Moradores da Maré que concederam entrevista na edição 144 de janeiro deste ano fazem uma avaliação das suas metas e sonhos
Maré de Notícias #155 – dezembro de 2023
Em janeiro de 2023, o Maré de Notícias perguntou a 16 moradores da Maré, um de cada favela do conjunto, quais eram os seus desejos para o ano que começava. Pedidos por trabalho, educação, saúde e paz estavam no topo da lista. Na edição de dezembro, voltamos a estes moradores para celebrar suas conquistas.
Nova Maré
Richelly Ferreira, 25 anos, tinha como meta conseguir um emprego para dar um futuro melhor para as filhas.
“Realizei os meus desejos, graças a Deus. Consegui não só trabalho, como minha casa própria. Ela está em obra, mas é minha, e estou alcançando aos poucos meus objetivos!”
Bento Ribeiro Dantas
Rafael Barbosa, 36 anos, tinha como prioridade ser promovido no emprego para dar mais qualidade de vida à família.
“Sou grato a Deus por tudo que se realizou. Foi sofrido, às vezes um pouco doloroso, cansativo, mas consegui alcançar tudo aquilo que queria. Minha promoção deu certo e o que eu precisava para dar mais conforto e paz para minha família foi conquistado.”
Roquete Pinto
Francisca Medeiros, 67 anos, tinha como objetivo concluir a reforma da casa, além de ter paz, saúde e união na família.
“Graças a Deus consegui terminar as obras, reformei a casa. A família está muito bem, com muita paz e amor.“
Vila do João
Elaine Lopes, 44 anos, pretendia se posicionar como comunicadora popular, encontrar seu espaço e se destacar no jornalismo. Ela havia acabado de se tornar parceira na Defensoria Pública e queria levar mais defensores para a Maré.
“Consegui me destacar na área do jornalismo através da reportagem que realizei para o programa do Observatório de Favelas, em parceria com a revista da Fundação Oswaldo Cruz, a RADIS. Quem quiser conferir é só acessar o meu perfil no Instagram: @lane_mlopes.”
Marcílio Dias
Anderson Vieira, 35 anos, conhecido como Jedai, queria que 2023 fosse o ano para falar inglês, aprender libras e ser embaixador do CAVA, uma marca que tem propósito social, cultural e ambiental. Outras metas eram vender bastante o curso online do Rei das Unhas, implantar o aplicativo Papoom em toda Maré e abrir nova franquia do Carteiro Amigo.
“Consegui ser embaixador da CAVA, da GLOCAL e sócio da loja Marca da Favela, que investe 10% do lucro em projetos de educação e qualificação profissional. Esse ano me tornei presidente do projeto Impactando Kelson e implantamos o aplicativo Papoom no Parque União e na Nova Holanda. Abrimos uma franquia do Carteiro Amigo na Cidade de Deus, além de Rocinha e Rio das Pedras. Além disso, sou professor de comunicação, tecnologia e mídia no SESC de Ramos e tenho me destacado como poeta.”
Morro do Timbau
Juliana Machado, 31 anos, queria estudar mais sobre a favela e continuar contribuindo para o desenvolvimento da juventude que ela enxerga como potência do território.
“O que mudou em 2023 é minha força de vontade. Vou continuar com meu foco em potencializar a juventude de favela.”
Parque Maré
Raniery Soares, 26 anos, queria continuar estudando para se graduar em 2024. Ele pensava em como atuar na vida acadêmica e na formulação de políticas públicas junto aos movimentos sociais.
“2023 impactou a minha vida em muitos aspectos, principalmente na força de se trabalhar coletivamente e potencializar a vontade de mudança social. Academicamente, iniciei projetos de extensão e pesquisa e fortaleci ainda mais minha área de atuação como militante e ativista para a redução das desigualdades sociais.”
Conjunto Esperança
Estephany Lopes, 27 anos, é manicure e havia acabado de conseguir seu espaço próprio de trabalho. Com isso, ela pretendia dar aulas na área de nail design e fazer mais cursos.
