A Maré no ambiente virtual da inovação 

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Evento Mc Metaverso Brasil propõe a viagem pela tecnologia 

Por: Hélio Euclides, Lucas Feitoza e Samara Oliveira

O Centro de Artes da Maré se transformou num grande túnel do tempo para o futuro com a mostra MC Metaverso Brasil – Territórios Brasileiros. Nos dias nos dias 22, 23 e 24 de junho, oficinas, bate-papos, workshops, música animaram os participantes que passaram pelo evento gratuito. Houve ainda óculos de realidade virtual que proporcionaram assistir cinco filmes com a sensação de fazer parte da cena. 

A abertura do evento contou com autoridades especializadas na tecnologia do mundo virtual: Isabella Baltazar, Ricardo Vilella e Luíza Costa, que receberam convidados e acompanharam as atividades. Oz Crias,  também se destacaram pelo talento dos quatro integrantes, que cantam e dançam, e se apresentaram contagiando o público. Os inscritos também acompanharam o workshop “Olhe ao seu redor”, com Gean Guilherme, que mostrou a técnica da fotogrametria com o celular, com escaneamento de objetos, lugares e pessoas. 

Na continuidade da manhã, o bate-papo futuro teve o tema “O metaverso como política de acesso”, com Andressa Núbia, Maria Luiza Freire e Michel Colker. Mediada por Inês Maciel, a mesa ampliou o debate sobre as interseções entre realidades virtuais e realidades urbanas, sociais, políticas e culturais que seriam capazes de transformar socialmente a realidade e o fortalecimento das políticas públicas brasileiras. No mesmo horário também ocorreu Metabaile “Imersão para DJs”, com Osvaldo Eugênio, conhecido no mundo musical como Osvaldin. 

Luisa Costa, diretora de comunicação do Movimento Cidade, contou que, como carioca, estava contente do evento ser realizado na Maré. “Com a parceria da Redes da Maré e patrocinadores foi possível trazer a inovação à favela. Tínhamos apreensão se um evento desse iria ser bem aceito, o resultado foi que fomos bem recebidos e acolhidos. Aqui usamos a cenografia, com um cenário que brinca com as cores do Brasil, algo que chama atenção. A nossa proposta é plantar uma sementinha de curiosidade em quem compareceu no Metaverso, de chacoalhar para o desejo do conhecimento. Os jornais mostram uma cidade violenta, mas queremos mostrar um outro Rio de Janeiro, por isso queremos estar aqui.”

O Metaverso Brasil tem o patrocínio da Meta; apoio de mídia do Grupo Globo; parcerias da Fforfelix, Redes da Maré, Secretaria Municipal de Juventude; realização da Esbrazil e Ministério da Cultura.

Viajar por meio de óculos

Uma das atividades que mais chamavam atenção foi o uso de óculos de realidade virtual. Os participantes conseguiam acompanhar um dos cinco filmes: Fazedores da floresta, Água de beber, Amazônia viva, O chamado do mar e Onde brincam as crianças da Maré. Esse último retratando a situação dos brinquedos situados nas praças do território e no Parque Municipal Ecológico Cadu Barcellos, localizado na Vila dos Pinheiros. 

O morador da Nova Holanda, Rosemberg Neto, de 25 anos, escolheu o filme Amazônia Viva e falou da experiência. “Essa projeção do que é natural em outro lugar é fascinante. Andei de barco, vi uma sequoia, aquelas árvores gigantes. Durante o tempo que a gente estava assistindo parecia que aquela era a minha realidade.” 

A professora Vanessa Medeiros considera uma experiência ótima principalmente para as crianças poderem “experimentar com o corpo”. Ela elogia o espaço pela liberdade e a possibilidade de explorar que o evento traz para as crianças. “Ser um espaço que pode trabalhar tecnologia, educação e principalmente esse corpo livre sem limites e ser acessível, marca muito as crianças que estão aqui.”

Reafirmando a perspectiva positiva da professora, o terceiro e último dia de evento também ficou repleto de crianças. O Instituto Nasci na Maré foi responsável por 17 delas. Imersas na experiência da realidade virtual, Débora Raquel, de 11 anos, Emilly Vitória e Priscilaine Vitória, de 11 e 12, respectivamente, também assistiram ao filme Amazônia Viva. Alunas do Instituto, o grupo de amigas falou com empolgação sobre a experiência e a sensação dentro da Amazônia. No entanto, a fala de Débora Raquel chama atenção. “Fiquei com pena de ver [a Amazônia] queimando, queria ter conseguido apagar.”

Foto: Gabi Lino

A atividade era acompanhada por monitores, como Rodrigo Almeida, produtor da Casa Preta da Maré e morador do Conjunto Esperança. “É muito interessante tudo acontecer. A cidade ser uma das escolhidas e especificamente o bairro da Maré, é uma visibilidade para o território. Esse evento é um impacto e tanto. O Metaverso deixa você a vontade para conhecer o desconhecido. Que esse evento abra portas para muitos outros”, expõe.

Durante os três dias de evento, quem participou do Mc Metaverso pôde contar com palestras sobre arte e tecnologia, workshops e oficinas para criação de espaço virtual, filtro do Instagram e outras ferramentas de realidade aumentada. Todos que participaram das aulas ganharam certificados. No encerramento de cada dia, o público curtiu o Metabaile com DJ’s que integram as experiências tecnológicas aos seus shows. Agora a Mostra Mc Metaverso Brasil desembarca em outras quatro capitais brasileiras: Manaus, Recife, Brasília e Curitiba.

Foto: Gabi Lino

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