Apoio familiar ganha ainda mais importância para participação em competições esportivas mundo afora
Por Edu Carvalho, em Maré de Notícias – Impresso – Edição #139 Editado por Tamyres Matos
Falta de acesso, estrutura ou oportunidade: esses são alguns dos obstáculos que marcam, nas periferias do país, a vida de crianças e jovens que sonham transformar suas trajetórias através do esporte. Para que eles alcancem sempre o primeiro lugar (na vida ou nas competições), suas famílias se empenham em arrecadar dinheiro para que seus atletas possam competir tem torneios aqui e no exterior.
É o caso de Kauan Barboza, que iniciou sua história no jiu-jítsu aos sete anos, incentivado pela mãe, Marcela Barboza, apesar das adversidades. “A rotina dele é puxada: escola pela manhã, explicadora à tarde, treino de jiu-jítsu de segunda a sábado, além de funcional e natação. Ele é muito esforçado e tem consciência, por isso se dedica ao máximo em cada atividade”, resume a mãe, orgulhosa.
Marcela expressa o pesar por tanta energia gasta por conta da ausência de políticas públicas que ajudem aqueles que representam o país no esporte. “Tudo é pago: a inscrição nos eventos e mais transporte, estadia, alimentação”, diz ela, reiterando que o projeto que Kauan integra é símbolo de resistência no Parque União. Recentemente, para a participação de um campeonato internacional em Abu Dhabi (Emirados Árabes), foi feita uma “vaquinha” para financiar a ida de 31 atletas. Por fora, Kauan e sua mãe promoveram uma rifa, cujo prêmio era R$ 300.
Quem partilha da mesma correria é Priscilla Moreno, mãe da jovem Lorrane da Silva, também uma lutadora de jiu-jitsu desde 2018. “Mesmo morando em favela, ensinei minha filha a batalhar pelos objetivos dela, e que nada a impedisse.”
Lorrane conta: “Sempre senti vontade de treinar, mas ninguém me levava. Depois que visitei o centro de treinamento, me apaixonei pela luta e disse que era aquilo que eu queria fazer. Foi paixão à primeira vista, nunca mais sai.” Além da ajuda da mãe, para o custeio da sua vida de atleta a jovem faz bolos de chocolate para vender e passa rifas com kits de churrascos e cestas.
Para ela, participar de um evento internacional de renome é, além de um grande aprendizado como atleta, amostra de sua própria potência dentro de sua trajetória pessoal. “O jiu-jítsu mudou minha vida nos últimos quatro anos. O projeto social do qual participo é muito rígido: exige respeito aos pais, ajuda em casa… É algo que me mudou bastante.”
O caminho percorrido por Lucas Santana não é diferente: ele começou a lutar aos 11 anos, e já carimbou seu passaporte para representar sua equipe na Califórnia. “Isso só foi possível com a ajuda de amigos e familiares, que fizeram uma vaquinha e compraram rifas e doces”, resume Jacilda Santana, mãe do jovem de recém completados 17 anos. Lucas, que é faixa azul, já dá seus primeiros passos como instrutor, auxiliando o mestre e os professores com as crianças menores de seis anos. “Não consigo mais imaginar minha vida sem isso: me sinto tão bem treinando e competindo. Eu vivo, respiro o jiu-jítsu. Ele já faz parte de mim.”
Para ajudar nas vaquinhas:
Para colaborar na vaquinha de Lucas Santana, basta acessar: https://www.vakinha.com.br/2857660
Para colaborar na vaquinha de Kauan Barboza, basta acessar: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-um-atleta-realizar-seu-sonho-de-lutar-fora-do-brasil?utm_source=indicacao&utm_medium=ajude-um-atleta-realizar-seu-sonho-de-lutar-fora-do-brasil&utm_campaign=4303828
Para colaborar na vaquinha de Lorrane Silva, basta acessar: https://www.vakinha.com.br/2858384