Maré de Notícias #62

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[toggle title=” Pela vida, na Maré”]
Elisângela Leite_Redes da Maré_1

Moradores da Maré e trabalhadores da Feira da Teixeira recebem a campanha Jovem Negro Vivo e apoiam a iniciativa

Por Anabela Paiva

Todos os sábados, a Rua Teixeira Ribeiro, a mais movimentada do Parque Maré e Nova Holanda, se enche de moradores e visitantes em busca dos mais diversos itens, de temperos a mesas de som para DJs, de filés de sardinha a enfeites para casa. Sábado, dia 9 de maio, por volta das 16h, o burburinho da feira cessou quando as batidas de dois tambores anunciaram a entrada dos jovens bailarinos da Escola Livre de Dança da Maré. Um a um, eles se alinharam ao longo da rua, entre as barracas.

Entre eles, traziam roupas com furos e manchas que lembravam marcas de tiros e sangue. As roupas representavam os sete jovens mortos a cada duas horas no Brasil, segundo dados da Anistia Internacional. “Jovem… negro… vivo!!”, gritaram, antes de vestir as roupas manchadas.

Criada pelos bailarinos, em parceria com a Lia Rodrigues Companhia de Danças, a  performance foi um dos destaques do lançamento da campanha Jovem Negro Vivo na Maré. A campanha, realizada pela Anistia Internacional em parceria com a Redes da Maré e o Observatório de Favelas, alerta para a chocante realidade brasileira: dos 56 mil homicídios cometidos no Brasil por ano, mais da metade atingem os jovens de 15 a 29 anos e 77% das vítimas são negros. No Rio de Janeiro, segundo o Mapa da Violência de 2014, a taxa de jovens brancos mortos é de 20 por 100 mil; a de jovens negros é de 64,1.

Essa era a mensagem que cerca de 30 jovens, entre negros e brancos, moradores da Maré ou de fora, buscaram transmitir aos compradores e trabalhadores da feira. Além de entregar o folheto da campanha, eles pediam a assinatura do manifesto “Queremos ver os jovens vivos” (leia o documento no Box ao lado e saiba como assiná-lo).

Com a campanha, a Anistia convida todas as pessoas a romper o silêncio e a indiferença diante dessa realidade. O manifesto defende o direito à vida e ainda pede políticas públicas de segurança, educação, saúde, trabalho, cultura, mobilidade urbana, entre outras, que possam contribuir para o enfrentamento dessa realidade.

“É preciso desnaturalizar as mortes de jovens negros e mostrar que essa questão é da cidade e do país e não só da Maré ou das favelas”, disse Edson Diniz, diretor da Redes da Maré.

Moradores relatam situações de racismo

A maioria dos abordados apoiava a ideia – alguns por terem passado por experiência própria por situações de racismo e violência. Na Maré, segundo dados do IBGE, 61% da população se declara negro ou pardo.

O mineiro Jacques Ferreira Figueiredo, de 22 anos, era um deles. Numa pausa da venda de caldos de cana na sua barraca, ele contou já ter vivido muitas experiências de discriminação. “Quando a gente chega para comprar uma coisa, se só tem pessoas mais claras que a gente, acham que a gente é excluído. Não querem atender. Pessoal branco é muito estranho. Chegam aqui na barraca e pedem o caldo de cana com ignorância”.

Assistindo à performance da sua barraca, em que vendia óculos escuros, o camelô Nelson Gomes, 25 anos, fez questão de elogiar a campanha. “É muito importante o que vocês estão fazendo. Se você é negro e mora na favela, já sabe: é esculachado”, afirmou. Morador da Nova Holanda há cinco anos, ele já teve a casa invadida por policiais: “Bagunçaram, jogaram tudo no chão, quebraram coisa. A gente sua para comprar e acontece isso”.

Violações: “até quando?”

O lançamento da campanha ocorreu em um contexto tenso na Maré, quando as forças especiais da Polícia Militar que preparam a ocupação estavam sendo acusadas de atitudes arbitrárias, violações de direitos e até agressões físicas a moradores.

“Estamos pedindo aos moradores que estejam muito atentos e denunciem os abusos das forças policiais”, ressaltou Edson. Esta mobilização não é recente. Em 2014, a Redes e o Observatório realizaram com a Anistia Internacional a campanha “Somos da Maré e temos direitos”, de prevenção de violações por parte das forças policiais. Raquel Willadino, diretora do Observatório de Favelas, lembrou que em 2005 uma exposição de fotografias realizada pela organização já denunciava a violência contra a juventude e perguntava, no seu título: “Até quando?”.

Após a performance da campanha da Anistia, houve uma apresentação do dançarinos de passinho da Rua C – Companhia de Dança. Logo após, jovens da Maré, voluntários da Anistia, integrantes das duas organizações e especialistas em segurança pública se reuniram no Centro de Artes da Maré (CAM), na Nova Holanda, para uma roda de conversa com ativistas que desenvolvem ações de mobilização para o enfrentamento da violência.

Mediado por Bruno Duarte – rosto que aparece na campanha Jovem Negro Vivo – , o encontro teve a presença de Valnei Succo e Mayara Donaria, da Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc); do rapper Dudu de Morro Agudo, líder do movimento Enraizados; Giordana Moreira, organizadora do festival Roque Pense; Gilmara Cunha, do grupo Conexão G; e Binho Cultura, criador da Festa Literária da Zona Oeste (Flizo). Ao fim do encontro, houve apresentação musical do grupo Los Chivitos, com a participação teatral da Cia. Marginal.

