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PERFORMANCES – A CORPA EM MOVIMENTO

"A corpa festa" ensaio fotográfico com o Clube das Gatinhas compõe a edição especial de janeiro de 2024. (foto: Affonso Dalua)

"A corpa festa" ensaio fotográfico com o Clube das Gatinhas compõe a edição especial de janeiro de 2024. (foto: Affonso Dalua)

Maré de Notícias #156 – janeiro de 2024. Edição especial resultado do projeto Cores Marés, apoiado pelo Fundo Positivo.

Affonso Dalua

A Corpa em Movimento‘ é um manifesto imagético com performances e instalações, aprofundando a ideia da corpa LGBTQIAPN+ como ato político de intervenção e resistência nos territórios de favelas e periferias. A pesquisa é um aprofundamento do meu trabalho de fotoperformance LGBTQIAPN+ favelada e vem sendo costurada desde 2019, com o Projeto Eeer, o Entidade Maré, até chegar à exposição solo PERFORMANCES.

A ideia é de uma corpa maresia, que se movimenta pelo tempo e coloca a corpa em reflexão sobre os diversos atravessamentos da vida LGBTQIAPN+ hoje. A experiência do olhar de uma sociedade cisheteronormativa, encruada de uma visão seca, como deserto, sem o afeto úmido, molhado pelo mangue de uma Maré de 140 mil mareenses.

Mergulhar nas águas da Maré é mergulhar nas memórias da minha avó, Luiza Maria. Nascida em 1930, ela chega acompanhada do meu avô, Cirilo Moreira, no ano de 1965: retirantes nordestinos que aportam em uma Maré ainda sob as águas. 

/Já leu essas?

São as memórias do meu pai, nascido em 15 de setembro de 1967, dentro da palafita, em que a separação entre ele, ainda molhado da barriga de sua mãe, e as águas do mangue, eram as madeiras que cobriam o chão do barraco! 

Das mesmas águas que deram vida ao meu pai e a milhares de outros mareenses, nasce hoje PERFORMANCES – A CORPA EM MOVIMENTO.

CORPA FESTA – O MOVIMENTO DAS LAJES

‘A Corpa em Movimento’ é um manifesto imagético com performances e instalações, como ato político de intervenção e resistência (Foto: Affonso Dallua)

Na maioria das experiências LGBTQIAPN+, a família é o primeiro espaço a negar a nossa existência, por isso essas corpas se unem, formando outros laços, outras casas, movimentos de afeto e coletividade que direcionam a pesquisa para as águas que molham o todo.

Esse todo chamamos de ‘Clube das Gatinhas‘: uma explosão de liberdade, afeto e muita chacota que faz das águas, ruas, becos e vielas de uma Maré em movimento, um lugar seguro para ser resistência. 

Acredito que uma corpa sozinha é só um copo vazio no meio do deserto, mas uma corpa em coletivo, é uma Maré.

A CORPA SEGUE SE MOVIMENTANDO
A CORPA SEGUE SE MOVIMENTANDO

A CORPA SEGUE SE MOVIMENTANDO

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