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Sem eles não tem cuidado: conheça o trabalho dos Agentes de Saúde na pandemia

Érica e Leandra são Agentes de Saúde do Centro Municipal de Saúde Vila do João - Foto: Matheus Affonso

O Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde (4/10) é de luta para manter a população próxima de seus direitos básicos na Maré.

Por Thaís Cavalcante em 03/10/2020 ás 18h00

Receber acompanhamento de saúde em casa parece coisa de novela. Para a população de favela então, onde os serviços básicos custam a chegar, quase sonho. Essa é justamente a proposta do Programa de Agentes Comunitários de Saúde, que existe há mais de 30 anos para fortalecer o acesso da população mais vulnerável ao Sistema Único de Saúde (SUS).  

O programa foi implementado pelo Ministério da Saúde, cobre hoje 70% da população do país e integra as equipes de Atenção Primária. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o profissional que tem o primeiro contato com o paciente antes de chegar ao hospital, em que é possível identificar os casos suspeitos de coronavírus, resolver as situações de infecção que apresentem sintomas leves e até conter o agravamento dos casos. 

Dedicados a exercer esse papel tão importante, nem dá tempo de comemorar. Neste domingo, dia 4 de outubro, é o Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde. Eles seguem na missão de estar próximo das pessoas, mesmo longe fisicamente. E não são poucos: cerca de 265 mil espalhados pelo Brasil. No município do Rio de Janeiro, esse trabalho é feito por mais de 4 mil Agentes.

Assim que a pandemia começou, os ACS receberam uma cartilha de recomendações para entender suas ações frente à pandemia. O material foi feito pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, equipe na qual os agentes fazem parte. Passar a informação certa para os moradores foi a principal estratégia orientada, além de promover a qualidade de vida às famílias, através de ações individuais ou coletivas. Seja na prevenção de doenças, acompanhando a reabilitação, cadastrando no sistema, orientando sobre os serviços disponíveis e outros. Além de ser obrigatório o distanciamento, a higienização das mãos e o uso de equipamentos de proteção.

Cuidando mesmo de longe

O Conjunto de Favelas da Maré lidera o número de covid-19 confirmados no Rio em territórios periféricos com 1.667 casos e 126 mortes, segundo levantamento do Painel Unificador covid-19 nas Favelas (02/10/20). Érica da Silva, Agente Comunitária do Centro Municipal de Saúde da Vila do João, na Maré, trabalha há seis anos e pela primeira vez precisou diminuir a visita domiciliar  e a circulação pelas ruas, becos e vielas. “Nossa rotina de trabalho mudou, né. Estamos mais presentes dentro na unidade [de saúde] passando informações de prevenção aos pacientes. No início, eles ficaram muito confusos, então esse trabalho é fundamental para ajudar as pessoas e atender suas necessidades, de alguma forma”, conta.

Ela lembra ainda que, em sua rotina antes da pandemia fazia curativos, preparava vacinação, acompanhava a melhora de pessoas debilitadas e demonstrava um cuidado enorme em cada visita. Agora o trabalho remoto é prioridade, com informações passadas na própria unidade de saúde ou por telefone. Já os pacientes da classificação de risco, como gestantes, idosos ou acamados, continuam com acompanhamento e cadastro presenciais, sem que o ACS entre no domicílio.

Leandra Santos, ACS do Centro Municipal de Saúde da Vila do João, concorda com a colega. “Nesse momento de pandemia foi um pouco delicado, porque a gente que está de frente tem uma outra visão, muitas pessoas não têm noção da proporção do problema. Tinha bastante dúvida sobre a pandemia, medo… esclarecer isso foi fundamental”, declara.

Leandra é uma das agentes mais antigas da unidade, são 17 anos de trabalho. “Como sou moradora, ser Agente de Saúde me deu a oportunidade de aproximar a minha comunidade dos serviços. Lembro que minha primeira área de trabalho foi na rua em que morava. Os meus usuários eram meus vizinhos, pessoas que me viram crescer. A gente acaba construindo uma grande família. Acompanhamos a gestação e até nos apegamos às crianças. Acredito que somos o elo da comunidade com a unidade de saúde”, conta.

Para ser um agente é preciso morar no território em que vai atuar, ter concluído o ensino fundamental e realizado um curso de qualificação básica da área. Mais do que isso, ela garante que é preciso disposição e dedicação para viver a profissão 24 horas. Seja na feira, no mercado e até no barzinho.

Serviço

Com o cenário de pandemia que ainda vivemos, um jeito seguro de demonstrar a importância da atuação desses profissionais é através do encontro virtual. A Comissão dos Agentes Comunitários de Saúde de Manguinhos preparou uma programação para a 5a Semana do ACS, iniciativa que vai contar com debates ao vivo, exibição de documentário e até entrega de máscaras de proteção para os profissionais.

Programação da Semana do ACS 2020 (on-line)

Dia 04/10 – Homenagem on-line à categoria

Dia 05/10 às 19h – Live: Apresentação do resultado do 1o Boletim da Pesquisa de Monitoramento das condições de Saúde dos ACS

Dia 06/10 às 19h – Live: ACS na linha de frente da pandemia

Dia 07/10 às 19h – Exibição do documentário: “Manguinhos resiste a mais uma enchente”

Dia 08/10 às 19h – Entrega de máscaras para ACS de Manguinhos e aula de relaxamento on-line

Dia 09/10 às 19h – Exibição do documentário: “Nossa água” e relatos de moradores e trabalhadores de Manguinhos durante a crise hídrica da geosmina no Município do RJ
Assista aqui: http://www.facebook.com/comacsmanguinhosrj

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