Unidades da Maré precisam de melhoria para um bom atendimento
Por Hélio Euclides, em 23/11/2020, às 19h15
Editado por Edu Carvalho
Com uma população de 140 mil pessoas, segundo o Censo Maré (2019), se o Conjunto de Favelas da Maré fosse um município, estaria na 21ª colocação entre os mais populosos, em comparação com outras cidades do estado do Rio de Janeiro, ficando à frente de Itaguaí, por exemplo. Apesar deste tamanho, faltam políticas públicas para o território, como investimentos nas unidades de saúde existentes, como já foi apontado algumas vezes pelo Maré de Notícias.
O município do Rio de Janeiro para 2020, a previsão de orçamento era, inicialmente, de R$ 5 bilhões em gastos para a saúde. Com a pandemia, houve crescimento de R$ 500 milhões. Ainda assim, o valor total na área da saúde, é de apenas R$ 40 milhões a mais do que o orçamento de 2016.
Na Maré existem quatro clínicas da família e três Centros municipais de saúde (CMS), incluindo o localizado em Marcílio Dias. As unidades se encontram com necessidade de reformas. O teto apresenta falhas, causando goteiras. Só neste ano, o Maré de Notícias mostrou, por duas vezes, os problemas estruturais do CMS Vila do João. A unidade teve uma reforma emergencial e na próxima semana ocorrerá a troca das calhas de lâmpadas danificadas.
Outra unidade que precisa de troca de calhas de lâmpadas é o CMS Américo Veloso, que fica na Praia de Ramos. O centro se encontra em algumas partes às escuras. Em uma das salas se percebe uma mancha amarelada, referente a goteiras. “Isso acontece por erros na construção do prédio”, afirmou um funcionário que trabalhava na sala. Já uma funcionária disse que esses são problemas crônicos, mas que existe manutenção periódica para amenizar a situação.
A Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, localizada na Nova Holanda, desde sua inauguração, em março de 2018, não tem energia elétrica disponibilizada por concessionária. A unidade funciona de forma improvisada por meio de um gerador. Esse é um dos fatores que não permite o funcionamento da sala de odontologia. “A Light já veio à unidade, fez medição, mas até agora continuamos com gerador. O bom que aqui não tem goteira, nesse ponto estamos melhores que o Boal (Clínica da Família Augusto Boal)”, conta.
Com a última chuva, a Clínica da Família Augusto Boal, localizada na antiga sede do SESI, próximo ao Morro do Timbau, também enfrenta problemas relativos à goteira. A boa notícia é que chegaram as telhas para a reforma, mas sem prazo de colocação. A unidade tem mato alto no entorno, que os próprios profissionais tentam amenizar. “Não é só isso, estamos com insuficiência de insumos. Todas as unidades da Maré estão com falta de folhas de papel”, comenta uma funcionária.
O Maré de Notícias entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para saber informações sobre os problemas apresentados, mas até o fechamento da matéria não obteve a resposta.
Proposta para a saúde
No próximo domingo, dia 29 de novembro, os cariocas retornam às seções eleitorais para votar no segundo turno. Nessa fase, cada eleitor vai escolher o futuro prefeito. Na cidade, Marcelo Crivella tenta a reeleição. Do outro lado, Eduardo Paes se aventura nas urnas para um retorno, após dois mandatos consecutivos.
Vejam abaixo algumas das propostas dos dois candidatos para a saúde:
Marcelo Crivella
A reestruturação de processos da RIOSAÚDE e promover o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde.
Ampliar os polos de imunização;
Realizar a integração de todos os sistemas de saúde do município e centralizar a marcação de agenda de saúde dos usuários do SUS;
Promover a qualificação das equipes de saúde seja da atenção básica ou hospitalar bem como de organizações da sociedade civil para atuação direcionada à primeira infância;
Implantar nas unidades de atenção primária, ações específicas para o acolhimento e acompanhamento de menores de 1 ano com doenças respiratórias;
Eduardo Paes
Recontratar mil médicos e 5 mil profissionais de saúde já no primeiro ano de mandato;
Recuperar todas as UPAs e Clínicas da Família que precisam de reformas;
Reduzir pela metade o tempo de espera para consultas, exames e cirurgias no SISREG;
A partir da adaptação de unidades de saúde já existentes, implantar 21 clínicas de especialidades e 13 centros de diagnóstico por imagem até o final de 2023;
Criar o Programa Saúde Digital, com a disponibilização de carteira de vacinação, marcação de consultas, acesso a resultados de exames e transparência operacional de forma online com funcionamento integral até 2023.