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Orquestra Maré do Amanhã Mirim

Foto: Marco Brendon

Alunos viram mestres e ensinam música para outros moradores

Foto: Marco Brendon

Hélio Euclides

A Orquestra Maré do Amanhã é coisa nossa. Já teve destaque pelo Maré de Notícias, na Edição 49, de janeiro de 2014, quando mostrou seus primeiros passos.  E hoje, volta, quase quatro anos depois, para mostrar que o Grupo cresceu com a criação da orquestra mirim. Trinta jovens músicos que ensinam a outros 165. “Fizemos um acordo com a Secretaria Municipal de Educação e começaram as aulas. A minha ideia é que a ação seja unificada numa escola, na Escritor Bartolomeu Campos de Queirós, como modelo de trabalho. Quando se fala em música, já se pensa em batucada. É igual ao esporte. Fala-se em esporte e vem logo à mente o futebol. Eu preciso mostrar outras opções”, comenta Carlos Prazeres, fundador e coordenador do projeto. Apesar desse pensamento, o coordenador mostra que as diretrizes do trabalho são mais amplas. “O objetivo é abrir um horizonte no aluno, pois ele não necessita seguir sendo músico, mas precisa não pensar ‘pequeno’ na vida. É um projeto de longo prazo, no futuro vamos ver os frutos, bons profissionais, uma revolução silenciosa, por meio da música. Mas já se percebe mudanças no cotidiano do aluno na escola, com as notas boas, a concentração e a socialização”, explica Carlos.

Muitos alunos sonham em se tornar profissionais na área: “pretendo ser músico, pois é minha paixão”, resume Moises Magalhães, de 12 anos, aluno do projeto há três meses.

O projeto mirim tem apenas seis meses e já se apresentou no Teatro Municipal, junto com os antigos membros. Na apresentação, os familiares foram em 16 ônibus. “Os pais ficaram encantados e querem ajudar nessa transformação da Maré”, conta o coordenador. Kauã da Costa, de 12 anos, é aluno, toca viola e ficou emocionado. “Senti muito orgulho na apresentação do Teatro Municipal”, relata.

Para fortalecer o trabalho, a sede do Grupo está sendo reformada, um galpão na Rua da Proclamação, mas o trabalho não vai sair das escolas. “Recebemos propostas para trabalhar em outras escolas da cidade, mas temos um carinho pelos moradores daqui. O nosso cordão umbilical se encontra na Maré. Queremos que a Maré abrace ainda mais esse projeto, para mudarmos juntos a realidade. Não é possível que a violência impeça as aulas e nossos ensaios, queremos paz”, conclui Carlos.

 

Aluna da Escola Bartolomeu Campos de Queiroz aprendendo a tocar violino | Foto: Elisângela Leite

Os alunos que viraram mestres

Para Matheus Silvestre, de 18 anos, o momento é de retribuir o que aprendeu. “A orquestra deu um rumo na minha vida, me prepara para o futuro. É fantástico vê-los tocando, seguindo os mesmos passos meus. Foi fascinante tocar no Teatro lotado, uma sensação inexplicável. Naquele momento, a Maré não foi mencionada pela violência e, sim, pela motivação e inspiração da música”, esclarece. Seu colega, Douglas Marins, de 20 anos, está há quatro na orquestra e fica contente com a nova fase. “É emocionante ver as crianças se espelhando na gente. Quando comecei era mais difícil, era novo. Não existia esse apoio”, acrescenta.

Seguir com o projeto não é fácil. Algumas vezes é necessário comprar instrumentos usados, pois o valor dos novos é caro. A manutenção também tem um custo elevado, por exemplo os jogos de cordas, que duram no máximo um ano. Carlos ressalta que o importante é o carinho que os alunos têm com o instrumento. O maestro Filipe Kochem acredita que esse carinho fez com que a orquestra se multiplicasse. “Vivemos um amadurecimento, com mais experiência e com um nível ainda melhor. São sete anos conhecendo tanta gente boa… impressiona o apoio e o carinho. Apesar das dificuldades, os pais querem o melhor para os filhos, estão batalhando e são vencedores”, exalta.

Alguns integrantes da orquestra já estão cursando a Faculdade de Música. “São profissionais que mostram vocação. Eles já fizeram turnê pelo Nordeste, em todas as capitais. Foram para a Venezuela, como ouvintes, mas acabaram tocando no final. E na visita ao Papa, no ano passado, fizeram concertos na praça pública”, revela Carlos.

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