12ª edição da FLUP na Maré em dezembro

Data:

Evento reunirá as maiores competições de Slams das Américas, celebrando a escuta radical e a poesia falada. A programação ainda conta com mesas de debate em homenagem às obras de Lima Barreto, transmissão dos jogos do Brasil e shows

Por redação

De 5 a 11 de dezembro, a Festa Literária das Periferias, Flup, desembarca no Centro de Artes da Maré, Zona Norte do Rio, com as maiores competições de slams – batalhas de poesia falada – e performances das Américas, reunindo poetas periféricos nacionais e internacionais em chaves, semifinais e finais, celebrando a escuta radical e as narrativas que dialogam para além dos livros. A Festa recebe, pela primeira vez no Rio de Janeiro, o SLAM BR, maior evento nacional de poesia falada que acontece em São Paulo desde 2014, valendo vaga para o Abya Yala Poetry Slam, a Copa América das batalhas. Além da final do Slam Coalkan, primeiro slam indígena mundial da história, que reúne poetas das três Américas e celebra a visibilidade e vozes dos povos originários. A programação completa pode ser conferida em flup.net.br. Durante o evento, a Festa ainda irá realizar a Copa Flup, com transmissão ao vivo dos jogos do Brasil na Copa do Mundo.
“A palavra falada se tornou a plataforma por excelência das periferias globais”. diz Julio Ludemir , fundador da Festa Literária das Periferias junto com escritor e produtor cultural Ecio Salles (1969*2019). E complementa: “mas a potência dessas vozes e corpos dissidentes precisa de uma escuta igualmente sensível e radical. Essa produção poética, que você encontra tanto no Bronx quanto na Baixada Fluminense e Havana, se alimenta de sua plateia como num jogo de espelhos, numa relação dialética e dinâmica em que ambas as partes sempre saem renovadas”.
Seguindo com as homenagens à história e presença do escritor Lima Barreto na literatura, ao subúrbio, às periferias, à escuta e vozes das mulheres, a Festa irá receber grandes escritoras como Conceição Evaristo e a haitiana Yanick Lahens, as poetas Luna Vitrolira e Jarid Arraes, que é também escritora e vai contar sobre seu romance de estreia, “Corpo Desfeito”, além de Geovani Martins e Jessé Andarilho, dois dos principais talentos revelados pelos processos formativos da Flup, e o pernambucano Marcelino Freire. Realizada na Maré de Marielle, a 12ª edição da FLUP ainda contará com o lançamento do livro de memórias “Minha Irmã e Eu”, de Anielle Franco, escrito em homenagem à irmã vereadora, assassinada a tiros em março de 2018 no Rio de Janeiro.

A abertura oficial da Festa acontece no dia 5, com a tradicional revoada dos balões a partir das 12h, e uma cerimônia de saudação aos Orixás e boas vindas com Eliana Souza, da Redes da Maré, e Dani Salles, porta-voz da Flup, das 18h30 às 19h30. A programação segue com o lançamento da biografia do livro “Pai Santana – O Orixá do Futebol”, lendário
massagista do Vasco da Gama, último livro escrito por Ecio Salles. Dani Salles, viúva de Ecio, irá autografar o livro. A partir das 20h30, o clima da Copa promete tomar a Maré com shows dos artistas Evy, Kamy e No Lance, da Mostra Maré de Música, e apresentação da roda de samba do grupo Awurê.

Entre os meses de setembro e novembro, a FLUP promoveu, na Maré, um processo formativo chamado Slam Colegial, que percorreu 5 instituições da região com oficinas de escrita e performance orientadas por slammers já reconhecidos na cena. Durante o processo, com 40 participantes, foram realizadas batalhas que irão classificar 5 jovens. A final do Slam Colegial acontece na quarta-feira, dia 7, às 15h.
A Festa também recebe o Slam Coalkan, primeiro slam indígena mundial da história, que terá a disputa entre 4 poetas para celebrar a visibilidade e vozes dos povos originários. Durante a programação, ainda terá o lançamento da versão brasileira do livro “Slam Coalkan”, que reúne poesias dos 18 slammers de povos originários das 3 Américas que participaram da fase classificatória da batalha, ocorrida na última Flup. A final poderá acontecer no dia 9 ou 10, às 16h, a depender da classificação do Brasil na Copa do Mundo.
A Copa das Américas de Slams, Abya Yala, terá sua final no dia 11 de dezembro, domingo, a partir das 20h. Em seguida, a FLUP encerra sua programação com uma super festa: o Encontro das Faixas, uma Experiência Afrofunk, dirigida por Taísa Machado.

