1° de Maio e o orgulho do trabalhador da Maré

Data:

A data que surge a partir de reivindicação operária também é oportuna para celebrar o trabalhador de favela

Passados mais de 80 anos desde a fundação da CLT, o trabalhador ainda luta para que seus direitos sejam garantidos e respeitados, principalmente o trabalhador da favela. 

O Maré de Notícias (MN) foi às ruas da Vila do João e perguntou aos moradores qual profissão não poderia faltar por aqui. E as respostas refletiram o receio dos moradores em perder os direitos básicos.

“Não pode faltar professores porque as crianças precisam e médicos especializados porque é o que mais necessita na Maré”; “Não pode faltar o assistente social para estar sempre averiguando as necessidades dos moradores.”; “A gente está em um lugar humilde que precisa ter benefícios pra gente, então não pode faltar nenhuma profissão.”, disseram os moradores Fátima, Cleide e Gilvan.

Hoje é um dia para refletir e analisar o contexto do trabalho em espaços marginalizados e suas condições. Dados do Digital Favela mostram que entre os moradores de favela do Brasil, 41% têm um negócio próprio, sendo que, para 22%, essa é a principal fonte de renda; 57% dos empreendedores declararam ter investido em si mesmos para driblar a ausência de oportunidades com carteira assinada no mercado formal. A pesquisa realizada em 2022 também aponta que 63% desses empreendedores não têm CNPJ, ou seja, são informais. 

De acordo com o estudo, os trabalhadores de favela são tomados pela necessidade de renda e, de forma criativa, constroem soluções para um problema social que se intensifica quando falamos de territórios como este.

Mas hoje também é um dia para se orgulhar e olhar com afeto para profissões que surgiram especificamente em territórios periféricos e favelados como já abordamos aqui a importância dos Mototaxistas, das Feirantes, do Funk e dos MCs para a geração de renda na favela.

A Maré produz excelentes profissionais todos os dias e de todas as áreas. Profissões essas que fazem a cidade funcionar, que sem elas, nada seria possível. Para além dos profissionais e serviços básicos de direito, o entregador da farmácia, a costureira, o vassoureiro, a manicure e a tia que vende bebidas no baile também merecem toda a celebração e melhores condições de vida. O dia de hoje é sobre eles, é sobre você e sobre todos nós que construímos e viabilizamos caminhos para a Maré e a sociedade que queremos através do nosso trabalho. 

A história por trás da data

O Dia do Trabalhador, estabelecido em 1º de Maio, não é apenas um feriado, mas um símbolo da luta histórica por melhores condições de trabalho e direitos sociais. Sua origem remonta ao século XIX, quando a jornada de trabalho excessiva e as péssimas condições eram realidades comuns para a classe operária, em sua maioria negra. 

Em 1886, nos Estados Unidos, trabalhadores de diversas cidades se uniram em uma greve geral para reivindicar a jornada de 8 horas de trabalho. Em Chicago, essa greve tomou proporções trágicas, com a morte de vários trabalhadores durante um confronto com a polícia. O massacre na cidade repercutiu no mundo todo, inspirando a criação da Segunda Internacional Socialista em 1889. Nesse congresso, realizado em Paris, a data de 1º de Maio foi oficializada como o Dia Internacional do Trabalho, em homenagem aos trabalhadores de Chicago e em reconhecimento à importância da luta por seus direitos.

|Já leu essas?

Já no Brasil, no início do século XX, a jornada de trabalho era maior que 8 horas diárias e as condições precárias levaram os trabalhadores a manifestar suas indignações e pedirem por direitos. Em 1917, São Paulo foi palco de uma enorme greve operária que reivindicava diversos aspectos do trabalho da época. 

Somente em 1930 que o movimento de fato ganhou força com a ascensão do então Presidente Getúlio Vargas que foi uma figura-chave nesse processo. 

Em 1940, ainda sobre o forte movimento operário, Vargas estabeleceu o salário mínimo, no ano seguinte, a Justiça do Trabalho foi criada. Em 1943, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi promulgada, unificando diversas leis trabalhistas e consolidando os direitos dos trabalhadores brasileiros.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por que a ADPF DAS favelas não pode acabar

A ADPF 635, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), é um importante instrumento jurídico para garantir os direitos previstos na Constituição e tem como principal objetivo a redução da letalidade policial.