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[toggle title=”Justiça perto de casa com casório grátis”]

Luiz Alberto, da Nova Holanda, e a companheira oficializaram a união.  Foto: Elisângela Leite.
Luiz Alberto, da Nova Holanda, e a companheira oficializaram a união.
Foto: Elisângela Leite.

Por Hélio Euclides

Mais de 500 casais já aproveitaram os serviços do ônibus da Justiça Itinerante para formalizar a união estável. O braço da justiça na favela envolve 50 funcionários, incluindo quatro juízes, dois promotores e dois defensores. O objetivo é resolver casos de divórcios, reconhecimento de paternidade e certidão de nascimento tardia, além do casamento civil gratuito e ações relacionadas ao direito do consumidor.

No dia 29 de abril o local escolhido foi o terreno da Associação da Vila do Pinheiro. Verônica Oliveira Rodrigues veio da Nova Holanda. “Muito bom, não é todo dia que há gratuidade no casamento. Já estamos juntos há 15 anos, pois o valor do casamento é muito caro nos cartórios”, explicou. Para Luiz Alberto de Castro Silva, também da Nova Holanda, o problema não é só de dinheiro. “É um incentivo, pois não é só o financeiro, é o tempo. É perto de casa e fica mais fácil, não atrapalha nem o casal nem as testemunhas”, contou Luiz, que já vive com a companheira há 20 anos.

Informe-se sobre o calendário pelo telefone 3133-3468 ou na associação de moradores da sua comunidade.

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[toggle title=” Banda Algoz”]

Sucesso dentro e fora da Maré, grupo de rock nascido e criado na Maré há 11 anos lançará em breve seu primeiro CD

Por Fabíola Loureiro

Formada por três moradores da Maré e um de São João de Meriti, a banda Algoz já tem 11 anos de estrada e vem fazendo sucesso por onde passa. A banda está finalizando seu primeiro CD, homônimo, que deve ser lançado no mês de julho.

O guitarrista Diogo Nascimento, morador da Vila do Pinheiro, conta que no início o grupo tocava por hobby, fazendo cover de outras bandas e sem preocupação de mercado. Com o tempo, eles foram percebendo que era isso o que queriam da vida e começaram a fazer suas próprias músicas.

Elza La Sombra, vocalista da Algoz, também responsável pela produção executiva, diz que cada um tem uma segunda função na banda e ainda contam com a ajuda de colaboradores. “O Diogo faz as gravações e edições, é nosso produtor musical. O Klaus atua na área de marketing, fazendo as divulgações nas redes sociais. Eu entro em contato com os locais e marco os shows e temos os amigos e nossa família que nos ajudam e incentivam bastante. Os fãs acompanham nosso trabalho e compartilham os eventos no Facebook”, conta Elza, que é esposa do Diogo.

Klaus Grunwald, baixista e morador da Baixa do Sapateiro, diz que a música continua sendo o hobby deles, mas agora de uma maneira mais séria, na tentativa de entrar no mercado musical. “Temos feito shows mais fora do que dentro da Maré. Divulgamos nosso material na internet e aparecem os convites para shows. Já tocamos no Circo Voador, Terreirão do Samba, em Belo Horizonte, Lonas, Arenas e em vários festivais”, elenca Klaus. O baterista Robson Pontes é o único integrante que não mora na Maré e entrou recentemente na banda.

Os ensaios acontecem na casa de Elza e Diogo, onde também ocorrem reuniões e encontros com os amigos. Com letras todas em português, as músicas são uma mistura de new metal com pósgrunge. New Metal funde influências do grunge e do metal alternativo com funk, hip hop e punk, rap e música eletrônica. Já o Pós-grunge geralmente é mais pop.

“As letras são muito subjetivas, depende da interpretação de cada um. Uma de nossas músicas, Fungos, fala de uma pessoa em cima de uma motocicleta e sua vida em torno disso, mas a motocicleta é uma figura de linguagem”, explica Elza (leia a letra de Fungos na página 16).

Eventos mensais de rock na Maré

Além de fazer shows, a Algoz integra o coletivo “Rock em Movimento” juntamente com as bandas Levante e Café Frio. O coletivo surgiu durante a construção do evento Maré de Rock, em 2008, e tem o intuito de dar espaço para bandas autorais mostrarem suas produções. Os shows acontecem uma vez por mês no Largo do IV Centenário, no bar do Zé Toré, sempre com três bandas, uma da região e duas de fora, respeitando as datas de outros eventos na Maré.

“Estamos pensando em tornar o Rock em Movimento um evento itinerante e mais vezes ao mês, em outros espaços do Rio de Janeiro. Hoje o cenário rock está assim: constrói eventos para criar o intercâmbio entre bandas dentro e fora da cidade. Dessa forma as bandas se auto beneficiam”, esclarece Diogo.

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[toggle title=”Serviços na Nova Holanda”]

A Associação de Moradores da Nova Holanda está oferecendo uma série de serviços para os moradores. Veja a relação: advogado criminalista (5ª feira – 16h); advogado trabalhista e da vara cível (sábado – 8h às 12h); clínico geral, ginecologista, pediatra, cardiologista, endocrinologista (2ª a 4ª – 13h); oftalmologista (de 15 em 15 dias na 3ª – 9h às 14h); reforço escolar (2ª a 5ª – três turnos de duas horas – de 14h às 22h); alfabetização e informática para a 3ª idade (2ª a 5ª); balcão de emprego (sábado – 8h às 12h).

Tem ainda o Projeto Economia Solidária – Rio Ecosol -, financiado pelos governos federal e municipal, com a finalidade de qualificar artesãos locais e inseri-los no mercado de trabalho com a venda de material em feiras. O foco é o uso de material reciclado. A associação fica na Rua Trancredo Neves esquina com Teixeira Ribeiro.

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