Por Adriana Pavlova em 13/08/22 às 08h
Um mutirão diferente, em busca de crianças fora da escola, tomou as ruas do Parque Maré, Nova Holanda e Baixa do Sapateiro na primeira quinta-feira de agosto. Cinco articuladoras do projeto Busca Ativa, coordenado pela Redes da Maré em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e apoio do Fundo Malala, saíram em tropa, para procurar estudantes distantes das salas de aula e encaminhá-los para matrículas nas escolas públicas da região.
Juntas fizeram uma varredura pelas ruas, falando com quem estivesse passando ou batendo de casa em casa. Na prática, é a chance de se aproximarem ainda mais dos moradores, descobrindo casos de alunos sem matrícula mas também tirando dúvidas sobre questões de educação e saúde. Do início de 2021 até agora, a equipe do Busca Ativa já cadastrou quase 1.300 estudantes sem escola ou em risco de evasão e realizou cerca de 2.350 visitas de acompanhamento de crianças e adolescentes em suas casas, nas 16 favelas da Maré. A ação também faz parte do projeto “Toda menina na escola”, parceria da Redes com o Fundo Malala.
“O mutirão é uma forma de ampliarmos nosso trabalho, porque a chegada da equipe, com a camiseta da Redes da Maré chama a atenção. Naturalmente, as pessoas vêm conversar conosco, perguntam sobre projetos e aí também aproveitamos para saber se conhecem crianças fora da escola”, explicou a assistente social Débora Garcia.
Numa rua do Parque Maré, a equipe encontrou com Luciana Soares, mãe de uma menina de 8 anos em busca de reforço escolar para a filha, que mudou de escola recentemente. A articuladora Vanessa Garcia fez o cadastro da família no Busca Ativa e prometeu articular algum tipo de reforço e complementação escolar para a menina.
Durante o mutirão, as articuladoras foram paradas várias vezes por moradores em busca de informação sobre a distribuição de cestas de alimentos. Alguns deles contaram já serem cadastrados no banco de dados da Redes da Maré. No entanto, foi explicado que, atualmente, não há nenhum projeto que tenha distribuição regular de alimentos. Ainda durante a caminhada da equipe do Busca Ativa pelas favelas, houve mães pedindo informações sobre emissão de certidão de nascimento e de documentos como identidade e CPF. Nesses casos, as articuladoras indicam o trabalho de atendimento sociojurídico na Casa das Mulheres.
Normalmente, a equipe do Busca Ativa sai às ruas da Maré já com uma lista de alunos ausentes ou infrequentes fornecida pelas próprias escolas da região ou pela 4ª. Coordenadoria Regional de Educação (CRE). A ideia do mutirão é justamente conseguir atingir um público de alunos que nem a escola conhece, como explica Andréia Martins, diretora da Redes: “Ampliamos o trabalho, porque as listas das escolas mostram quem está infrequente ou ausente, mas, infelizmente, nessa altura do ano, já no segundo semestre, ainda tem estudantes sem qualquer vínculo com a escola. A maioria deve ter parado por motivos que vão além dos pedagógicos. Por isso, a importância de uma equipe que faça articulações dentro do território, fomentando a criação de uma rede de proteção intersetorial que contribua para a permanência da criança ou adolescente na escola”, explicou.