Depois de ter interrompido os estudos por 17 anos, Edilene Rodrigues conclui os ensino fundamental e médio, cursa o CPV e ingressa em uma universidade pública de ponta
Eliane Salles
Ao passar para o curso de Serviço Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a monitora do projeto Vínculos Solidários da Redes da Maré Edilene Rodrigues obteve uma dupla conquista: tornou-se universitária (e a caminho da profissão que sempre desejou) e provou para si mesma que sua potência é maior que seus medos.
Edilene, de 46 anos, ficou 17 anos sem estudar e, aos 36, decidiu que era hora de voltar. Mas, recomeços nem sempre são fáceis e se dão rapidamente. No meio disso, tinham – estes sim grandes complicadores – o medo de fracassar e a vergonha, sentimentos muito comuns em adultos que voltam aos bancos escolares. “Tinha medo de ir para a universidade. Não me achava suficiente”, conta Edilene.
Felizmente, desse embate interno, a coragem e a força de vontade saíram vitoriosas. Atualmente, Edilene prepara-se para cursar o segundo período de Serviço Social em uma das mais disputadas universidades do estado. Detalhe importante: a futura assistente social foi a quarta colocada no vestibular – um feito e tanto. “Foi de muita felicidade [quando soube do resultado]. Minha mãe ficou muito feliz, e se meu pai estivesse vivo também ficaria”.
O percurso
A decisão de voltar aos estudos veio em 2007, quando cursou o ensino fundamental pelo EJA (Ensino de Jovens e Adultos). Em 2010, nova conquista: concluiu o Ensino Médio. Daí pra frente não parou mais de estudar, ingressou no Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré (CPV) e, em 2019, tornou-se universitária. “O que foi mais complicado foi a minha parte. Tinha vergonha de perguntar, embora os professores [do CPV] tivessem muito boa-vontade”.
Questionada sobre como tem sido a vida de estudante, Edilene dá mostras que todos os percalços para chegar à universidade valeram a pena. “Estudar é sempre um recomeço. Pode ser difícil no começo, mas é prazeroso. A pessoa que tem vontade, tem que vir [estudar], é muito prazeroso”.