Mesas de debates, rodas de conversa, compartilhamentos de experiências, oficinas, apresentações culturais e shows animam a Praça Mauá no Rio. É o Festival Mulheres do Mundo que acontece até domingo no Rio.
O momento é de mostrar a construção de experiências de mulheres. No Festival Mulheres do Mundo, a mesa Vidas em Conexão: Experimentar, que ocorreu no Mezanino, do Museu do Amanhã, trouxe Alexandra Roque, ambientalista, Helena Theodoro, professora e escritora, Shirley Krenak, ativista indígena, Inara Nascimento, pesquisadora indígena, Clara Sacco Ribeiro, cofundadora e coordenadora do Data_Labe, Cris Bartis, cofundadora da plataforma Mamilos de Diálogo e Denise Dora, advogada.
No encontro elas trocaram experiências de vida, sobre saberes. A mesa trouxe mulheres que fazem do conhecimento o seu campo de cultivo e que entendem que saberes são plurais, que há muitas formas de aprender e pensar. “A dança, a comida e a ancestralidade são elementos que nos unem. A formação que os professores nos passam nos fortalece para tirar o preconceito do mundo”, detalha Cris Bartis.
A mesa propôs o diálogo para se aceitar a diferença. “É o momento de cruzar histórias e diferentes atuações. Esse encontro foi de troca, um alentar dos saberes e das diferenças”, resume Clara Sacco Ribeiro. A indígena Inara Nascimento, falou da resistência para as conquistas. “É preciso fazer a diferença. Convido a todos a saberem da vivência e assim fortalecer a luta com ânimo.”
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Dos Quilombos as aldeias
Já mesa realizada no segundo andar do Museu de Arte do Rio, intitulada Quilombos e Aldeias em Contextos Urbanos, reuniu lideranças negras e indígenas. As lideranças reunidas na conversa era Pontira Guajajara, da Aldeia Maracanã, Elizabeth Fernandes, do Quilombo da Baia Formosa e Hosania Nascimento, do Quilombo Aquilah. A mediação ficou com Thais Rosa.
A mesa mostrou espaços urbanos de encontro e proteção, que em pleno 2023 ainda precisam de lutas para a continuidade da heranças e culturas. “Sou uma mulher negra e descendente de indígenas. Vivemos num quilombo urbano em Jacarepaguá, num território que já reuniu 11 engenhos. Lutamos pela dignidade, com trabalho na saúde, na agroecologia e na cultura popular. Nosso povo só deseja mais afeto e escuta. No momento fazemos um trabalho nas escolas para mostrar que a nossa cultura não é do mal”, conta Hosania Nascimento.
Mulheres que mostram o seu papel de protagonistas nas histórias e na continuidade dos valores de suas existências. “Ainda precisamos lutar para mostra que Armação de Búzios foi formado pela nossa presença e não por Brigitte Bardot. Para isso, realizamos um turismo pedagógico, para mostrar a luta pela terra”, diz Elizabeth Fernandes.
A existência de um povo depende da soma de todos. “Por nos encontramos num contexto urbano, nos perguntam se somos indígenas de verdade. Todos nós precisamos de água e ar para vivermos, então é necessário cuidar da floresta, pois o nosso corpo é a natureza. Queriam transformar a nossa casa num estacionamento, mas os nossos ancestrais não deixaram e estamos lá. Contudo, viver na cidade não é fácil, hoje só temos dois indígenas estudando na UERJ”, lembra Potira Guajajara.
No final ambas falaram que todas carregam dentro de seus corpos os seus ancestrais, que as fortalecem para lutar pela vida de todo um povo.
Quem não puder estar em todas as atividades, terá a oportunidade de assistir a nove debates do evento que serão transmitidos pelo YouTube do Canal Futura. Eles vão acontecer de 27 a 29 de outubro, à tarde, no Auditório do Museu do Amanhã. Serão três por dia, sempre nos horários das 14h às 15h30, das 16h às 17h30 e das 18h às 20h.
