O Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca
“Saúde é o que interessa, o resto não tem pressa!”; esse era o bordão que usava o personagem Paulo Cintura; na Escolinha do Professor Raimundo. Esse também é o lema de diversas pessoas, que cada vez mais procuram se exercitar. O motivo principal não é apenas entrar na modalidade fitness, ou seja, estar em boa forma física, mas conquistar a tão sonhada saúde e assim viver mais. Uma boa opção são as academias públicas, que além de não causarem nenhum custo financeiro, ainda agradam por serem ao ar livre.
A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca. Algum desses projetos tem a presença de profissionais que orientam o treinamento adequado para cada usuário. Um outro diferencial é que uns utilizam equipamentos de academia instalados em praças e locais específicos.
A Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ) defende que os projetos tenham um viés para o idoso com recorte da favela. Na instituição há o Projeto FAFERJ 60+, pensando no direito da pessoa idosa, com o objetivo de reivindicar e indagar a instalação de equipamentos das praças das favelas, como é feito no restante da cidade. “Focar na terceira idade é uma pauta para todos os dias, pois os ramos da política precisam pensar nos seus direitos. Vamos cobrar da comissão dos idosos, leis que facilitem o letramento digital e a qualidade de vida dos moradores da terceira idade das favelas”, diz Eduardo Novaes, consultor da FAFERJ.
Apesar de grande, a Praça da Nova Holanda só tem equipamento de musculação, com poucos aparelhos. “A Prefeitura instalou equipamento para os jovens, mas hoje está abandonado, sem manutenção. A praça precisa de equipamentos de exercícios para os idosos, isso iria revitalizar o local. O idoso gosta de acordar cedo e ir fazer os seus exercícios, o melhor ainda ao ar livre. A associação de moradores cuida e preserva com a limpeza, se não já tinha casa na praça”, desabafa Gilmar Junior, presidente da Associação de Moradores da Nova Holanda.
O exercício é saúde
Um dos projetos mais conhecidos é o Academia da Terceira Idade (ATI) destinado para as pessoas idosas. Segundo o site Ideal Terceira Idade, o projeto tem como meta promover programas de atividade física para que as pessoas idosas possam manter suas autonomias e independências, conscientizando-os sobre a importância da realização de treinamento de força e da prática de exercícios em sua vida cotidiana. A ATI conta com cinco tipos de equipamentos: fortalecedor para membros inferiores; simulador de caminhada; aparelho de alongamento; exercícios de membros superiores e inferiores, além de aparelho multifuncional.
A Secretaria Municipal do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (Semesqv) é a responsável pela ATI, que acredita ter uma importância enorme, tanto no aspecto físico quanto no emocional e social. Elas oferecem um espaço dedicado ao fortalecimento muscular, melhora da mobilidade e prevenção de doenças crônicas. Além disso, incentivam a socialização, o que contribui para combater o isolamento e a solidão, fatores que afetam a qualidade de vida das pessoas idosas. Cada ATI custa R$ 67 mil para sua instalação.
Além do pouco número de ATI, uma das academias se encontra dentro do Condomínio Padre Manoel da Nóbrega, na Baixa do Sapateiro, só podendo ser usada pelos moradores dos prédios. “Só atende os moradores de lá, ou amigos e familiares que podem entrar. Eu não tenho nada contra se instalarem outras na favela, pois só a Baixa do Sapateiro tem capacidade para três ATI nas praças, hoje só tendo uma. Essa existente está ruim, precisando de reforma, já que se encontra de forma precária. Também só temos uma de alumínio, mais para a juventude, que deveria ter mais unidades. A academia faz bem, é algo saudável tanto para idosos quanto para jovens”, explica Charles Gonçalves, presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro.
A academia como remédio
Um outro projeto é o Programa Academia Carioca, que foi criado em 2009 pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio para promover a prática de atividade física e educativa regular nas Clínicas da Família e Centros Municipais de Saúde, com acompanhamento e desenvolvimento de ações preventivas e de boas práticas em saúde. As academias contam com os seguintes equipamentos: remada sentada, rotação dupla diagonal, simulador de cavalgada, surf, esqui, simulador de caminhada, pressão nas pernas, multi-exercitador, alongador e rotação vertical.
