Cliníca da Família da Maré promove conversa sobre autismo

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Clínica da Família Adib Jatene também convidou as escolas do território para uma sensibilização sobre a necessidade de um mediador na sala de aula

“Não queremos mudar a forma com que nossos filhos veem o mundo. Queremos mudar a forma como o mundo vê nossos filhos.”

este é o lema da roda de conversa sobre autismo na Maré.

A conscientização sobre a inclusão vai além da fita com a estampa de quebra-cabeças que representa pessoas com autismo. Para falar sobre os direitos das crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), a equipe Praça do Salsa e Merengue da Clínica da Família Adib Jatene realiza hoje (10/08), às 14h, na unidade de saúde, a roda de conversa sobre o assunto, trazendo questões de inclusão e diversidade.

De acordo com o Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais, autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que traz dificuldades de comunicação, interação social e déficits na reciprocidade socioemocional. Os aspectos nem sempre são identificados imediatamente, o que atrasa o início do tratamento. Outro problema ainda é o preconceito por parte da sociedade, que ainda acredita que o autismo é uma doença. No Brasil, ainda não há estudos que mostram números exatos de TEA, com estimativa de dois a seis milhões de brasileiros.

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Em entrevista ao site Desenrola E Não Me Enrola, Luciana Viegas, educadora popular, autista nível de suporte um e fundadora do movimento Vidas Negras com Deficiência Importam (VNDI), explica que o próprio diagnóstico do autismo é negado para pessoas periféricas. Para ela, é necessário ultrapassar o contexto mercadológico e pensar políticas públicas para pessoas com deficiências ocultas levando em conta as relações entre raça, gênero e território. A educadora também tem um filho de seis anos e relata as dificuldades do processo: “O médico falou: se seu filho não tiver uma terapia de 40 horas, ele não avança. Esse serviço custa R$ 7 mil por mês. Como que a mãe pobre e periférica vai pagar?”, questiona.

Soluções para a conscientização

No ano passado a clínica realizou no Dia Mundial da Conscientização do Autismo, no primeiro final de semana de abril, uma caminhada para conscientização. Agora concretiza um projeto piloto da saúde primária, a roda de conversa que mostra os inúmeros casos de TEA na Maré e leva o conhecimento para as mães de como agir na busca de seus direitos. Adriana Chaves, médica de família e graduanda em pediatria na Clínica da Família Adib Jatene, percebeu que na Maré há medidas que mostram desconhecimento para reverter os impactos autistas. “Tudo começou quando a unidade começou a receber muitos casos de mães que pediam remédios para diminuir o nervosismo das crianças e assim as diretoras das escolas os aceitarem na sala de aula”, diz.

Para Chaves, a escola não pode só oferecer música para a criança, é preciso um acompanhamento. “As escolas do território da clínica foram chamadas para uma sensibilização sobre a necessidade de um mediador na sala de aula. A inclusão da criança, passa pelo direito ao acesso à saúde e à educação. O serviço de saúde pública precisa oferecer pelo menos o básico que é psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo”, comenta. As crianças com TEA ainda necessitam no processo de tratamento com musicoterapia e hidroterapia.

Wellem de Assis, enfermeira e especialista em saúde da família da mesma unidade, lembra que o primeiro passo é ter o diagnóstico e depois seguir com o tratamento, para uma independência social. Mas sabe que as mães esbarram no uso dos remédios, que são caros e dificilmente são oferecidos de forma gratuita. “Ainda faltam políticas públicas. A saúde mental é coisa séria, é preciso entender para não classificar as crianças apenas como levadas. Na roda de conversa estaremos mostrando que as mães não estão sozinhas, para que se sintam abraçadas. Por isso, criamos uma rede de apoio, até com dentista. O evento não é só para sentar com as mães e sim mostrar soluções”, conclui. 

O autismo na mídia

The Good Doctor, série da TV conhecida no Brasil como O Bom Doutor, traz a história de um jovem médico com autismo que começa a trabalhar em um famoso hospital. Além dos desafios da profissão, o médico com uma mente brilhante e uma capacidade excepcional de diagnosticar doenças, enfrenta o ceticismo dos pacientes e dos colegas. A série mostra como o jovem médico supera os obstáculos e prova seu valor no hospital, demonstrando que as pessoas com autismo podem ter um impacto positivo no mundo.

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