Qual é o poder das redes sociais?
Nas eleições de 2018, as redes sociais foram largamente usadas, definindo um novo modelo nas campanhas eleitorais para políticos, jornalistas, publicitários, cientistas políticos e pesquisadores.
E o que chamou atenção foi o grande número de fake news — informações falsas que procuravam atingir candidatos e conteúdos com desinformação.
No Brasil, mais de 150 milhões de pessoas utilizam redes sociais, o que representa 70,3% da população. Segundo dados de 2020 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 147.918.483 brasileiros estão aptos a votar.
O uso de desinformações no processo eleitoral não é uma novidade, mas a maneira como foram propagadas — feito por disparos automáticos de mensagens — produziu resultados que preocupam as eleições de 2022.
“As redes sociais começaram a exercer uma governança privada sobre a deliberação pública e sobre a liberdade de expressão. Não é mais apenas o Estado que realiza esse papel.”
Juliana Fonteles, pesquisadora do Núcleo de Direito, Internet e Sociedade da Universidade de São Paulo (USP).
Raniery Soares, 25 anos, mora no Parque Maré, estuda Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e utiliza redes sociais desde 2011.
“Nunca fui vítima de nenhuma fake news, no sentido de compartilhar mentiras. Já acreditei brevemente em notícias falsas, porém sempre investiguei a veracidade das informações.’’
Raniery Soares, graduanda em Letras e moradora da Maré
A falta de transparência das plataformas e aplicativos de mensagem, onde é mais difícil acompanhar a circulação de conteúdo, é uma das principais preocupações para o próximo pleito eleitoral.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou uma resolução que proíbe a divulgação de mentiras ou dados descontextualizados que atinjam os processos de votação, apuração e totalização de votos.
O TSE também fez acordo com as maiores plataformas digitais para combater as fake news: Twitter, Tik Tok, Facebook, WhatsApp, Google, Instagram, YouTube e Kwai. O Telegram não topou o acordo.
Do combinado, estão proibidos disparos em massa de mensagens em aplicativos como WhatsApp e Telegram para pessoas que não se inscreveram para recebê-las.
Segundo a advogada Samara Maria de Castro, vice-presidente da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), as medidas tomadas pelo TSE visam proteger a campanha na arena digital.
‘’Podem não ser a melhor composição jurídica, mas tenho certeza de que são importantes para garantir que nosso sistema sobreviva.”
Samara Maria de Castro, vice-presidente da Comissão de Proteção de Dados e Privacidade da OAB-RJ