Museu da Maré completa 17 anos de memória, cultura e arte favelada

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Espaço permite que moradores entendam sua história a partir de uma visão sensível das favelas da Maré

Andrezza Paulo

O Museu da Maré completa neste 8 de maio, 17 anos de história, cultura, arte e auto-representação da população mareense. São 3.200 arquivos que compõem o acervo da instituição, além da biblioteca Marielle Franco, peças de teatro e a produção de oficinas e conhecimento. O Museu também realiza atividades lúdicas e exposições itinerantes, mas as atrações principais do local são: a casa em tamanho real feita de palafitas, que representa um marco na memória territorial e o Arquivo Dona Orosina Vieira.

A instituição nasce por iniciativa do CEASM – Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré ao reunir informações sobre o território através de entrevista oral com moradores, arquivos e dados que constituem a memória mareense – a  Rede Memória da Maré. A trajetória possibilitou parcerias entre a Rede Memória e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Unirio. Com a parceria, foi  inaugurado o Arquivo Dona Orosina em 2001 e exposições a partir do olhar periférico no Museu da República, no Castelinho do Flamengo e no Centro Cultural do Tribunal de Contas do Estado em 2004. 

Foto: Matheus Affonso | Casa de palafita, uma das maiores atrações do espaço que marca a construção da Maré

A partir dos incentivos do Programa Cultura Viva – Pontos de Cultura do Ministério da Cultura e o apoio técnico do Departamento de Museus do IPHAN, foi iniciada a implantação do Museu da Maré, que veio a se concretizar no dia 8 de maio de 2006 no Morro do Timbau com a presença do então Ministro da Cultura, Gilberto Gil.

Thamires Ribeiro,32, é conservadora e restauradora no Museu da Maré e enfatiza a importância do espaço para a população local:

“O Museu é um lugar de memória. É fundamental para que os moradores conheçam a história do território, de como foi, de como é e para pensar em práticas para o futuro também, principalmente dentro de uma favela, cujos grupos são marginalizados”, contou.  

É tempo de memória

As manifestações artísticas do Museu são compostas por “tempos” da vida na Maré: Tempo da Água, Tempo da Casa, Tempo da Migração, Tempo da Resistência, Tempo do Trabalho, Tempo da Festa, Tempo da Feira, Tempo da Fé, Tempo do Cotidiano, Tempo da Criança, Tempo do Medo e Tempo do Futuro.

Para Thamires, os textos, as imagens e os objetos doados por moradores são primordiais para a manutenção da memória: “Não temos arquivistas, mas temos pessoas que ajudaram e ainda ajudam a construir o acervo, que tem a vivência territorial. É importante ter essa iniciativa de preservar a memória, tanto da gente como dos moradores da Maré e que mais espaços como esse sejam replicados em outras favelas, com suas peculiaridades e experiências únicas para que contem sua própria história”, finaliza.

O espaço representa um marco na museologia, pois evidencia a experiência voltada para a inclusão cultural e social das populações marginalizadas. O Museu da Maré é composto por mapas, vídeos, fotografias, recortes de jornais e outros documentos textuais, objetos de uso doméstico, alfaias de faina, alfaias religiosas e brinquedos. Além do resgate à memória, o Museu atua com a afirmação territorial e a produção de uma narrativa positiva das 16 favelas da Maré. Representa o encontro de gerações que permite aos moradores entenderem sua história e provoca a reflexão sobre a importância da auto-representação das populações de favela.

O Museu da Maré tem visitação de terça a sexta-feira, das 10:00h às 13:00h e 14:00h às 17:00h e fica na Av. Guilherme Maxwel, 26 – Timbau.

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