Memória afetiva é resistência

O luto não é um estado emocional fácil de se viver, de se traduzir. Mas a arte, mais uma vez, veio para acolher, reconhecer e homenagear.

O Memorial Covid é um projeto da Redes da Maré que, por meio da azulejaria, eterniza as marcas afetivas deixadas pelas vítimas da pandemia de covid-19 na Maré.

No Brasil, são mais de 612 mil mortes, na Maré, foram 373 moradores mortos. Mas o memorial tem a missão de reforçar a mensagem: cada vítima é o amor e um pedaço da identidade de alguém.

"Apesar da dor, conseguimos reviver memórias importantes da história da minha avó, memórias que, de certa forma, a trouxeram de volta."

Maria Daiane, assistente social e moradora da Vila do João.

Maria acredita que compartilhar lembranças com colegas na oficina de azulejaria é uma espécie de ato de resistência para que ninguém esqueça os danos da crise sanitária, que ainda não está controlada.

Os homenageados foram mapeados por meio de um trabalho integrado entre as equipes sociais de programas que atuam nas 16 favelas e que fazem o atendimento psicossocial para os familiares das vítimas.

O painel com os azulejos tem 18 metros quadrados e fica em exposição na Rua Bitencourt Sampaio, na Nova Holanda, uma das maiores favelas da Maré.

Além do memorial, a Redes da Maré liderou diversas ações no combate à pandemia, incluindo a campanha contra a insegurança alimentar, distribuição de EPIs e a vacinação em massa.

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