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Fim de ano em família deve ser com distanciamento, uso de máscaras e álcool em gel

Foto: Douglas Lopes

Por Hélio Euclides, em 15/12/2020 às 11h. Atualizado em 21/12/2020.
Editado por Edu Carvalho

Ninguém pode negar que este ano tudo está diferente. Festas, comemorações e atividades que causem aglomeração foram canceladas – mas existem aquelas que acontecerão clandestinamente, desrespeitando os cuidados preconizados pela Organização Mundial de Saúde. Como ficam, com isso, as festas de Natal e Réveillon em família, que por bastante tempo não se viram nos últimos nove meses? Para a festa de 25 de dezembro, espera-se reuniões familiares de menor escala, para garantir que pessoas em situação de risco não sejam infectadas com o vírus. Já para a virada de ano, a Prefeitura do Rio tinha planejado um novo modelo de evento, com show transmitido sem a presença de público nos pontos turísticos, mas optou pelo cancelamento em respeito às vítimas de covid-19. No entanto, como garantir que não haja aglomerações?

Num cenário de flexibilização do controle sanitário, os cariocas não têm respeitado o distanciamento e o uso de máscaras, resultando no aumento da taxa de ocupação de leitos de UTIs para pacientes com covid-19, que chegou a 93% de ocupação em 30 de novembro na rede municipal. Alguns especialistas confirmam a possibilidade de a segunda onda de covid-19 acontecer no Brasil, como vem ocorrendo na Europa e América do Norte. Outros acreditam que são novos picos dentro de uma primeira onda, que nunca acabou. Fato é que os números de casos e mortes vêm aumentando nas últimas semanas de novembro.

No dia 30 de novembro, o Grupo de Trabalho para Enfrentamento da COVID-19, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), emitiu Nota Técnica sobre o aumento significativo de casos no mês em questão, mesmo sem ainda termos saído da primeira onda. A nota reforça a necessidade de se tomar medidas para o enfrentamento do vírus, como abertura de leitos, aumentar a oferta de transportes para evitar aglomeração, suspensão de eventos sociais, como bares e praias, e até mesmo avaliar um fechamento total – o lockdown.

Para Carlos Machado, coordenador do Observatório Covid-19, da Fiocruz, o aumento de casos pode ocorrer após o poder público não realizar as medidas cabíveis, e indivíduos não adotarem medidas, como o distanciamento de dois metros. Ele recomenda que, ao se reunir com outras pessoas, seja preferencial a escolha de local aberto e com o uso de máscara, que não pode ser compartilhada. “Outras medidas são a higienização das mãos com água e sabão, mas, quando estiver na rua, o uso do álcool em gel. Essas regras precisam ser levadas a sério”, diz. 

O especialista sugere que as pessoas fiquem espaçadas e, se possível, utilizem o quintal, área da casa que muitas vezes é aberta. Após a visita, é bom higienizar o cômodo com spray de álcool. É preciso ainda evitar o contato, pois a outra pessoa pode estar no início da doença e não ter os sintomas ou ser assintomático. “Nas favelas, é importante uma campanha nas igrejas, lojas e locais comunitários sobre o uso da máscara, que é uma prevenção. Lugares fechados também devem ser evitados”, comenta. 

“Até sair a vacina, é preciso cuidado, em especial, com os idosos, portadores de doenças que diminuem a imunidade e o câncer. Ainda temos as fake news, que precisam ser combatidas, para se mostrar a importância da imunização”, expõe. Ele acrescenta que não há como dizer qual o grau de risco para os locais, pois o uso é diferenciado em horários diferentes, evitando o horário de pico. “Se tiver que andar de ônibus cheio, ao chegar em casa, deixar os calçados fora de casa, trocar de roupa e tomar um banho”, diz. Sobre os números crescentes de casos, ele admite que o período de férias e de clima quente propicia um maior movimento de pessoas, o que torna o risco de contágio grande.

Mesmo com a flexibilização, que passa uma sensação de tranquilidade, é preciso ficar alerta ao vírus. Talvez mais do que antes.

