Ação conjunta das polícias militar e civil impacta mais uma vez aulas, acesso à saúde e outros direitos para moradores na Maré
“Acordei com eles forçando a minha janela”; “Acordei no susto do toda me tremendo”; “Aqui no sem terra tá cheio de polícia, estavam tentando abrir minha janela!”; “Surreal isso cara, ninguém merece acordar assim, tô assustada até agora”; “Mais um dia, mais uma quinta-feira. Até quando?”; “Eu tô surtando hoje”. Esses são alguns dos relatos e desabafos de moradoras e moradores das favelas Parque União e Nova Holanda que receberam nesta quinta-feira, 18 de maio, mais uma operação policial com equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil.
A ação foi iniciada antes das 6h da manhã, quando mais uma vez as milhares de pessoas que moram na região, se preparavam para iniciar o dia. Nessas primeiras horas do dia, veículos blindados e agentes policiais das delegacias envolvidas na operação circulavam pelo território. Um helicóptero também dava voos rasantes pelas ruas, amedrontando moradores. Alguns relatos sobre invasão de domicílios chegaram para o Maré de Notícias: pessoas que tiveram suas portas e janelas arrombadas por agentes policiais sem mandado judicial. A página de comunicação local “Maré Vive” publicou o relato:
As clínicas da família Diniz Batista dos Santos e Jeremias de Moraes da Silva, acionaram protocolo de acesso mais seguro e interromperam o funcionamento nesta quinta-feira, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. 22 unidades escolares municipais também suspenderam atividades, afetando pelo menos 7897 alunos. Operações policiais como a que a Maré vive hoje negam aos moradores o acesso à diversos direitos como a educação e a saúde, mas também à mobilidade. A sensação de medo, incerteza e insegurança que essas operações recorrentes geram no cotidiano afeta também a saúde física e mental das pessoas que vivem, estudam e trabalham nas favelas da Maré.
A equipe do Eixo Direito a Segurança Publica e Acesso à Justiça da Redes da Maré está acompanhando a ação e acolhendo moradores que tenham sofrido violações de direitos, no prédio central da Redes da Maré, na Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda.
O Conjunto de Favelas da Maré vive nesta quinta-feira a 12ª operação só neste ano de 2023. Em 2022, 27 operações aconteceram nas 16 favelas da Maré. Essa semana o Complexo da Penha também foi alvo de operações policiais na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Um morador, o músico Fábio Gomes, foi baleado durante a ação do CPX. Até o momento do fechamento desta matéria a operação ainda seguia em curso.