Comando de Operações Especiais (COE) realiza quarta operação na Maré em 20 dias

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Moradores, que estavam à porta de suas casas, foram surpreendidos por tiros de fuzil disparados bem próximo a eles; há relatos de violações como homicídio, cárcere privado, violência física e psicológica e invasão de domicílio. 

A segunda-feira na Maré amanheceu, mais uma vez, ao som de tiros. Hoje (2), por volta das 4h40, enquanto alguns moradores saíam para trabalhar, crianças se preparavam para ir à escola e jovens ainda curtiam a madrugada, Policiais Militares do Batalhão de Ações com Cães (BAC), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) entraram, segundo moradores, atirando nas favelas Parque União, Rubens Vaz, Parque Maré e Nova Holanda. Duas unidades de saúde e 18 escolas não funcionaram hoje.

Os frequentadores de um pagode, no Parque União, uma das 16 favelas que compõem a Maré, também foram surpreendidos com abordagem violenta dos policiais nas primeiras horas do dia. Moradores afirmam que os agentes de segurança pública iniciaram um tiroteio ainda durante o evento.  Comerciantes tiveram que deixar seus produtos para trás e pessoas, que correr, para se protegerem.

Durante todo o dia, a equipe do Eixo de Segurança Pública e Acesso à Justiça da Redes da Maré esteve em contato com o Ministério Público do Estado do Rio para denunciar o não cumprimento da Ação Civil Pública da Maré, que entre outras coisas, determina a presença de ambulâncias e viaturas com câmeras e GPS´s durante as incursões policiais na Maré. A equipe identificou, pelo menos, dois caveirões circulando por essas regiões sem a presença de ambulâncias, e policiais a pé pelo território. A equipe do Maré de Direitos, que mantém o  Whatsapp (21) 99924-6462 para atendimento, recebeu denúncias de invasões de domicílios e violência física contra jovens no Parque Maré.

Segundo informações do Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), dois jovens feridos na operação deram entrada ao hospital nesta manhã, por volta das 11h30. No final da tarde, o HGB confirmou a morte de um jovem. Ele foi morto na rua 29 de janeiro, no Parque Maré. Uma adolescente de 14 anos foi colocada dentro de um carro por policiais militares encapuzados na passarela 10 (entrada para Rubens Vaz e Parque União). A jovem relatou ter sido mantida em cárcere privado, sofrido violência física e psicológica por cerca de duas horas, sendo liberada a um quilômetro de onde os agentes de segurança pública a pegaram.

Na rua Carmelita Custódio (antiga rua 2), na Nova Holanda, policiais novamente realizaram disparos de fuzil próximo a um grupo de moradores. Homens, mulheres e crianças estavam na porta de casa quando foram surpreendidos pelos tiros e questionaram a ação dos policiais. 

A Assessoria de Comunicação da Polícia Militar informou que drogas e armas foram apreendidas. Quatro pessoas foram presas e encaminhadas a 21°DP (Bonsucesso). Foram mais de 13 horas de operação. A Redes da Maré foi informada do término da incursão policial às 19h. Mas até o momento, a Assessoria da Polícia Militar não apresentou uma explicação sobre motivos de uma operação tão longa que avançou para noite.

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Os suspeitos são os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e deputado federal do Rio de Janeiro, respectivamente, e Rivaldo Barbosa, que é delegado e ex-chefe de Polícia Civil do Rio