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Professor de jiu-jitsu é alvejado e morto a caminho do trabalho

Reprodução

Jean, segundo informações divulgadas até o momento, é mais uma vítima da política de segurança pública que prioriza confrontos armados nos territórios periféricos

Flávia Veloso

Novamente a história se repete: no fim da tarde de ontem, 15, mais um tiroteio, em decorrência de uma operação policial (realizada no horário da saída de crianças das escolas, de moradores voltando do trabalho e de ruas movimentadas) fez uma vítima fatal.  Jean Rodrigues da Silva Aldrovande era professor de jiu-jitsu em um projeto social no Complexo do Alemão, estava a caminho do trabalho e foi alvejado na cabeça.

Segundo a coordenadora do Eixo de Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré, Lidiane Malanquini, a onda de mortes pela polícia tende a aumentar quando se tem governantes que incentivam a prática de abate e de enfrentamento violento.

Mortes invisíveis

Dias antes, mais precisamente em 6 de maio, perto do Alemão, no Complexo da Maré, oito jovens foram mortos numa operação em que um helicóptero da Polícia Civil foi usado como plataforma de disparos. Essas pessoas, porém, não eram professores e ‘não têm nem nome’. Segundo relatos, duas delas teriam se rendido, mas mesmo assim foram executadas por policiais, que alegaram que “a ordem é matar”. Em balanço feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) , o primeiro trimestre de 2019 teve o maior número já registrado de mortes pela polícia no Rio de Janeiro, um total de 434, sendo 179 só na capital.

“Se estivéssemos num Estado democrático de fato, a polícia iria prender esses caras, que estariam sendo presos em flagrante; iria conduzir pra uma delegacia que faria um processo investigativo; depois o judiciário iria julgar essas pessoas e elas cumpririam pena num outro sistema. Isso se chama Sistema de Justiça Criminal, que existe e foi feita pra regular quando as pessoas não cumprem a lei”, acrescentou Lidiane.

O Sistema de Justiça funciona bem, no entanto, para políticos acusados de corrupção, mas não para populações periféricas e pretas. Este foi o caso do professor Jean, do músico Evaldo Rosa (que teve o carro alvejado por 80 tiros), do catador Luciano Macedo, que tentou socorrer Evaldo, e dos oito jovens da Maré, cujos nomes e histórias seguem desconhecidos pela sociedade. E, se depender da atual política de segurança pública, será também o caso de muitos e muitos outros pretos e favelados.

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