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Pobreza menstrual

Nívia Chavier, de 18 anos, moradora da Maré, se interessou em entender mais sobre pobreza menstrual.

Iniciativas distribuem absorventes para mulheres de baixa renda e em presídios

Maré de Notícias #126 – julho de 2021

Por Amanda Pinheiro

Ao ouvir histórias de sua avó e sua mãe sobre constrangimentos e falta de acesso aos materiais básicos de higiene menstrual, Nívia Chavier, de 18 anos, moradora da Maré, se interessou em entender mais sobre pobreza menstrual. O termo se refere à falta de acesso que muitas mulheres têm ao que é considerado básico para passar pelo período menstrual. 

Há um ano, Nívia conheceu o coletivo Girl Up Elza Soares, um movimento criado pela Fundação das Nações Unidas que estimula jovens lideranças femininas. Desde então, a jovem luta pelas mulheres que não possuem condições de comprar absorventes descartáveis e, por isso, utilizam papel higiênico, plástico, pano e até miolo de pão.

Segundo a pesquisa do movimento Livre para Menstruar, lançada em março de 2020 pelo Girl Up Brasil, uma brasileira gasta entre R$ 3 mil e R$ 8 mil com absorventes ao longo de sua vida menstrual. Para Nívia, já que não existe uma política pública que determine a distribuição de absorventes por entidades de governo, poder fazer parte desse projeto é uma realização também pessoal. “É muito enriquecedor saber que estou fazendo algo em prol de outras pessoas. Minha avó e minha mãe contam histórias de vergonha e constrangimento por não terem acesso a absorvente descartável e precisarem usar panos. Uma vez, uma delas estava andando de bicicleta com vestido, pano e a calcinha, até que o pano caiu da bicicleta. Então só de pensar nisso, nessa situação, já é muito triste. É uma pauta relevante e que precisa ser valorizada”, afirmou. 

Desde o início da pandemia, o grupo tem realizado as ações de forma virtual, mobilizando-se em uma campanha para a criação de uma lei que atenda essas mulheres. Nívia, também é treinada pelo projeto NOSSAS, que atua pela democracia através de ações sociais e campanhas. “Ainda não participei de nenhuma distribuição física, mas faço parte do grupo de trabalho da campanha e, no momento, estamos mapeando ONGs para entender sobre o tema e fazer parcerias para outras necessidades. Por enquanto, a gente tem realizado as ações de forma remota, e estamos com uma rifa solidária no valor de R$ 5; o dinheiro arrecadado vai ser usado para a compra de leite integral para um orfanato chamado Santa Rita de Cássia”, conclui a jovem moradora da favela Rubens Vaz.

Educação menstrual 

De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap-RJ), em dezembro de 2019 1.794 mulheres viviam sob privação de liberdade – um número que cresceu mais de 52% em dez anos. Pensando nesta população, a estudante Giullia Jaques, de 19 anos, criou o projeto Absorvidas que, além de distribuir bioabsorventes, leva educação menstrual às detentas.

Nascida e criada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a jovem conta que, em 2019, durante um curso ministrado pela Academia de Liderança da América Latina (entidade que seleciona jovens de toda a América Latina para um programa de liderança e aprendizagem) em Lima, no Peru, teve a ideia do projeto depois de ser perguntada se tinha um banheiro e uma privada em casa. “A empresa que levantou essa questão desenvolvia um trabalho que instalava privadas e construía banheiros em comunidades de Lima. Foi então que eu fiz uma lista de coisas às quais tenho acesso e que, por serem tão simples, muitas pessoas não têm. E percebi que absorvente era um desses itens”, contou.

Desde aquele ano, Giullia distribui bioabsorventes em penitenciárias do estado do Rio através do projeto criado por ela. Ano passado, a iniciativa arrecadou R$ 30 mil para comprar dois mil produtos, o suficiente, porém, para atender apenas 25% da população carcerária feminina. Agora, por conta da pandemia e da vacinação lenta, o projeto não tem feito as entregas, mas está se organizando para voltar com as atividades. “No momento em que a população carcerária é privada de liberdade, ela também o é de direitos humanos básicos. Estamos de mãos atadas neste momento, principalmente porque também queremos falar sobre educação menstrual com essas mulheres. Mas precisamos esperar a vacinação avançar e a pandemia se amenizar”, lamenta.

Movimento Girl Up Brasil em distribuição do kit menstrual

Para seguir no Instagram

@girlplezasoares

@fluxosdorio

Para doar

Campanha “É urgente ou pode esperar?”: acesse o site https://www.rj.livreparamenstruar.org/ 
Coletivo Girl Up Elza Soares: mande mensagem pelo email: girlupelzasoares@gmail.com


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