Três favelas receberam soluções para os problemas socioambientais enfrentados no território
O EcoClima, Núcleo de Economia Circular e Clima, implementou três protótipos de soluções ambientais no conjunto de favelas da Maré. Após os agentes climáticos e mobilizadores passarem por um processo formativo, chegou o momento de transformar o conhecimento em soluções concretas para os problemas ambientais da Maré. Os protótipos foram escolhidos de acordo com a necessidade das quatro favelas abrangidas pelo projeto: Nova Holanda, Parque União, Rubens Vaz e Parque Maré.
A implementação foi dividida em três etapas. A primeira fase foi a criação de contexto, definição dos locais onde cada protótipo seria inserido. A equipe escolheu o canal da Vila Olímpica, integrado à Praça da Paz, para instalar um biodigestor com sistema Wetland. O canal poluído fica localizado entre as favelas Nova Holanda e Parque Maré.
Já a composteira foi colocada no EDI Maria Amélia, na Nova Holanda. Reforçando o compromisso do projeto de estimular a educação ambiental. As irmãs Soraya e Sayonara Claudino, moradoras na Rubens Vaz, receberam o telhado verde.
O coordenador do projeto, Rian de Queiroz, explica que os locais foram escolhidos a partir da escuta dos moradores. Em 2023, a equipe realizou a pesquisa “EcoClima – Diagnóstico sobre tecnologias ambientais, futuro e mudanças climáticas na Maré”. Por meio das entrevistas foi possível identificar as necessidades dos territórios
“Das quatro favelas, a Nova Holanda é a única que tem um público mais adaptado à coleta seletiva, mais 50% da população já separa os resíduos orgânicos. Então faz sentido colocar a composteira ali. Rubens Vaz é uma das favelas que menos crê na possibilidade de solução para o calor. Por outro lado, é onde os moradores mais reclamam da sensação térmica quente ou muito quente. Então a gente pensou na instalação do telhado verde para lá”, diz Rian.
A expectativa é que essas tecnologias ambientais ajudem a mitigar os impactos das mudanças climáticas na Maré. O EcoClima também pretende que os protótipos estimulem os atores locais a multiplicar as soluções pelo território.
Conheça os protótipos
A equipe responsável pelo telhado verde finalizou a obra na casa de Soraya e Sayonara, moradoras da favela Rubens Vaz. O protótipo possui várias camadas: impermeabilização, drenagem, solo e vegetação. Cada uma delas tem uma função específica que contribui para o funcionamento da tecnologia. Para a construção também foram reaproveitados materiais que seriam descartados, como tampinhas de garrafa pet. Elas foram usadas como substituto sustentável para brita, formando uma camada drenante leve e eficiente
A expectativa é que o telhado verde proporcione conforto térmico para as moradoras e estimule os vizinhos a adotarem soluções sustentáveis.
“ Eu tenho certeza que com o projeto do telhado verde que está acontecendo aqui na minha casa vou poder ajudar meus vizinhos, meus amigos. Alguns já apareceram aqui, já vieram querendo saber o nome das plantas. Com o cultivo melhor, com certeza vamos poder ajudar outras pessoas”, diz a moradora Soraya.
O protótipo da composteira foi colocado no Espaço de Desenvolvimento Infantil Maria Amélia, na Nova Holanda. Paralelo a construção da composteira, os agentes e mobilizadores do EcoClima realizaram oficinas de compostagem e educação ambiental com educadores e alunos do EDI Maria Amélia. As atividades também envolveram outros integrantes da comunidade escolar como merendeiras e auxiliares de serviços gerais.
O fertilizante produzido pela composteira será usado na horta do EDI.
O Biodigestor com sistema Wetland já está em funcionamento. O protótipo foi pensado para mitigar os impactos da falta de manejo adequado do esgoto na Maré. Para isso, o sistema de tratamento que decompõem matéria orgânica presente sem oxigênio. O Dusa conseguiu a liberação da GEL – Gerência Executiva Local – para
usar o espaço público do canal integrado à Praça da Paz.
A equipe do EcoClima em parceria com o Laboratório de Tratamento de Águas e Reuso de Efluentes (LABTARE) e o Laboratório de Engenharia do Meio Ambiente (LEMA), os dois ficam na UFRJ farão análises periódicas da qualidade da água tratada. Serão analisados o PH, temperatura média, presença de sólidos, metais. A análise deve identificar parâmetros químicos, biológicos e de oxigênio na água. O panorama possibilita monitoramento do funcionamento do sistema. Também será feita a revitalização e paisagismo da praça.
O projeto também investe em conscientização para preservação da área de manguezal do Parque União. O EcoClima é uma iniciativa do Eixo de Direitos Urbanos e Socioambientais (Dusa) da Redes da Maré, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e apoio do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EA-UFRJ).