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Favela Olímpica: atletas medalhistas da Maré inspiram novas gerações do esporte

Atletas da Maré recordam medalhas Olímpicas e os frutos desse legado que inspira as novas gerações do território. Foto: Gabi Lino

A emoção inexplicável de quem já competiu nas Olimpíadas e a esperança dos sucessores

O mundo vivenciou a 33ª Olimpíada, que aconteceu em Paris, na França. Agora nas atenções se voltam para os Jogos Paraolímpicos, disputados por atletas com deficiências motoras, visual ou intelectual de várias modalidades, representando o seu país e tentando levar para casa uma medalha no peito. Quem já participou das Olimpíadas, maior competição esportiva do planeta, afirma que é uma emoção inexplicável.

Nova Holanda olímpica

Dizem que o atleta precisa não só correr atrás do que almeja, mas correr na frente. Foi o que fez o ex-atleta olímpico Robson Caetano, de 59 anos, que deu seus primeiros passos na Nova Holanda. Ele se tornou recordista sul-americano dos 100 metros rasos e participou de quatro edições olímpicas, trazendo duas medalhas para o Brasil.

“Nasci na rua F e tenho orgulho disso. Estou há mais de 20 anos aposentado das pistas, mas não deixo de levar o que aprendi a todos. É muito bom ver as sementes que plantamos”, comenta.

Outro que não esquece suas raízes é o ex-pugilista Roberto Custódio, de 37 anos, também da Nova Holanda. Ele construiu a trajetória esportiva na instituição Luta Pela Paz e hoje é o coordenador esportivo. Roberto foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2013 e competiu nos Jogos Olímpicos de 2012: 

Felipe Gomes tem 38 anos e vai para quinta Paralimpíadas, na classe T11, para deficientes visuais. O cria da Nova Holanda reclama que o maior peso é que o Brasil é o país do futebol e não do atletismo. “E quando é Paralímpico, ainda é pior, [porque patrocinadores] não desejam associar a marca a pessoas com deficiência. No Brasil, depois de 2016, o incentivo para o esporte de modo geral piorou. Muita coisa se perdeu, são muitos elefantes brancos pela cidade. A gente tem a esperança de que as coisas venham melhorar por meio de projetos sociais, das vilas olímpicas e das escolas”.

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Pensar o futuro

Felipe Oliveira, de 24 anos, ex-boxeador, criou o trabalho social gratuito da Escola de Boxe Havana, em uma praça do Conjunto Esperança. O projeto hoje já conta com três núcleos na Maré e mais de 100 alunos. 

“Acredito que o sonho de todos da minha equipe são as Olimpíadas, mas são muitas etapas, uma estrada longa. Formar o favelado é mais difícil, pois não temos ajuda governamental. Os equipamentos são caros, por isso precisamos de apoio. Mas não vamos desistir, pois como numa luta, o impossível é questão de opinião”, ressalta.

Um dos destaques do projeto é Cauã Kabriel, de 14 anos. Ele assegura que o boxe é essencial para a vida dele. “Eu tinha muita distração e o boxe trabalha a mente e a concentração, dessa forma, eu evoluí no esporte. No ringue aprendi a ter disciplina, algo que levei para a casa. Eu me vejo um vencedor! Quem sabe um dia chego às Olimpíadas, mas também quero passar a outros da favela o que aprendi, de que o talento está dentro da gente, só precisa de quem nos apoie e incentive”, afirma.

Kaillany Melo, de 15 anos, é atleta de jiu-jitsu, mas vem se destacando também na modalidade luta olímpica (greco-romana, livre e luta feminina). Ela é atleta da instituição Luta Pela Paz e do projeto Tijolinho, na Nova Holanda. Campeã brasileira, conseguiu conquistar o auxílio da Bolsa Atleta. Kaillany classificou-se para a seletiva dos jogos Pan-Americanos, mas por problema no passaporte, perdeu a vaga. “No caminho se encontra dificuldades, mas não se pode desistir. Sei que hoje tenho uma representatividade feminina”, resume.

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