Após 20 anos, CeSec retoma pesquisa ‘Elemento suspeito: racismo e abordagem policial no Rio de Janeiro’

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Por Redação, em 18/05/2021 às 8h

Após duas décadas do primeiro levantamento, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, CESeC, lança amanhã, quinta-feira (20), a reedição da pesquisa Elemento Suspeito: racismo e abordagem policial no Rio de Janeiro, trazendo novas perspectivas conceituais sobre as relações entre o policiamento e racismo. A publicação é feita na semana em que a morte do menino João Pedro completa um ano e às vésperas do aniversário de morte do americano George Floyd.

A edição que será disponibilizada é a primeira de uma série e ainda não traz novos dados quantitativos, sendo divulgado nos próximos panoramas a realidade atual dos números do Rio. O boletim lança perspectivas conceituais que animam o projeto empírico atual, quase 20 anos depois da primeira pesquisa realizada entre 2003 e 2005. O objetivo é entender o que mudou nessas duas décadas.

No trabalho publicado no passado, a palavra racismo não estava no título da pesquisa que chamava “Elemento suspeito, abordagem policial e discriminação na cidade do Rio de Janeiro”. Na primeira edição, aproximadamente 55% dos entrevistados que haviam sido parados pela polícia alguma vez se autodeclaravam pretos. Durante as abordagens, as revistas corporais ocorriam em 77% das pessoas paradas a pé na rua e em apenas 20% dos parados em carros particulares.

Os pesquisadores do novo levantamento são negros envolvidos com as temáticas raciais e um conselho foi criado para ajudar a compreender, articular e analisar em profundidade os resultados dos levantamentos. O grupo é formado por Cecília Olliveira, Daniella Magalhães, Joel Costa, Jota Marques, Marcelle Decothé, Monica Cunha, Rachel Barros, Thiago Nascimento, Thuane Nascimento e Wesley Teixeira.

Para Silvia Ramos, coordenadora da pesquisa, a realidade vem se mostrando mais severa e justifica uma atualização do estudo. “Em 2003, coordenei, junto com Leonarda Musumeci, uma pesquisa pioneira no CESeC sobre abordagem policial no Rio de Janeiro. Um dos policiais entrevistados disse: “como os policiais dizem pelo rádio da viatura, ‘o abordado é sempre o elemento suspeito cor padrão’’, conta.  

A pesquisa pretende conhecer a incidência de abordagens policiais nas ruas da cidade do Rio de Janeiro nos diferentes grupos geracionais, raciais e territoriais; a qualidade dessas interações e as opiniões de diferentes setores da população sobre a polícia.

Sobre o Cesec

O Centro de Estudos de Segurança e Cidadania é uma das primeiras instituições dedicadas aos estudos da segurança pública. Fundado em 2000 na Universidade Candido Mendes, tem como principal objetivo a realização de pesquisas inovadoras e outros tipos de projetos que alimentem o debate público e contribuam para promover os direitos humanos no sistema de justiça criminal do país.

Vários dos projetos empreendidos abordaram a temática do racismo, mas até o momento ela não havia se tornado central nas nossas pesquisas, nem nas nossas reflexões sobre o funcionamento interno do Centro. 

Entendendo que o racismo estrutural é o principal motor da reprodução da violência, da desigualdade e da discriminação na sociedade e no sistema de justiça criminal brasileiro, assumimos o compromisso de transformar a luta antirracista numa prioridade da atuação e da produção intelectual do CESeC.

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