Iniciativa é feita com objetivo de informar cidadão sobre disponibilização de doses e quadro de imunização
Por Edu Carvalho, em 20/05/2021 às 7h
Foi assistindo ao noticiário uma senhora que visitava postos de saúde para saber onde tinha imunizantes contra o coronavírus, que o carioca Marcos Bonfim, formado em estatística e graduado em ciência da computação, resolveu partir para ação. Com intuito de mitigar a falta de informação sobre o período, criou a plataforma Onde Tem Vacina, que compila dados e análises sobre a vacinação no Brasil, além de informar, por geolocalização, os postos válidos para imunização.
A mobilização, que contou com auxílio de dois amigos, utiliza dados abertos sobre registros de vacinação, publicados diariamente pelo Ministério da Saúde, e já registra mais de cinco mil usuários, espalhados em 550 cidades do país.
Os perfis nas redes sociais vêm crescendo nas últimas semanas, com ajuda de publicações de seguidores. ‘’Manter esta plataforma no ar tem um custo importante que está diretamente relacionado ao número de usuários. Meu objetivo de implementar a ideia e provar o conceito já foi alcançado’’. Ao mesmo tempo, vê com certo pesar a realização do projeto, que para ele, seria melhor se feito através do Governo Federal e em tempo real.
Na lacuna de ação política, Marcos acredita que a responsabilidade deve ser da sociedade civil, justamente para organizar e colocar recursos próprios para que o processo siga. ‘’É preciso entender tecnicamente o que está acontecendo com os dados’’.
Ao criar a iniciativa, se deu conta da importância da divulgação de informações hoje necessárias a toda a população, sobretudo as relacionadas à vacinação para a covid-19, que enfrenta onda de notícias falsas e desinformação.‘’Comecei a pesquisar e vi que, mesmo em uma grande cidade, as informações são desencontradas. Mais difícil, ou quase impossível, é saber quais postos “tem vacina”, se a fila está grande, qual o grupo que está sendo vacinado’’, conta.
O conceito da plataforma é inspirado em exemplos como Waze, que indica as melhores rotas e onde existe acidente nas vias e também a Lei Seca, que informa onde há blitz. Cada usuário pode cadastrar um ‘posto volante’ em sua cidade, colocando apenas o endereço e o nome, não sendo permitido criar mais de dois pontos em um raio de 500 metros.
Também é possível introduzir o status da vacinação e demais informações sobre o posto (tipo de vacina, dose, grupos, fila). Segundo o criador, o sistema consegue controlar que a mesma pessoa não faça múltiplas entradas.
Como diferencial, o painel traz uma análise granular, a nível de cidade, bairro, CEP e posto. É possível saber, por exemplo, sobre o histórico de vacinas da Pfizer em Madureira, no Rio de Janeiro. ‘’Isso é possível graças à tecnologia que usamos e a capacidade dos recursos em nuvem. Usamos os dados públicos para disponibilizar uma ferramenta de busca georreferenciada por sites que estejam efetivamente vacinando e por isso precisamos da capacidade de processamento que temos. O painel é um extra que tem ajudado a dar credibilidade ao projeto’’.
Já tendo recebido a primeira dose da vacina, Marcos ressalta que a ferramenta é um ponto de apoio para planejamento e distribuição dos imunizantes. ‘’Se a população da Maré, por exemplo, se organizar e informar se tem vacina ou não tem vacina nos postos das comunidades, o governo pode usar essa informação. Todos estão trabalhando às escuras e a população pode ajudar como “fiscais da vacina”, resume.