Evento sobre a ação inédita aconteceu no Centro de Artes da Maré (CAM) e reuniu pesquisadores, moradores e representantes de instituições de saúde
Foto: Gabi Lino
Nesta terça-feira (26), a Redes da Maré promoveu o “Encontro Pesquisa Vacina Maré – Celebrando conquistas com o olhar no futuro” no Centro de Artes da Maré (CAM). O evento celebra as conquistas e incidências da produção de dados a partir do estudo desenvolvido pela Fiocruz com a Redes da Maré e a Secretaria Municipal de Saúde. Agora o novo momento do estudo acompanha os moradores por meio de entrevistas sobre as possíveis consequências físicas e mentais – da Covid-19, a chamada Covid Longa.
O objetivo da continuidade da pesquisa também é saber sobre o acesso dos moradores às unidades básicas de saúde, a prevenção e tratamento de doenças crônicas e o índice geral de vacinação dos moradores, entre outros itens que ajudem a entender quais são as demandas de saúde do território.
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As mesas da parte da manhã do encontro trouxeram debates sobre o panorama da Pesquisa Vacina Maré e como ela acontece no território; roda de depoimentos com quem faz parte da pesquisa e o impacto da pesquisa dentro e fora da Maré.
Na segunda parte da programação, a roda de depoimentos com parceiros e realizadores da Pesquisa Vacina Maré, trouxe Thiago Wendel, coordenador da Área de Planejamento 3.1 (área que a Maré está inserida), que falou sobre os legados deixados pela campanha de mobilização Vacina Maré.
“É importante lembrar que o Vacina Maré salvou vidas, é importante lembrar que o Vacina Maré imunizou as pessoas de dentro e fora do território, mas também é importante lembrar que tem a ciência por trás disso tudo. O vacina [Maré] foi essencial para mostrar a importância da ciência para as pessoas.”, relembra. Ainda falando sobre legado, Thiago recordou as reformas de todas as Clínicas da Família, a contratação de mais profissionais, a Maré ser o bairro mais procurado para vacina do município do Rio e por fim, falou sobre a reconquista do orgulho dos profissionais que trabalham na área da saúde.
Além de Thiago, Valcler Rangel representante do Ministério da Saúde e Everton Pereira, coordenador do eixo de Direito à Saúde da Redes da Maré também compuseram a mesa.
De olho no futuro
Pesquisador da Fiocruz e Coordenador da Pesquisa Vacina Maré, Fernando Bozza foi quem fechou a programação com a mesa sobre próximos passos e desdobramentos da Pesquisa.
Médico especialista em epidemia e pesquisador com uma densa e longa experiência, Bozza garante que a vivência com a campanha e pesquisa Vacina Maré mudou sua visão sobre pesquisa e também sobre inovação em saúde.
“A gente tem uma maneira tradicional de fazer ciência: observação do problema, questionamento, construção de hipóteses, experimentação, análise das hipóteses, desenvolvemos uma metodologia que gera resultados e divulgamos esse resultado. Começamos a pensar em outra maneira de fazer ciência. Essa maneira linear e tradicional já não cabe mais porque temos urgências”, afirmou.
Ao falar das urgências, Bozza citou urgências climáticas e de saúde enfatizando que hoje essas questões demandam “um outro ritmo que hoje não é mais essa zona de conforto do cientista.” E conclui: “A maneira de fazer junto do morador do território é uma nova construção, uma agenda que vai ser decidida coletivamente. Lógico, usando metodologias, mas novas metodologias.”
Mais que pensar em novas maneiras de fazer ciência, o pesquisador levou para o evento o projeto do sonho futuro da construção de um laboratório dentro da Maré em parceria com a Fiocruz. O espaço seria um centro de inovação tecnológica em saúde com núcleo de formação continuada e formação profissional tendo como ponto de partida as experiências no Vacina Maré.