Em junho de 2013, levantamento feito pela coordenação do programa indicou que chegou ao número de 192 mil participantes, 57% deles com mais de 60 anos. Entre os resultados, a pesquisa indicou que 90% dos participantes apresentaram controle da pressão arterial; 61% tiveram redução do peso corporal e 52% redução do índice de massa corporal. Dos integrantes que faziam uso de medicação prescrita, 20% tiveram a indicação suspensa, após reavaliação médica.
Igor de Almeida é profissional de Educação Física e trabalha nos centros médicos Américo Veloso e Vila do João e na Clínica da Família Diniz Batista dos Santos. Ele destaca a importância do trabalho em conjunto, equipamentos e equipe estratégico de saúde. “Pensamos no cuidado duplo, na educação física e na forma multidisciplinar. Para começar a fazer exercícios tem que ser da forma correta e segura, procurando antes um profissional que vai prescrever o melhor treino, se tiver alguma comorbidade ou não”, comenta.
Para o profissional não importa a idade, o importante é a prática de esporte ao ar livre, sendo um momento de lazer e saúde. “Já está provado que a realização de atividade física pelo menos três vezes por semana, num total de 150 minutos, traz mais vida e saúde”, conta. Ele lembra que nas unidades de saúde em que não há academia, os profissionais trabalham com alongamento, ritmo e ginástica localizada.
Diferente das academias localizadas nas praças, as das unidades de saúde são cobertas com lona o que possibilita conforto no uso do turno da tarde, não deixando as pessoas expostas ao sol. Martinele Mendes, de 65 anos, moradora da Vila do João, fica feliz com o programa. “Eu acho ótimo, pois ajuda quem não pode pagar para se exercitar. Faltam outras, como na ciclovia do Conjunto Pinheiros. Uma maravilha unir caminhada com a academia”, expõe.
Lúcia Maria, de 61 anos, moradora da Vila do João, utiliza seis vezes na semana a academia. “Sem o auxílio do profissional, a pessoa pode fazer o uso dos aparelhos de forma errada, aqui ele vai nos auxiliando. Na academia encontro saúde e companheirismo. Depois que comecei a me exercitar tenho sempre alto astral. Moro sozinha, então aqui é o local que encontro muitas colegas e isso principalmente ajuda a minha saúde. É sempre bom ter esses aparelhos perto de casa, teria que ter mais unidades”, defende.
As academias na Maré
A Semesqv informou que tem o registro de apenas três ATIs na Maré: na Rua Manoel Falcão com Rua Manoel Ribeiro Vasconcelos, no Conjunto Esperança, Praça do Dezoito, na Baixa do Sapateiro e Rua Ari Leão, no Parque União. Completou que, qualquer cidadão pode pedir o procedimento para instalação ou manutenção de uma academia pelo telefone 1746. Após a solicitação, é realizada uma vistoria no local para análise da possibilidade e necessidade de implantação. Em caso positivo, a solicitação entrará em lista, por ordem cronológica, de acordo com a disponibilidade de recursos para instalação.
O Maré de Notícias questionou sobre a instalação de uma ATI em local fechado aos moradores. A Semesqv respondeu que até o momento não recebeu nenhuma reclamação relacionada à ATI mencionada no Condomínio Padre Manoel da Nóbrega, na Baixa do Sapateiro. Ressaltou que as academias da terceira idade são instaladas por diversos órgãos. Sobre isso, a Secretaria Municipal de Esporte (Smel-Rio) informou que o órgão não tem academias ao ar livre na região, apenas as atividades oferecidas na Vila Olímpica Seu Amaro.
Já as unidades de saúde da Maré que utilizam equipamento do Programa Academia Carioca são as clínicas da família Adib Jatene, na Vila dos Pinheiros, Augusto Boal, em frente ao Morro do Timbau, Jeremias Moraes da Silva, na Nova Holanda, Diniz Batista dos Santos, no Parque União e o Centro Municipal de Saúde da Vila do João.