Grande em número de moradores, casas e muita história
Maré de Notícias #118 – novembro de 2020
Por Hélio Euclides
Com 20.567 habitantes e 7.600 domicílios, segundo o Censo Populacional da Maré, de 2013, o Parque União tem mais moradores do que Bonsucesso. No conjunto de favelas da Maré é a que concentra mais pessoas, sendo o sétimo das 16 comunidades a nascer. A história do Parque União se mistura com a vida de muitos moradores. Na edição 39, de março de 2013, o Maré de Notícias contou a trajetória de Mironeide Rezende Beleza, que em 1980 enviou uma carta ao presidente da época, João Figueiredo, e conseguiu frear a remoção do local. Na sua fundação, em 1961, nomes são lembrados por moradores, como o advogado Margarino Torres, Geraldo dos Santos e o Cândido.
Uma dessas muitas histórias é sobre Diniz Batista dos Santos. Ele foi um dos primeiros moradores do Parque União, chegando quando o local tinha poucos barracos, e hoje a clínica da família da favela recebe o seu nome como homenagem. Filha de Diniz, Vilma Santos de Souza conta que chegou no Parque União com cinco anos, junto com outros nove irmãos. Antes, eles moravam de aluguel nas palafitas da Baixa do Sapateiro, onde o pai utilizava sobra de tábuas da obra da Avenida Brasil para fazer um chiqueiro. Com a venda dos animais, comprou uma casa na mesma favela, em parte aterrada. Depois abriu um barzinho e com o dinheiro que ganhou comprou a casa na Rua Tiradentes, no Parque União.
Como era construtor, Diniz montou um armazém e assim foi um dos pioneiros em comércios da época. “Não foi fácil criar 11 filhos, por isso meu pai e minha mãe, Josefa Silva dos Santos, são heróis, como os vizinhos, por superar tantas dificuldades daqueles anos”, comenta. Ela destaca que o pai achava primordial ficar informado sobre política, dessa forma gostava de ler jornais e ver telejornais.
Ao voltar no tempo e lembrar de seus primeiros anos na Maré, Vilma recorda que na época não tinha muitos carros e motos, assim as crianças brincavam até tarde na rua de várias brincadeiras. “Já os adultos ficavam nas portas das casas, pois existia muita amizade. Era um período muito bom, com solidariedade e uma coletividade. Uma vizinhança de união. As celebrações eram na rua, como as festas Juninas, a Copa do Mundo, o Natal e o Réveillon”, expõe.
Além da história contada por Vilma, essa página vem ilustrada com fotos do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (NUMIM), projeto da Redes da Maré, que retrata o Parque União na época das palafitas e no início do aterramento.