“Consegui me formar no curso de instrutora, ampliei muito o conhecimento profissional e montei o espaço da forma que eu queria para as clientes. Foi um ano de muitos avanços.”
Praia de Ramos
Juliana Marques, de 25 anos, desejava conseguir um bom emprego e se realizar profissionalmente. Queria também concluir o curso de inglês e esperava que os moradores tivessem um ano melhor, com mais expectativa de vida na comunidade.
“Consegui o estágio que queria e estou muito feliz. Para 2024 espero concluir o curso de inglês.”
Vila dos Pinheiros
Ana Paula Medrado, 28 anos, desejava um ano de mais lazer e mais cuidado com a saúde física e mental. Queria concluir o MBA na área de Dados, na Universidade de São Paulo, e sonhava com o retorno que esse conhecimento poderia gerar.
“Foi um ano de mais lazer, viagens e de atividades físicas, apesar da constante luta para ter esse tempo dedicado. Tive que postergar a conclusão do MBA, mas estou na reta final. Em 2024 quero conhecer a Bahia, quem sabe entrar em um mestrado, mas se tem uma coisa que 2023 me ensinou é que a nossa maior revolução é viver nossa vida, e preferencialmente o agora.”
Nova Holanda
Ana Maria Oliveira, 56 anos, queria melhorar a saúde e alcançar o peso que necessitava para realizar uma cirurgia. Esperava que as filhas ficassem bem e não que faltasse emprego para elas.
“A cirurgia da perna ainda não aconteceu, mas as dores melhoraram bastante com o uso dos remédios certos. Minhas filhas estão bem, uma está com um emprego muito bom e a outra está caminhando e melhorou, mesmo com os problemas.”
Rubens Vaz
Thainá Guedes, 28 anos, queria abrir um negócio na área de alimentação, alcançar estabilidade financeira e viajar mais. Desejava que a violência diminuísse na Maré e que houvesse mais atividades infantis.
“O negócio não deu muito certo, mas graças a Deus consegui estabilidade financeira. Em relação à comunidade, acho o mesmo ainda, faltam atividades para as crianças.”
Parque União
Josefa Fernandes, de 80 anos, queria ver as pessoas vivendo em harmonia e paz, se amando mais, se respeitando. Desejava também que os governantes tivessem sensibilidade e governassem pensando no povo que sofre.
“Para 2024 desejo a todos amigos e familiares um mundo melhor, sem violência e sem guerra. Com muita paz, saúde para todos nós e, com a benção de Deus, para toda humanidade.”
Salsa e Merengue
Ana Maria Camilo, de 27 anos, tinha a meta de cuidar mais da saúde física e mental. Queria tentar estar mais próxima da natureza, apesar de saber que este é um grande desafio para os favelados, vítimas do racismo ambiental e cada vez mais distantes dos locais verdes e arborizados.
“Este ano viajei para dois lugares que tinha vontade de conhecer, Petrópolis e Paraty.
Continuo desejando mais contato com a natureza, acho isso extremamente importante. O que ainda está em construção é o cuidado com a minha saúde física. Para o ano de 2024, pretendo realmente começar a fazer algum tipo de exercício físico. Cuidar da saúde mental não é só fazer terapia, o exercício físico também ajuda a manter o equilíbrio. Quero viajar mais em 2024, nem que seja para conhecer cidades no estado do Rio de Janeiro, quero provar novas gastronomias e desejo muito que o próximo ano seja de paz para todos os mareenses.”
Baixa do Sapateiro
Rafael Lima, 34 anos, desejava um ano de mais amor ao próximo. Para a Maré, ele queria que os moradores pudessem ser potência nas áreas de cultura e esporte.
“Foi um ano que eu consegui entender como a saúde mental afeta os atletas e percebi que é possível vencer a depressão e a ansiedade.”
Conjunto Pinheiros
Jessica Cristina, 33 anos, esperava conseguir trabalho, além da casa e negócio próprio. Infelizmente, não conseguimos contato com ela, mas ainda queremos saber se Jéssica conseguiu realizar os seus desejos.