Confira abaixo a programação de cada dia:
Dia 27/10/2023
Violência e Segurança Pública – Das 14h às 15h30
Assa Traoré (França) – Ativista e Líder do Comitê da Verdade e Justiça para Adama
Buba Aguiar- Socióloga, Ativista e Militante do Coletivo Fala Akari
Liliane Santos- Assistente Social e Coordenadora do Projeto Maré de Direitos
Bruna Da Silva – Movimento Mães da Maré
Ivanir Mendes – Membro da Rede Comunidade e Movimento Contra a Violência
Mediação: Cecília Olliveira – Jornalista Especializada em Segurança Pública
Feminismos Locais – das 16h às 17h30
Fátima Ouassak (França) – Cientista Política e Cofundadora da Frente das Mães
María Galindo (Bolívia) – Militante Anarcofeminista, Psicóloga e Comunicadora
Mikki Kendall (EUA) – Escritora, Ativista e Crítica Cultural
Mediação: Andreza Jorge – Ativista, Professora e Escritora
Escrever o amor e o afeto – das 18h às 20h
Anelis Assumpção – Cantora, Compositora e Diretora do Museu Itamar Assumpção
Conceição Evaristo – Escritora e Doutora em Literatura Comparada.
Mediação: Obirin Odara – Mestra em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Dia 28/10/2023
Mulheres na Política – Das 14h às 15h30
Benedita da Silva- Deputada Federal
Dani Balbi- Deputada Estadual – RJ
Islandia Bezerra – Diretora de Diálogos Sociais
Marina do MST – Deputada Estadual – RJ
Mediação: Juliana Marques – Cofundadora do Movimento Mulheres Negras Decidem
Teorias sobre nós – das 16h às 17h30
Denise Carrascosa – Pesquisadora e Professora da UFBA
Letícia Carolina Nascimento – Pedagoga e Professora da UFPI
Anahí Guedes – Antropóloga e Pesquisadora
Heloísa Starling- Historiadora e Professora da UFMG
Mediação: Érica Peçanha – Antropóloga e Pesquisadora
Futuro para quem? – das 18h às 20h
Lucia Xavier – Assistente Social e Coordenadora da ONG Criola
Manuella Mirella – Presidente da UNE e Ativista da Educação
Anielle Franco – Ministra da Igualdade Racial
Mediação: Rayanne Soares – Mobilizadora Territorial e Assessora Parlamentar
Dia 29/10/2023
Saúde, Território e Gênero: repertórios a partir da pandemia – Das 14h às 15h30
Débora Silva – Gestora da ONG Sim! Eu Sou Do Meio
Gláucia Marinho – Coordenadora da ONG Justiça Global
Rosana Beatriz – Coordenadora da Associação Cultural Lanchonete Lanchonete
Pamella Liz – Cientista Social e Sanitarista
Mediação: Pâmela Carvalho – Educadora e Coordenadora da Redes da Maré
Gênero e Justiça Ambiental – das 16h às 17h30
Cristiane Faustino – Ambientalista e Presidente da ONG Justiça Global
Eliana Karajá – Presidente da Associação Indígena do Vale Araguaia
Marina Marçal – Advogada e Pesquisadora em Política Climática
Selma Dealdina – Assistente Social e Secretária da Conaq
Mediação: Kamila Camilo – Ativista Ambiental e Empreendedora do Instituto Oyá
Histórias do Amor e do Amar – das 18h às 20h
Amara Moira – Escritora e Doutora em Literatura pela Unicamp
Aza Njeri – Professora Doutora em Literaturas Africanas
Josephine Apraku (Alemanha) – Professore de Estudos Africanos
Obirin Odara – Mestra Em Políticas Sociais e Diretora do Studio Krya
Mediação: Camila Marins – Jornalista e Editora da Revista Brejeiras