Instituição oferece atividades nas áreas de educação, esporte e geração de renda
“Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”, essa frase do educador Paulo Freire mostra a importância do saber para uma sociedade mais justa. Com esse desejo de transformar o mundo foi criado o Instituto Maré Conexão Vida, que realiza um trabalho tendo um olhar para o social. Por meio de parcerias, a instituição disponibiliza cursos, ações e atividades para o território da Maré.
Os primeiros passos começaram há quatro anos com o desejo de uma associação para realizar um trabalho de cadastro das famílias em situação de vulnerabilidade para reforma de casa. Nesse período começou a pandemia e a necessidade do enfrentamento da fome, por meio de doação de cestas básicas. A fundação de uma unidade física só aconteceu em 2021. “No coração nasceu o desejo da criação de um centro social. São várias atividades que atingem em maioria as crianças e adolescentes”, conta Denise Queiroz, cria da Baixa do Sapateiro e presidente do instituto.
O Maré Conexão Vida oferece na área de atividades físicas os cursos de capoeira, balé, caratê, funcional, muay thai e jiu-jitsu. Na sala de aula do prédio de quatro andares são disponibilizados os cursos de inglês, reforço escolar e maquiagem infantil. Por meio de parcerias há oferta de cursos profissionalizantes, como hotelaria, inclusão digital, panificação e informática, todos com certificação. Cursos voltados em especial para as mulheres. No espaço ainda há preparatório para o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA). Os moradores ainda contam com atendimento jurídico, assistência social e psicológica. Todos os serviços oferecidos são gratuitos, com exceção da fisioterapia, que tem preço popular.
A sede ainda conta com um polo da FIA (Fundação para a Infância e Adolescência) com o Programa de Trabalho Protegido na Adolescência (PTPA), programa destinado ao público adolescente e que tem como um de seus principais objetivos inserir os alunos no mercado de trabalho e o Programa de Atenção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência (NACA). “Está pequeno o prédio, estamos tentando um local ao lado que vai conter quadra sala multimídia e piscina. Possibilitando trabalhar a reabilitação”, diz Vanessa da Rocha, moradora do Morro do Timbau e coordenadora.
Desejo de continuar e ampliar
O Maré Conexão Vida tem na direção cinco coordenadores, com uma equipe de professores voluntários. O sonho de todos é a ampliação do instituto e apoio financeiro que contemplem as atividades oferecidas. “Depois da pandemia ocorreu a diminuição de doações. Ano passado os alunos recebiam lanches, mas com a diminuição das parcerias tivemos que extinguir essa ação. Quem desejar ajudar, estamos abertos para que venha fazer parte da nossa história e somar forças. Nosso desejo é que no futuro os monitores tenham uma verba que ajude no seu sustento”, expõe Felipe Silva, de 38 anos, morador da Vila do João e coordenador jurídico.
O grupo ainda realiza ações sociais em locais públicos da Maré. O prédio ainda conta com uma biblioteca social com grande procura por gibis. A grande presença de alunos se deve ao fácil acesso, próximo à Avenida Brasil. Não só moradores da Maré procuram os cursos. A instituição atinge Bonsucesso, Ramos, Olaria e Ilha do Governador. “Já veio gente do Engenho de Dentro e de Duque de Caxias. Os cursos são divulgados por meio das redes sociais e pelo boca a boca. A faixa etária é de seis anos em diante”, lembra Denise.
A maioria das atividades são à noite, o que facilita para quem trabalha durante o dia e os estudantes de turno integral. Mas o grupo deseja mais parcerias para atividades no turno diurno. “Sentimos que o trabalho é importante quando vemos pessoas chegarem aqui com histórico de baixa estima, por estar bastante tempo fora do mercado de trabalho. Uma formação ajuda na recolocação”, destaca Sabrina Noely, moradora da Vila dos Pinheiros e coordenadora do instituto.
A palavra de ordem é a solidariedade
Quem passa pela frente da sede do Maré Conexão Vida percebe a presença de um bazar, uma das fontes de recurso para os gastos diários e compra de medicamentos, cestas básicas, fraldas, bengalas e cadeiras de rodas. Apesar da venda de roupas, parte também é doada para pessoas em situação de rua. O grupo tem o apoio da Assembleia de Deus Vida Plena. “Queremos destacar que atendemos a todas as pessoas independente de sua condição social, gênero, cor, ou crença”, acrescenta Felipe. Ele percebe a participação da família na instituição, em alguns casos todos fazem parte de algum projeto oferecido. O advogado acredita que isso se deve ao trabalho de cidadania e empoderamento.
Nas atividades esportivas já é possível ver os atletas ganharem medalhas, enfrentando adversários que possuem equipamentos adequados. Mesmo com dificuldades, a instituição realiza doação de uniformes para as atividades esportivas, algo que ainda não foi alcançado no balé. Os alunos com o uniforme são incentivados a não faltarem nas atividades, o compromisso com a documentação e escolaridade.
Uma das prioridades do instituto é a inclusão das pessoas com deficiências. Maria Luiza, de 43 anos, moradora da Baixa do Sapateiro, tem o filho com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de 14 anos, no projeto com a prática de Jiu-jitsu. “Maravilhoso ver que essa atividade ajuda no desenvolvimento do meu filho. Se não fosse o instituto seria puxado, com um gasto a mais. Torço para que venham mais parcerias para quem sabe uma sala de recurso, algo que não tem na escola dele”, comenta.
No Maré Conexão Vida ainda ocorre uma maratona de conhecimento, a Equação é Poesia, com fortalecimento das disciplinas de matemática e português. Outra ação é uso dos meses temáticos, com a conscientização da população sobre o cuidado com a saúde, por meio de palestras com assistente social e psicólogo. “É muito bom ajudar na realização de sonhos”, finaliza Denise.
Quem desejar conhecer ou ajudar o Maré Conexão Vida é só acessar o Instagram: @mare_conexaovida ou Facebook: @mareconexaovida.
Também é possível entrar em contato pelo e-mail: amacovi_maré@gmail.com.
O Instituto fica localizado na Avenida Guilherme Maxwell, 226, Baixa do Sapateiro e funciona das 9h às 21h30, de segunda a sexta.