textos de autores favelados, organizado por Marcos Diniz, com prefácio da deputada estadual Renata Souza, ilustrado por Matheus Afonso e editado por Meg Mendes e Leonardo Melo. O Sarau Multilinguagem vai ser um espaço de debate sobre os textos.
Vitor Felix, 27 anos, professor e artista independente, conta que o Sarau Multilinguagem será um momento com diferentes pessoas debatendo sobre os temas abordados no livro digital, e que a operação da semana passada vai repercutir na atividade. O texto “Tempos urgentes” do escritor, foi um dos selecionados, “a gente quer permanecer e não adianta qualquer tipo de violência, a gente quer usar a nossa voz, é um direito que não se pode negar”. concluiu.
A operação policial conjunta da PMERJ e PCERJ deixou 8 pessoas mortas, feridos e mais uma vez muitas violações direitos para os moradores da Maré, com direitos fundamentais negados.