Celebrações com conscientização 

Nos locais religiosos, a recomendação é diminuir o número de fiéis, para que seja possível manter um distanciamento eficiente. Alexsander de Queiroz Pinto é pastor da Comunidade Evangélica da Penha Circular (CEPEC), em Marcílio Dias, e observa os fiéis mais cuidadosos. “Em nossos cultos, temos pregado sobre a gravidade, trazendo a conscientização. Mas não temos visto, dentro das comunidades e em outras igrejas, esse mesmo zelo”, comenta.

Com a pandemia, o pastor e sua esposa têm se deparado com um cenário um tanto frustrante. “Temos atendido aqui na Kelson’s, não apenas, com o cuidado pastoral, mas também com a competência de uma psicóloga. São pessoas emocionalmente abaladas, frustradas e, até, sem terem a certeza do que seria de seu futuro. Não percebo um Natal e um fim de ano com muitos ‘sonhos’, senão, um grande desejo de vermos nossa sociedade curada e liberta desse vírus mortal”, conta.

Pablo Walter Dawabe, padre da Paróquia Jesus de Nazaré, localizada na Baixa do Sapateiro, organiza, todo domingo, o limite no número de fiéis. “Dá um pouco de dor ver que a paróquia, que, em condições normais, estaria lotada, agora, estará bem mais reduzida. Porém não se pode permitir que o mal do desânimo tome conta dos nossos corações. Isso não significa fazer a ‘vista grossa’ ao problema em si, mas sim aceitar que, nesta precariedade numérica, Deus está querendo consolidar a fé de muitas pessoas”, comenta.

Para o final do ano, o sacerdote afirma que é preciso manter os cuidados e não criar ilusões sobre um Natal e um final de ano muito brilhantes, do ponto de vista social. “Acho que o melhor é celebrar dentro da própria família, com mais sobriedade”, recomenda. Ele percebe que o Ano Novo costuma ser uma festa com menos cunho religioso, mas que é bom meditar a verdadeira novidade ou renovação das nossas vidas.

Como será o Natal e Réveillon na Maré?

Moradores estão apreensivos com as festas. Jane Maria da Conceição, moradora da Nova Holanda, acredita que este ano será muito diferente. “Não vai ser igual a 2019 por dois motivos: o vírus e o aumento do preço dos alimentos. Uma amiga que mora na Suíça me contou que a pandemia por lá está muito ruim, e tenho medo de chegar essa segunda onda aqui. Estou na esperança de que, ano que vem, seja melhor”, comenta. Para Joelma Silva de Oliveira, moradora do Parque Maré, nem todos pensam nos cuidados. “Vai ser diferente para mim, mas, para outras pessoas que tratam a pandemia como nada, será tudo igual. Por aqui, os encontros familiares acontecem com cuidados necessários. Estarei acompanhado do meu companheiro, o álcool em gel”, conta. Igualmente, Josefa Peixoto, moradora do Morro do Timbau, garante que, por ser idosa, somente sai de casa para ir à clínica da família e, sempre, de máscara. “Vou seguir a mesma coisa que já estou fazendo, Natal e Réveillon em casa”, conta.

A virada de ano também é um momento para superstições e simpatias. Muitos não se separam de uma peça de roupa branca, num pedido de paz. Juliana Calixto é empreendedora de uma sex shop na Maré e revela que quando se fala de peça íntima, a cor é outra. “O Vermelho é predominante como escolha. O vermelho estimula a fome, não é à toa que as casas de fast food são vermelhas. Dentro do seguimento erótico, esmalterias e roupas não é diferente”, diz. Mas cada pessoa deve investir na cor que traga algo esperado para o novo ano. Mas lembre-se, a roupa escolhida pode ser usada numa festa íntima com os familiares mais próximos. 

Amarelo remete ao dinheiro.
Verde, à esperança.
Vermelho é para grandes paixões.
Laranja, à felicidade.
Rosa é o amor.
Marrom é estabilidade familiar.
Violeta traz a espiritualidade e sensibilidade.
Azul remete a calma e tranquilidade.

RECOMENDAÇÕES PARA AS FESTAS

As pessoas têm uma série de superstições para a virada do ano. Em 2020, precisamos incluir alguns novos costumes, juntos a essas tradições. Pensando nisso, a Fiocruz elaborou a cartilha Covid-19: preservar a vida é o melhor presente de fim de ano, um guia de cuidados para as festas de final de ano. Algumas dessas recomendações são:

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