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Maré é alvo de 4ª operação policial no mês

Policiais da Bope na Rua Sargento Silva Nunes em Frente ao prédio Central da Redes da Maré, Nova Holanda, na Maré.

Ação teria sido motivada pela apreensão de cargas roubadas e deixa mais 12 mil alunos sem aula nesta quarta-feira

Por redação

O Conjunto de Favelas da Maré vive nesta quarta-feira (26) mais um dia de operação policial que deixa impactos para os mais de 140 mil moradores. Antes das 6h da manhã, veículos blindados e policiais já circulavam na região do Parque União, Nova Holanda e Baixa do Sapateiro, gerando confronto, inviabilizando a saída dos moradores na ida para o trabalho e no acesso à diversos direitos. 

Pelo menos 35 unidades escolares interromperam o funcionamento por mais um dia na Maré. Esse fechamento impactou 12459 alunos. Essa é a quarta operação policial que acontece no mês. Duas unidades de saúde também interromperam o funcionamento (Clínica da Família Jeremias de Morais e Silva e Augusto Boal) hoje.

Além dos serviços básicos e atendimentos públicos interrompidos, algumas organizações da sociedade civil também tiveram atividades suspensas na Maré. A Redes da Maré acompanharia hoje a visita de um perito que acompanha a ACP do Saneamento Básico da Nova Holanda, além de outras atividades. A Vila Olímpica Seu Amaro não funcionou. Uma atividade de encerramento de um curso de realidade virtual para mulheres que reuniria cerca de 60 pessoas também foi cancelada. 

O direito à segurança pública dos moradores da Maré é violado em diversas camadas em operações como esta. O sentimento de vulnerabilidade atravessa qualquer simples ação para quem vive na Maré em um dia de operação policial. “Eu estava deixando minha filha (de 1 ano e 7 meses) para poder ir trabalhar, quando pararam o mototaxi e pediram meu telefone. Falei que não ia dar e eles começaram a falar que era pra eu dar o telefone logo se não iam jogar meu telefone longe. Começaram a ver minhas conversas e a falar que eu passava informações para bandidos. Me xingaram. Foi horrível. To indo trabalhar tremendo de nervoso. Moro aqui desde que nasci e é a primeira vez que passo por isso. Perguntaram onde eu trabalhava e falaram que iriam lá, me intimidando”, compartilhou uma moradora, que preferiu não se identificar.

Além do desrespeito, ameaças e violências diretas aos moradores, são diversos os relatos de invasões de domicílios sem mandados judiciais. Comerciantes também tiveram estabelecimentos invadidos, e itens subtraídos por agentes policiais.

Mais uma vez a operação policial desconsidera as decisões federais vindas das determinações da ADPF das Favelas, como a obrigatoriedade da presença de ambulância no território para socorro a vítimas, a preservação do perímetro escolar e a necessidade de câmeras acopladas aos uniformes dos agentes policiais. A operação policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), de acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Polícia Militar, teria como motivação coibir roubo de cargas.

Caveirão na altura da passarela 9 da Av Brasil, na manhã desta quarta-feira (26)
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