Pesquisa realizada pelo Instituto Pereira Passos foi divulgada em abril
Por Lucas Feitoza
As desigualdades das favelas no acesso à direitos em comparação à diversas outras partes da cidade não é novidade. Todos os jornais, desde os de maior alcance, mais conhecidos e famosos, até os locais, falam sobre o assunto explorando em alguns casos o lado que mostra a carência dos favelados.
E de fato existe uma carência, a da atuação do Estado para promoção dessa igualdade. Inclusive no acesso à educação. De acordo com a pesquisa Índice de Progresso Social (IPS) realizada pelo Instituto Pereira Passos (IPP), apenas 7% dos jovens do Conjunto de Favelas da Maré frequentam a universidade, os dados foram divulgados no fim de abril.
Poderíamos comparar com o primeiro lugar que está em Botafogo, na Zona Sul, com 68,69% dos jovens na universidade. Mas deixar a informação livre para a reflexão dos leitores depois da 11ª operação na Maré não é interessante. Precisamos ser mais objetivos.
Baixa presença nas universidades
Há medidas que buscam aumentar o acesso dos jovens da favela às universidades, a Redes da Maré realiza um curso pré vestibular que contribui para esta inserção nos ambientes acadêmicos. Outras instituições também realizam este trabalho, o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) também desempenha a função de preparar jovens para o Exame Nacional do Ensino Médio, entretanto, os alunos encontram obstáculos no acesso ao ensino superior.
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Entre as dificuldades estão as operações policiais que impedem o acesso aos cursos preparatórios e as universidades. Muitas vezes até a educação fundamental e de nível médio na favela é prejudicada. Apenas esse ano, foram onze operações, a última nesta quinta-feira (11) deixou 9.119 alunos sem aula e 27 escolas afetadas. Onze operações e onze dias de aula a menos para os alunos. Em 2022 foram 15 dias sem aulas na rede municipal da Maré, de acordo com os dados do Boletim Direito à Segurança Pública da Maré, produzida pela Redes da Maré.
A professora Daniele Figueiredo conta que esta é uma das barreiras enfrentadas pelos alunos de favelas. “Toda vez que tem operação os alunos não conseguem ir para a escola, e geralmente (as operações) acontecem no horário escolar, então tem a retenção de aulas, que tem menos dias de aulas e isso é um ponto negativo”. Para ela outra questão que afeta a educação e dificulta o acesso igualitário as universidades é que o estilo usado por muitas escolas colocam o aluno como aprendiz e o professor detentor de todo o conhecimento. “A educação é problematizadora na qual o professor ele pode errar, assim como o aluno também pode, e podem continuar a educação juntos, acho que essa é uma das primeiras barreiras a a ser superadas”, afirma.