27 pessoas já morreram em operações policiais desde anúncio de Intervenção Federal
Maria Morganti
Desde último sábado, (24/03), 9 pessoas foram executadas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. A menos de 70 km de lá, em Maricá, na Região Metropolitana, uma chacina aconteceu na madrugada de domingo (25/03). Cinco jovens, Sávio de Oliveira Vitipó, Mateus Bitencourt da Silva, Patrick da Silva Diniz, Matheus Barauna dos Santos e Marcus Jonathas, foram executados em um conjunto habitacional. Segundo moradores, grupos armados teriam rendido os adolescentes e matado um a um com tiros na cabeça, após a saída de um evento cultural. A principal linha de investigação da Polícia Civil é que execução tenha sido cometida por milicianos.
A mãe de uma das vítimas, July Mary Ribeiro de Andrade, afirmou que eles eram conhecidos por estarem sempre presentes em eventos de batalha de passinho e Hip Hop da cidade. Eles eram produtores culturais. Na Rocinha, a morte de um Policial Militar na noite da última quarta-feira (21/03), teria motivado as ações que começaram no sábado e duram até hoje com um claro caráter de vingança. O morador, Antonio Ferreira da Silva, conhecido como Marechal, também morreu no tiroteio que acontecia.
Em pouco mais de seis meses, 50 mortes aconteceram na Rocinha. Desde que a vereadora Marielle Franco foi assassinada, no dia 14 de março, 25 pessoas foram assassinadas. Desde o dia 16 de fevereiro, quando o anúncio da intervenção foi feito, 36 mortes em comunidades,segundo dados do aplicativo Fogo Cruzado.
Com autoridades que não se pronunciam diante de execuções como essas, a pergunta “até quando” continuará sendo ecoada por todos nós. O que será necessário fazer para que vidas de moradores de periferias parem de ser ceifadas? O direito à vida é um direito fundamental de todo e qualquer ser humano. Até quando precisaremos conviver com essa triste realidade?