Continuação das homenagens a Lima Barreto
Dando continuidade ao Quilombo do Lima, no dia 07, às 16h30, a grande escritora Conceição Evaristo se encontra com a haitiana Yanick Lahens para discutir o tema “Diário ìntimo: quando a escrita de si traduz o mundo”, com mediação da curadora Angélica Ferrarez. No dia seguinte, 08, a partir das 16h30, a mesa “Cemitério dos Vivos: Variações sobre a
necropolítica” reúne os escritores Geovani Martins e Jessé Andarilho, dois dos principais talentos revelados pelos processos formativos da Flup, com a presença de Thais Custódio.


Já em 11 de dezembro, às 14h, a Flup dedica uma mesa temática para homenagear Miró da Muribeca, poeta pernambucano que faleceu em julho. Durante seus 61 anos, o autor publicou mais de 15 livros e teve poemas traduzidos para o espanhol e para o francês, tornando-se referência forte na poesia urbana. Nesta mesa, a obra de Miró será debatida pelo escritor Marcelino Freire e pela poeta, cantora, atriz e produtora Luna Vitrolira, com mediação
de Gilmara Cunha, defensora dos direitos humanos, fundadora e coordenadora geral da organização Conexão G. Em seguida, às 16h30, a romancista Marilene Felinto se encontra com a escritora Jarid Arraes na mesa “Clara dos Anjos: nós não sabíamos que o nome disso é abuso”, com mediação de Flávia Oliveira, jornalista e comentarista.

Ainda no dia 11, a partir das 18h, a Flup receberá a escritora Anielle Franco que irá integrar a mesa “A gente combinamos de não morrer”, com a participação de Renata Souza, Fernanda Vianna e mediação de Pâmela Carvalho. Às 20h, Anielle lança o seu livro de memórias “Minha Irmã e Eu”, que começou a ser escrito desde a morte da vereadora Marielle Franco em 2018.

A Flup 22 é apresentada pelo Ministério do Turismo, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura. Tem o patrocínio master da Shell e o patrocínio do Itaú, pela Lei Federal de Incentivo a Cultura e da Globo, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS. Apoio da Fundação Ford e do Instituto Ibirapitanga. Parceria
da Redes da Maré e do Sesc. A realização é do Instituto 215 e da Suave Produções, com a Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo e Governo Federal.

Compartilhar notícia:

Inscreva-se

Mais notícias
Related

Por um Natal solidário na Maré

Instituições realizam as tradicionais campanhas de Natal. Uma das mais conhecidas no território é a da Associação Especiais da Maré, organização que atende 500 famílias cadastradas, contendo pessoas com deficiência (PcD)

A comunicação comunitária como ferramenta de desenvolvimento e mobilização

Das impressões de mimeógrafo aos grupos de WhatsApp a comunicação comunitária funciona como um importante registro das memórias coletivas das favelas

Baía de Guanabara sobrevive pela defesa de ativistas e ambientalistas

Quarenta anos após sua fundação, o Movimento Baía Viva ainda luta contra a privatização da água, na promoção da educação ambiental, no apoio às populações tradicionais, como pescadores e quilombolas.

Idosos procuram se exercitar em busca de saúde e qualidade de vida

A cidade do Rio de Janeiro tem à disposição alguns projetos com intuito de promover exercícios, como o Vida Ativa, Rio Em Forma, Esporte ao Ar Livre, Academia da Terceira Idade (ATI) e Programa Academia Carioca