Pescadores têm sofrido ao perceber um mar que não está para peixe.
Profissionais do mar contam que a Baía de Guanabara está sofrendo com a poluição que aumenta a cada ano. Contudo, não desistem nunca e superam ondas de dificuldades para levarem o peixe para a mesa.
“Transformamos rios em valas de esgoto, baías e lagoas em latrinas e manguezais em lixões. O que acarreta geralmente maior esforço de pesca para menos peixe.”
Mario Moscatelli, biólogo e mestre em ecologia.
No final dos anos 1970, o estado do Rio de Janeiro era o segundo maior produtor de pescado do Brasil, perdendo apenas para Santa Catarina. No ano passado estava no 23º lugar no ranking nacional.
“Para voltar a esse tempo é preciso investimento público para cessar a degradação da baía. Hoje falta uma política pública, uma escola de pesca e a renovação da frota.”
Sergio Ricardo, ambientalista e coordenador do Movimento Baia Viva.
Peixes e caranguejos estão se tornando mais escassos na região da Baía de Guanabara. Isso mexe com a economia, o resultado é a extrema pobreza que passam muitos pescadores.
Além da poluição, um outro problema que atrapalha os cerca de 100 pescadores de Marcílio Dias é o desabamento do cais, sem previsão de uma reconstrução.
Reclamação de alguns pescadores são os conflitos com a Marinha. Eles são proibidos de pescar em algumas áreas, como próximo à Ilha de Boqueirão. Muitas vezes são alvejados por tiros de borracha.
A Marinha do Brasil informou manter contato estreito com as Colônias de Pescadores e que orienta os profissionais sobre as áreas nas quais a pesca não é permitida em proveito da segurança.
No estado, existem 28 colônias. Dessas, cinco estão presentes na cidade do Rio. A colônia auxilia o pescador na hora que precisa de socorro no mar, faz o sepultamento e ajuda no momento de doença.
“A pescaria é herança dos nossos avós e pais. Enquanto há vida, há esperança. Desejo voltar ao tempo que pescava piraúna e camarão.”
João Carlos, de 64 anos, tendo 55 anos de profissão.
Alguns pescadores já atuam em um segundo trabalho para completar a renda. Além de viajantes do mar, são catadores de materiais reciclados, camelôs, vendedores de gelo, cantores e até atores.
“Mesmo na crise, os pescadores ainda ajudam, quando chegamos doamos parte da carga para quem precisa, é algo gratificante.”
Daniel Regis, pescador que nas horas vagas vira Joinha Dupla na internet.